Imóveis comerciais: novas preferências acompanham o reaquecimento das locações

Observar as preferências no mercado imobiliário, de certa forma, é contemplar a evolução das cidades e o impacto das transformações econômicas, tecnológicas, comportamentais e urbanísticas. E novas tendências para imóveis comerciais refletem mudanças importantes na dinâmica dos ambientes de trabalho em diversos setores. Especialmente nos últimos cinco anos, houve uma alteração significativa nas características das salas comerciais mais visadas nos grandes centros urbanos. Se antes as plantas compartimentadas eram a regra para o imóvel comercial padrão, hoje, a demanda prioritária é por salas com plantas flexíveis, que favoreçam a fluidez, a convivência e o bem-estar no ambiente laboral. Meia década após a pandemia, as empresas enfrentam o desafio de criar espaços acolhedores para o trabalho, que possam “competir” com o conforto do home office. Muitos colaboradores se habituaram ao trabalho remoto ou híbrido e passaram a valorizar a flexibilidade, qualidade de vida e autonomia. Com isso, a obrigatoriedade do retorno total ao escritório tem enfrentado resistência psicológica, produtiva e até contratual, em vários setores. Para contornar essa resistência, várias empresas estão investindo em espaços mais atrativos, buscando reconectar os colaboradores ao ambiente físico de trabalho. E esse ambiente precisa reduzir barreiras hierárquicas, promover a interação e transmitir aconchego. O espaço funcional passou a ser um ativo estratégico de marca, cultura organizacional e retenção de talentos. A volta aos escritórios está ocorrendo de forma acelerada nos últimos anos. De acordo com o relatório Tendências em Gestão de Pessoas, do Great Place to Work (GPTW), o percentual de empresas que restabeleceram 100% do trabalho presencial passou de 40%, em 2022, para 51%, em 2024. Além de espaços adaptáveis, que permitam diferentes layouts – como open space, com móveis modulares e divisórias móveis e articuladas –, cresce a procura por imóveis comerciais com climatização, sistemas de automação predial e controle de acesso inteligente, além de ambientes aconchegantes. E os empreendimentos que oferecem recepção profissional, bicicletário, auditórios e espaços de convívio para o “cafezinho” também são cada vez mais valorizados. O contrário ocorre com os escritórios em condomínios enxutos e com estruturas simples, com pisos frios, iluminação fluorescente e pouco ou nenhum investimento em conforto térmico e acústico. Nos últimos anos, a procura por imóveis comerciais, que desacelerou na pandemia, está em recuperação. Em Curitiba, por exemplo, a Locação Sobre Oferta (LSO) – que mede a proporção de contratos assinados sobre os imóveis disponíveis – foi de 8,1% em maio de 2025. É o melhor resultado desde julho de 2024 e percentual acima da média dos últimos anos, segundo o levantamento do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar). Em resumo, o cenário para compras e locações de imóveis comerciais é animador, mas é preciso compreender que essa demanda tem novas exigências: o foco não é mais apenas metragem e localização do imóvel e sim a experiência, versatilidade e eficiência de custos.

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