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Minha casa, minha vida, meu emprego: o futuro por Jaime Lerner

Jaime Lerner é considerado um dos mais influentes urbanistas vivos.

O legado de Jaime Lerner está registrado nas ruas, nos parques e no sistema de transporte de Curitiba, cidade reconhecida justamente por seu planejamento urbano, que ele desenhou e executou como prefeito. Aos 82 anos e afastado da política há quase duas décadas, Lerner concedeu uma rara entrevista à Folha de S. Paulo, nesta semana, na qual compartilha sua visão para as cidades e as casas pós-pandemia. É matéria-prima que faz a cabeça de gerações de arquitetos e urbanistas.

Nem grande, nem menor: o futuro é a cidade bem planejada. Quando perguntado sobre o movimento de migração das grandes cidades para as cidades menores, que vem sendo observado nesta pandemia, Lerner defende que moradia, trabalho e lazer estejam juntos. Independentemente do tamanho da cidade. Ele defende que o planejamento das cidades deve ser feito por quadras, que concentrem unidades de trabalho e casas mais acessíveis, boas e baratas.

O carro é o cigarro do futuro. Lerner usa o exemplo do cigarro, “que ninguém imaginava que a gente fosse abolir”, para se referir ao lugar dos carros no futuro da cidades. Para ele, o importante não é apostar no automóvel, na performance ou na tecnologia, mas sim na relação das pessoas com a cidade. “O carro tem sido pensado de maneira errada. O erro está em não pensar a mobilidade.”

O condomínio horizontal é a anticidade. Lerner entende que os condomínios fechados afastam as pessoas da cidade e que não se deve separar as pessoas por sua renda ou função. Ao contrário, o planejamento das cidades deve favorecer a boa convivência entre vizinhos. “Tentar fazer ali uma relação de cidade com uma parte só para gente rica e outra só para gente pobre, morar aqui e trabalhar lá, não é a solução”.

A cidade para pessoas. O arquiteto e paisagista Benedito Abbud vai na mesma linha de Lerner, ao defender que as pessoas e sua relação com a cidade estejam no centro do planejamento urbano. Em entrevista exclusiva ao Imobi, ele falou sobre quais inovações devem impactar mais o urbanismo – e também o mercado imobiliário – no período pós-pandemia. 

Mundo 

Em todo o planeta, há muita gente pensando as cidades depois da Covid-19. A mudança mais drástica deve ser um novo design que contemple mais atividades e espaço ao ar livre. A cidade portuária de Baltimore, nos Estados Unidos, chegou a lançar um documento gratuito chamado “O Guia para Design de Ideias para Distanciamento”. (em inglês)

Em Londres, a cidade está se preparando para essa nova fase, expandindo sua infraestrutura para ciclismo e caminhada, com novas ciclovias e calçadas mais largas. O objetivo é aliviar a rede de transporte público, onde há mais riscos de contaminação. O mesmo acontece em Paris, que está elaborando um plano para manter os carros longe do centro da cidade, mesmo após o término das medidas de isolamento social, com mais ciclovias e linhas de ônibus. (em inglês)

Para o ex-ministro britânico Tony Blair, a Covid-19 vai realçar questões como desigualdade social, mudanças climáticas e a necessidade de crescimento sustentável. Para ele, os maiores aliados para combater as consequências negativas da pandemia são a tecnologia e a ciência. 

Incorporadoras

O Banco Central do Brasil está otimista quanto à recuperação da economia. Em live realizada na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil já observa um crescimento em formato ‘V’, após quatro meses de pandemia. Para ele, o consumo e a indústria têm mostrado desempenho favorável, possibilitando uma retomada mais rápida, apesar de os serviços ainda estarem com dificuldades. Na avaliação do BC, a atividade econômica atingiu seu menor patamar em abril e deve ter uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre do ano. Já o desemprego deve “piorar um pouco antes de melhorar”. 

Quer entender melhor o que é a chamada recuperação em V? O UOL fez um guia explicando todos os tipos possíveis de recuperação da economia no mundo pós-pandemia, inclusive os temidos modelos em W e L. 

