3 livros para entender a história dos condomínios de São Paulo
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Para entender melhor as características do mercado imobiliário brasileiro, não basta entender de economia ou atendimento ao público. É preciso entender também um pouco de arquitetura e urbanismo. E uma forma de compreender a relação desses elementos com o imobiliário é apostar em leituras especializadas na área.
Por isso, fizemos uma lista com três sugestões de livros para conhecer a história dos condomínios de São Paulo. Afinal, não é à toa que a maioria das referências sobre o assunto trata da capital paulista – sendo a maior metrópole brasileira, a cidade sempre tem grande influência sobre o que acontece nos demais centros urbanos do país. Confira:
“Prédios de São Paulo” – Matteo Gavazzi, Milena Leonel, Emiliano Hagge (2015)
A publicação nasceu como hobby do italiano Matteo Gavazzi, que mora há mais de dez anos no Brasil e sempre estranhou a prática de demolição de prédios antigos em São Paulo, ainda mais devido à sua formação como designer e seu interesse pela arquitetura. O trabalho de levantamento de referências fotográficas, históricas e arquitetônicas começou na internet em 2014 e se tornou livro no ano seguinte.
Com fotos de Milena Leonel e Emiliano Hagge, o livro retrata 42 edifícios emblemáticos da capital paulista, a partir de 1924, e foi viabilizado por financiamento coletivo. A obra fez tanto sucesso que, desde então, já ganhou dois outros volumes, em 2016 e 2017, também publicados por meio de financiamento coletivo.
A publicação também inspirou iniciativas semelhantes, como “Prédios de Curitiba” e “Prédios de Salvador”, lançados por outros grupos. Já em 2019, Matteo, Milena e Emiliano, somados a Carolina Mossin e outros colaboradores, começaram a elaborar o projeto de “Prédios do Brasil”, que deve ser lançado neste ano.
“São Paulo nas alturas” – Raul Juste Lores (2017)
Em livro publicado em 2017, Raul Juste Lores aborda o “milagre arquitetônico nos anos 50”. Na obra, o jornalista da Veja São Paulo, que estudou urbanismo e inovação digital na Fundação Eisenhower, aborda as relações dos prédios mais icônicos de São Paulo com a cidade, mostrando como conciliar arquitetura e mercado imobiliário para melhorar a qualidade de vida do paulistano.
A obra tem como foco os edifícios construídos nas décadas de 1950 e 1960, os preferidos de Raul. Para isso, ele realizou nada menos do que 200 entrevistas, além de ler cerca de 80 teses e livros. Com isso, o jornalista mostra como nomes como Oscar Niemeyer e David Libeskind revolucionaram a paisagem urbana paulistana, com edifícios como o Copan e o Conjunto Nacional, respectivamente.
A publicação, entretanto, também dá visibilidade a muitos outros arquitetos criativos da época, que foram esquecidos pela academia. O livro serve, ainda, como guia turístico de São Paulo, com diversas sugestões de rotas para quem é apaixonado por arquitetura percorrer na capital paulista.
“Artacho Jurado – Arquitetura proibida” – Ruy Eduardo Debs Franco (2008)
Neste livro, Ruy Eduardo Debs Franco resgata a trajetória, as obras e o legado de Artacho Jurado, que ganhou destaque nas décadas de 40 e 50. Com edificações ricas em cores, miscelâneas de estilos e exagerados elementos decorativos, entre outras características inovadoras para a época, o empresário do ramo imobiliário fez história na cidade de São Paulo (e também alguns projetos em Santos).
A obra ainda mostra como Jurado revolucionou o conceito de área comum dos edifícios, além de ter sido um dos primeiros empresários a conciliar boa localização, conforto, espaço e baixo preço em seus empreendimentos. Apesar de ter sofrido preconceito dos arquitetos da época – sem diploma, ele nunca pôde assinar os projetos que criou – e de suas criações serem consideradas de mau gosto por seus pares, os edifícios de Jurado agradaram a classe média ascendente da época e sobrevivem até os dias de hoje.
O livro, publicado em 2008, está esgotado nas livrarias e é produto raro nos sebos, mas agora está disponível para download. A obra de Ruy Eduardo também serviu de base para um documentário que conta a trajetória deste, que é um dos personagens mais controversos e polêmicos da arquitetura paulista e brasileira. O filme, de 2014, foi desenvolvido pela Fundação Gilberto Salvador, em parceria de fomento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP).
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