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Igualdade de gênero caminha lentamente no imobiliário

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Imobi Report reúne ações que destacam o crescimento da força feminina dentro do ecossistema imobiliário. 

Ao mesmo tempo, mostra que ainda há um caminho para que a completa igualdade de tratamento entre os gêneros dentro do segmento seja finalmente atingida. 

Conforme estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), feito com cerca de 13 mil empresas em 70 países, as companhias com diversidade de gênero, especialmente ao nível sênior, têm um melhor desempenho e aumentos significativos dos lucros. 

Segundo a IOT, o ideal para as companhias seria ter, no mínimo, 30% dos cargos de gestão comandados por mulheres. Porém, 60% das corporações no mundo não atingem essa meta mínima.

De acordo com a empresa global de auditoria, consultoria e tributos Grant Thornton, 38% dos cargos gerenciais nas empresas eram ocupados por mulheres em 2022, uma pequena queda na comparação ao ano anterior, quando o percentual era de 39%. 

Confira algumas iniciativas de empresas que buscam mudar essa realidade e reforçam a inclusão da força feminina dentro do mercado imobiliário. 

A primeira turma de pedreiras de manutenção

Dentro do conceito de que as mulheres podem ocupar a área que bem entenderem, incluindo aquelas que, no passado, eram dominadas só pelos homens, a construção civil evoluiu bastante nos últimos anos. Além de engenheiras, há mulheres trabalhando como pedreiras de manutenção, que desenvolvem atividades como assentamento de piso, rejuntamento, trabalhos hidráulicos e elétricos, pintura, entre outros. 

A Cury, uma das maiores construtoras do país, com empreendimentos em 30 cidades, se juntou à ONG Mulher em Construção, que busca incluir a mulher periférica no mercado de trabalho da construção civil, e criou o programa “Elas no DAT”, que visa trazer mais força feminina para os serviços de pós-entrega das unidades da empresa.

Uma dessas mulheres é Jurema Freitas Alves, 65 anos, mãe de 7 filhos e 5 netos. Ela ficou com receio de não conseguir entrar no programa, por conta do etarismo no mercado. “Minha vontade sempre foi de conhecer mais sobre essa área, e quando soube da oportunidade, meu medo era não me aceitarem pela minha idade. Mas entrei no curso, me capacitei e hoje trabalho com isso. Então abracei e quero ainda passar para outras pessoas todo esse conhecimento que adquiri”.

A Cury afirma ser a primeira construtora a adotar o projeto e a formar mulheres pedreiras de manutenção assistentes técnicas na construção civil: “As mulheres têm um cuidado maior e destreza no atendimento ao cliente. Nossa primeira turma formada atua em seis empreendimentos aqui de São Paulo, mas a ideia é ampliar essa equipe feminina do DAT, e multiplicar essa atuação para outros empreendimentos”, comenta Luiz Gustavo Benguigui, gerente de Qualidade e Assistência Técnica da Cury.

Igualdade de gênero em cargos de liderança 

Apesar de iniciativas como a da Cury, as mulheres ainda são minoria nos postos de trabalho do setor de construção civil. Atualmente, são 86,3% de homens e 13,6% de mulheres registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). 

Mas há empresas que desafiam essa proporção. A HM Engenharia, construtora que atua com empreendimentos completos e está presente em mais de 120 cidades do Estado de São Paulo, possui hoje 887 funcionários próprios. Destes, 34% são mulheres, porcentagem bem acima da média do setor. 

Quando se fala dos cargos de gestão – coordenadores, gerentes, diretores, presidente e conselho -, o número é ainda mais expressivo: 47% são do gênero feminino, segundo a empresa.

A HM informou que pratica a equidade nas práticas de remuneração e benefícios para homens e mulheres, licença maternidade e paternidade estendida, programa de gestantes e campanhas de conscientização sobre Outubro Rosa e Agosto Lilás.