Mas como fica o mercado imobiliário nesse contexto? O próprio presidente do BC disse que “a construção civil continua forte”. Em São Paulo, as estatísticas demonstram que é possível observar uma recuperação em ‘V’ no setor também. De acordo com o Secovi-SP, após a reabertura dos estandes, o movimento começou a subir. Há quem aposte, inclusive, que o mercado imobiliário vai facilitar a recuperação econômica brasileira

A força do mercado imobiliário na última década. De acordo com a Abrainc, o investimento em imóveis rendeu, em média, 15,3% ao ano entre 2009 e 2019. A soma considera tanto o retorno médio do aluguel, de 5,9% ao ano, como a valorização dos imóveis, de 9,4% ao ano. 

E os bons negócios continuam mesmo em meio à pandemia. A Tenda, por exemplo, registrou R$ 576,4 milhões de vendas líquidas no segundo trimestre deste ano – as vendas brutas somaram R$ 689,2 milhões. Ao todo, foram comercializadas 4.946 unidades no período. Com isso, a incorporadora teve crescimento de 20,1% nas vendas líquidas e 28,4% nas vendas brutas em comparação com o mesmo período do ano passado, um recorde para a empresa

E aproveitando os descontos no mercado, há jovens comprando o primeiro imóvel. O Estadão traz exemplo de dois personagens que, com seus 20 e tantos anos, optaram por comprar um imóvel ao invés de ficar no aluguel.

O mercado imobiliário também é considerado a bola da vez nos investimentos. Baixas taxas de juros, opções mais atrativas de financiamento e prestações abundantes, além do aquecimento no mercado devido às condições de isolamento social, fizeram com que o mês de junho fosse marcado pelo otimismo no setor

Uma opção que circulou na imprensa é investir em imóveis de temporada. De acordo com dados do site AlugueTemporada, o mercado brasileiro movimenta mais de R$ 1,2 bilhão anualmente com esse tipo de imóvel. Este pode se tornar um novo negócio para imobiliárias e proprietários, ainda mais agora que há um incentivo maior pelo turismo nacional, no período pós-pandemia. 

Independente de investir em imóveis de temporada ou nos grandes centros, os critérios para escolha são os mesmos e devem contemplar cinco seguintes características principais, de acordo com especialistas. São eles: boa localização; projeto inteligente; acabamentos de qualidade; garagem espaçosa e bem posicionada; e condomínio seguro e funcional. 

Os fundos imobiliários também estão passando por uma valorização. Entre os fundos mais recomendados para investimento no momento, segundo especialistas, estão aqueles que são considerados mais defensivos, como osde lajes corporativas, galpões logísticos, fundos de fundos (FOFs) e fundos de papel. Há quem diga que os fundos imobiliários podem captar até R$ 30 bilhões em 2020. 

Por outro lado, uma notícia tem preocupado alguns fundos. Trata-se do pedido de revisão de aluguel pelo Santander. O banco foi à Justiça para pedir a redução do aluguel de 28 agências pertencentes à carteira da Rio Bravo Investimentos. A ação gerou indignação em diversas gestoras de fundos imobiliários, que acreditam que o caso pode trazer insegurança ao setor. 

O preço dos imóveis ainda pode subir, no período pós-pandemia, após a euforia da Selic baixa. Isso porque matérias-prima como aço e cimento, essenciais para a construção civil, subiram de preço.

Incorporadoras seguem com sua programação de lançamentos, mesmo durante a pandemia. Em Curitiba, a novidade é a revitalização do icônico edifício Miguel Calluf, na Praça Tiradentes. Depois de cerca de 20 anos inativo, o prédio será inteiro reformado pela VR Investimentos, para abrigar 144 unidades, que terão formatos flexíveis e serão administradas pela startup Housi

No Rio de Janeiro, a última casa na orla de Leblon foi adquirida pela Gafisa, que irá construir um empreendimento de alto padrão no local. Com entrega prevista para 2024, o projeto terá unidades a partir de R$ 12 milhões – a cobertura pode chegar a R$ 36 milhões. Não é a única mudança na icônica paisagem carioca – edifícios mais antigos e clássicos estão passando por retrofit para modernizar e valorizar estes imóveis. Aqui no Imobi, já mostramos também um pouco do projeto que ocupará outro lugar conhecido na capital: o último terreno livre na Avenida Atlântica.

