Uma casa verde amarela entre a Caixa e o MDR
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De um lado, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. De outro, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Ao centro, Jair Bolsonaro. A cena ocorreu durante a live do presidente, na última quinta-feira, e reflete como anda a política de habitação do governo, tema da transmissão por cerca de 3 minutos.
Casa Verde Amarela. Este deve ser o nome do sucessor do Minha Casa Minha Vida que, segundo o ministro Marinho, deve ser lançado em duas semanas. Ele adiantou uma mudança importante no direcionamento do programa, que é o estímulo à regularização fundiária. Em apoio aos municípios, seriam realizadas pequenas reformas habitacionais para legalizar as cerca de 11 milhões de unidades que não têm escritura pública. O programa também deve prever recursos para a reforma de imóveis e juros ainda mais baixos. Este último seria justamente o ponto de conflito entre Caixa e MDR.
Segundo O Globo, nos últimos meses o lançamento do programa vem sendo adiado por divergências entre o banco e a pasta. Isso pois a proposta do ministério inclui reduzir não apenas os juros do financiamento habitacional para as faixas iniciais do programa, como também a própria taxa de administração da Caixa.
Caixa que, desde o início da pandemia, vem lançando uma série de medidas para estimular o mercado imobiliário e ampliar sua participação na renda média, que mais do que dobrou. Entre as novidades de julho, o banco está facilitando o acesso ao crédito para construtoras, com a flexibilização da exigência de venda das unidades de 30% para 15% em novos empreendimentos. Já para pessoas físicas, a Caixa passou a incorporar os custos com cartório e ITBI no financiamento de imóvel, além de adotar o registro eletrônico dos contratos.
No começo da pandemia, também havia sido lançada a medida que adia parcelas de financiamentos. Mas os beneficiários da faixa 1 do MCMV não estão incluídos. Pessoas com renda mensal até R$ 1,8 mil continuam sendo cobradas, mesmo que tenham sofrido redução de renda. A Caixa jogou a bola para o MDR, afirmando que está cumprindo determinações da pasta. Já o MDR espalmou para o Ministério da Economia, afirmando que não há respaldo legal para a pausa nos pagamentos do programa – e que seria necessário um crédito adicional para isso.
Incorporadoras
Um terço das incorporadoras deve adiar lançamentos por 120 dias. 27% não tem previsão para início das obras, enquanto 23% pretendem manter seus calendários para o último quadrimestre do ano. Estes dados são de um levantamento da Brain com a CBIC.
Em São Paulo, os lançamentos de novos empreendimentos devem cair entre 30% e 35%, segundo Claudio Hermolin, presidente da Brasil Brokers e vice-presidente de intermediação imobiliária do Secovi-SP. Em entrevista para o Estadão, analisou que os projetos estão encaminhados, mas sobra desconfiança: “Hoje os incorporadores estão olhando a água fria e se perguntando quem será o primeiro a mergulhar”.
O Valor fez um levantamento dos lançamentos das principais construtoras listadas na bolsa. Na Cyrela, a marca Living (média renda) deu início à pré-venda de um empreendimento na capital paulista. Já a Mitre Realty abriu três plantões de venda, com foco na classe média e médio-alto padrão. Se as vendas forem bem, a incorporadora deve realizar um lançamento em julho. A Eztec tem três lançamentos em vista: dois no alto padrão e um MCMV. A Melnick Even está seguindo com as atividades operacionais, mas sem lançamentos marcados no calendário.
Apesar de todos os pesares, a confiança da construção civil está aumentando, segundo a FGV. Avançou 9,1 pontos, chegando a 77,1 pontos. E o Jornal Nacional de ontem destacou indicadores do setor como sinais de melhora da economia. “Até março, a gente já tinha detectado 26,7% de crescimento nas vendas. Imaginamos que com a pandemia fosse cair, mas, no entanto, a reação tem sido melhor do que a gente imaginava”, afirmou em entrevista o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Imobiliárias
A “aceleração do futuro” segue no mercado imobiliário. A lista de processos e ferramentas digitai que têm sido implementadas neste período é vasta, inclui contratos eletrônicos, aprovação de crédito de maneira digital e tour virtual com fotos e vídeos em 360º, entre outras. Em artigo escrito para o Imobi, Pedro Fernandes, CEO da Beiramar Imóveis, conta a experiência da imobiliária nesse processo de digitalização.
Os resultados positivos dessa readequação já estão sendo sentidos, principalmente no que se refere ao crescimento nas vendas de imóveis. Pesquisa aponta que, das pessoas que pensavam em adquirir imóvel, 22% efetivaram a compra em junho, resultado a março e abril, meses iniciais da pandemia.
Mudanças de hábitos estão por trás das mudanças tecnológicas. A imprensa segue repercutindo o comportamento das pessoas e suas casas desde o início da pandemia. O UOL mostra que paulistanos estão trocando a capital por moradias no litoral e no interior. Já a Veja conta como condomínios que oferecem serviços característicos dos resorts também estão sendo mais procurados.
Mais espaço. De acordo com levantamento do Grupo ZAP, 44% dos consumidores preferem comprar casa em vez de apartamento. E, mesmo se a escolha for por um apê, ele tem de ser amplo. Já segundo o Imoveweb, a procura por terrenos cresceu 202% em junho, ante ao mesmo mês de 2019.