“A diversidade de gênero nas empresas, especialmente em cargos de liderança, deve ser sempre incentivada e explorada. Uma equipe diversa supera os índices de performance no mercado e institutos de pesquisa já comprovaram que a parcela feminina de liderança atua com medidas mais consistentes, trazendo o bem-estar das suas equipes, gerando pertencimento e ampliando a colaboração”, afirma Jordana Albuquerque, diretora de Gente e Gestão da HM Engenharia. 

Outro exemplo de empresa do segmento com forte presença feminina é a Ekko Group, incorporadora líder no segmento de médio e alto padrão da região Metropolitana de São Paulo. Entre os cargos de liderança, 42% são ocupados por mulheres, entre elas a vice-presidente de Incorporação, Laryssa Burgos; a CMO, Ingrid Dias; a diretora de Incorporação, Ana Paula Cincea, a diretora do Jurídico, Mariana Soares; a diretora de Controladoria, Nadia Nolasco; e a diretora de Transformação, Juliana Baldim. 

Outro bom exemplo é a Juntos Somos Mais, startup de tecnologia fruto de uma joint venture entre Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre e criadora do maior ecossistema de construção civil do país, que desde setembro de 2022 é comandada por uma mulher, Juliana Carsoni. 

Capacitação constante: desafio para mulheres no imobiliário

No escritório da construtora e incorporadora MPD Engenharia, as mulheres já correspondem a 60% da força de trabalho – no quadro geral da empresa, elas são 23% do total de funcionários. A empresa desenvolve projetos de capacitação para colocar novas profissionais qualificadas no mercado, como um curso de pintura e textura com foco na construção civil para o público feminino e o Programa Fábrica de Talentos, iniciativa que tem viabilizado a contratação de mulheres estudantes de engenharia nos canteiros de obras.

“Quando comecei minha carreira, o ambiente possuía grandes desigualdades. Para chegar aos mesmos cargos que outros colegas, precisava sempre provar a minha competência e minha aptidão em resistir às situações de maior pressão, que são comuns e necessárias em cargos de liderança de grandes empresas. Com o tempo e muita persistência, ganhei meu espaço, assim como outras mulheres nessa área”, reforça a diretora de obras da MPD, Marcia Kodaira, ao abordar suas conquistas ao longo da carreira. 

Nos condomínios, as diferenças entre síndicas e síndicos 

Porém, a realidade bate à porta quando olhamos para os números de forma mais abrangente. No mercado condominial brasileiro, ainda existem diferenças por gênero ao compararmos os perfis dos responsáveis pela gestão dos condomínios.

Conforme pesquisa pelo primeiro banco exclusivo para condomínios CondoConta, uma das principais diferenças está no motivo da escolha da função. Enquanto elas afirmam que exercem a função de síndica principalmente por terem uma formação específica (26%), os homens apontam como principal motivo a vocação (26%).

Mesmo se preparando mais para exercer a função (66% das síndicas têm alguma formação específica, contra 49% dos síndicos), chama a atenção na pesquisa o fato de que 29% delas afirmam não serem remuneradas pela função, enquanto apenas 18% dos homens não são remunerados.

As síndicas também se interessam mais em se aprofundar na função com outras formações (90%, frente a 84% entre os síndicos).

 As diferenças também estão nos principais desafios enfrentados por quem ocupa a função. As três principais dificuldades apontadas pelas mulheres são postura dos condôminos, conflitos entre os moradores e contorno de objeções. Entre os síndicos, permanece em primeiro lugar o desafio da postura dos condôminos, seguido pela comunicação e barulho em geral. A comunicação, 2º principal desafio para eles, está em 8º para elas, o que sugere uma facilidade das síndicas na troca de informações com os condôminos.

Sobre a relação entre os condôminos, chama atenção que nenhum síndico avaliou como muito tensa a relação entre os condôminos, enquanto 3% das síndicas afirmaram relações muito tensas entre os moradores. 

Outra diferença é que 21% delas reconheceu um relacionamento cordial entre os condôminos, número que chega a 38% na avaliação dos síndicos. Além disso, 84% das síndicas afirmam haver problemas de relacionamento no condomínio, número que cai 10% entre os síndicos. 

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