Mas para o CEO da Vitacon, Alexandre Frankel, esse movimento deve ser temporário. Ele disse em entrevista para O Globo: “Todo mundo sempre quer mais espaço. Mas as pessoas compram o que cabe no bolso. Só se fala em home office, em morar no interior. Mas o dentista vai poder morar na praia? Não sabemos se haverá novas ondas de contágio. Acho que o chamado ‘novo normal’ é passageiro e as pessoas vão voltar a socializar. Por isso a flexibilidade no consumo de moradia é tão importante. Nenhuma solução é definitiva e perene. A próxima fronteira de moradia não está ligada a produto nem tamanho, mas à forma de consumir”
Boa parte da população sequer pode escolher. Só em São Paulo, o Tribunal de Justiça do Estado registrou 4.018 ações de despejo liminar protocolados nos dois primeiros meses de pandemia, o que representa uma nova ação com pedido de despejo a cada 22 minutos.
Alguns negócios também estão em standby por causa da pandemia, causando apreensão aos clientes. Este é o caso de uma professora, entrevistada pela Folha de S. Paulo, que pretendia comprar um imóvel cujo atual dono está na Itália e não pode vir ao Brasil para concluir o negócio. Com isso, ela ainda perdeu a isenção de pagamento de imposto sobre a diferença entre o valor que pagou e o recebido na venda.
São várias as mudanças em curso. E boa parte delas vêm sendo discutidas em lives e eventos online. Para te ajudar a se programar, o Imobi organiza uma agenda com os principais deles. Confira a agenda de julho.
Techs
Em meio a tantas informações contraditórias que rolam nas redes sociais, como identificar o que é verdade e o que é fake news? Nem mesmo o mercado imobiliário escapa das consequências das notícias falsas. Por isso, é preciso ter cuidado e entender todo esse processo, inclusive o movimento Sleeping Giants, que foi tema de matéria do portal Imobi nesta semana.
Também no Imobi, trazemos um tutorial para fazer… tutoriais. Sabemos que muitos clientes preferem pagar as contas no banco e, especialmente no interior, há aquele tradicional proprietário que faz questão de buscar o cheque na imobiliária… Com o isolamento social, ajudar clientes a se adaptarem ao mundo digital é fundamental. Entre as dicas, trazemos recomendações de plataformas para gravar a tela do celular e do computador, além de sites para fazer apresentações gratuitas.
Tem unicórnio imobiliário se recuperando da crise da pandemia já. Em junho, a Loft teve seu melhor resultado de vendas deste ano, 8% superior ao de março, até então o melhor mês de 2020 para a empresa.
Mundo
Apesar de várias boas notícias, muitos corretores continuam cautelosos, especialmente nos Estados Unidos. Isso porque compradores estão tomando péssimas decisões, com um comportamento que lembra muito o que aconteceu no período que antecedeu o colapso do mercado imobiliário de 2008. Em Nova York, por exemplo, a situação não é das mais animadoras. O número de vendas fechadas no segundo trimestre caiu 54% em relação ao mesmo período do ano passado, a maior queda em pelo menos 30 anos.
Por falar no mercado americano, uma agência criada por brasileiros em Miami tem sido uma das principais aliadas do setor por lá. Especializada em desenvolver campanhas para o mercado imobiliário, de arquitetura e urbanismo, a Elephant Skin oferece serviços de realidade virtual e outros, para clientes de Miami, Nova York e Los Angeles, além de São Paulo e Vancouver (Canadá).
Em Nova York, a tendência de compra segue por caminho contrário do que está sendo observado em outras regiões do mundo. Em vez de casas maiores e afastadas, os compradores querem apartamentos compactos em bairros vibrantes. Isso tem acontecido em outras metrópoles também, como Paris e Londres. Com isso, os chamados “granny flats” (pequenos chalés ou imóveis em cima de garagens, os “apartamentos para avós”) também estão ganhando popularidade.
O mercado de luxo em Londres também merece destaque. Pesquisa mostra que os compradores que procuravam casas avaliadas em mais de 3 milhões de libras aumentou em 53%, na comparação com a média de cinco anos atrás para essa época do ano. Em reais, isso daria cerca de R$ 20 milhões.
No Japão, a adesão ao home office tem aumentado a vacância de escritórios. Até as grandes empresas japonesas, como Panasonic, Mitsubishi e Hitachi estão mais flexíveis em relação ao trabalho remoto e avaliam a possibilidade de reduzir o espaço de seus escritórios, adotando o home office mesmo após a pandemia.
Estamos de olho
Na pandemia, mais uma solução foi agregada aos condomínios: além da piscina, academia, salão de festas, espaço gourmet, etc e tal, agora cada vez mais condomínios disponibilizam áreas para minimercados. Em São Paulo, a rede Hirota já disponibiliza a opção de pequenos mercados em contêineres em dois condomínios.
O que é qualidade de vida para você? É com essa pergunta que Elisa Tawil abre sua coluna no Imobi. Elisa trata sobre êxodo urbano, sobre a busca por Suburbia, a cidade ideal e do futuro, com equilíbrio, qualidade de vida e reconexão com a natureza. Para ler, acesse aqui.
Na última terça-feira, quem acessou o Google pode ver uma homenagem a Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Tebas, arquiteto negro do período do Brasil Colonial. Ex-escravo e alforriado 110 anos antes da abolição, suas principais obras são cartões postais de São Paulo capital, como a torre antiga da Igreja Matriz da Sé e as fachadas das igrejas do Mosteiro de São Bento. O caderno Ecoa, do UOL, apresenta mais sobre seu trabalho e sua história.
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