Será que vender terreno para incorporadora é uma boa? O Estadão respondeu essa pergunta e a resposta contém diversas reflexões sobre o assunto. Vale a pena dar uma lida e conferir que tipo de orientações os donos de terreno têm acessado.

Imobiliárias

O GoogleAds tornou-se ferramenta ainda mais importante para as imobiliárias em meio à pandemia. No entanto, é preciso ter cautela para não cometer erros em sua utilização. Em artigo publicado no Imobi, a coordenadora de mídia da CUPOLA, Aline Pavezi, mostra os quatro erros mais comuns das imobiliárias na utilização de Google Ads e como evitá-los.

O preço do aluguel caiu 0,13% em junho, segundo o Índice FipeZap. Apesar de ser a primeira queda no índice desde novembro de 2018, é menor do que a inflação observada no período. Curitiba é a cidade com maior impacto, com redução de 1,30%.

As rescisões de contratos de locação continuam. Um levantamento da consultoria Buildings aponta que a taxa de vacância em prédios comerciais de alto padrão em São Paulo subiu para 13,58%. Ainda que o home office não se torne permanente, muitas empresas estão procurando aluguéis mais baratos.

Meu reino por um quintal: a procura por imóveis maiores com espaço externo, de médio e alto padrão, também segue como notícia na imprensa. Famílias estão aproveitando o trabalho remoto e deixando os grandes polos, optando por imóveis maiores no interior e nas regiões metropolitanas.

Bate sol na sua casa? A pergunta é tema da crônica assinada por Celso Alves, morador de um edifício tradicional, no centro de uma capital, para o Imobi

Sobre a importância da vistoria de imóveis alugados, o Imobi compartilha uma história inusitada, contada por Diego Oliveira, head de vistorias na Hauseful. Ao disponibilizar uma de suas casas para locação, a proprietária deixou de lado um detalhe importante: no quintal, havia um ítem de altíssimo valor afetivo para ela: uma árvore benzida pelo Papa João Paulo II. A árvore não constou na vistoria de entrada do imóvel e acabou sendo cortada pelos inquilinos. Os detalhes dessa história você confere no Imobi.

Techs

Nos condomínios, serviços estão sendo amplamente digitalizados. As modalidades de portaria remota e monitoramento a distância, por exemplo, cresceram 30%, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança. 

Já clientes da APSA agora têm acesso a uma grande gama de facilidades, por meio de seu aplicativo, como exercícios físicos, serviços de faxina, cuidados com o pet e serviços de beleza, entre outros. A novidade faz parte do “Comodidades para você”, que oferece benefícios exclusivos das marcas e startups DogHero, TokBeauty, Fit Anywhere, Petz e Parafuzo, para condôminos, proprietários de imóveis e locatários. 

Já imaginou uma casa feita com impressão 3D, em apenas 48 horas? Apesar de parecer loucura para muitos, essa já é uma realidade na República Tcheca, onde o escultor Michal Trpack se uniu à construtora Burinka para colocar essa ideia em prática. Com durabilidade estimada em até 100 anos, os imóveis produzidos desta forma poderão custar até 50% menos do que uma casa tradicional. 

Para conter a crise imobiliária da Califórnia, a Apple alocou mais de US$ 400 milhões dos US$ 2,5 bilhões que prometeu no ano passado para auxiliar moradores do Estado de origem da empresa. Grande parte desse montante de US$ 400 milhões foi direcionada para dois programas em que a Apple está trabalhando com a Agência de Financiamento da Habitação da Califórnia. Com isso, a empresa vai financiar a construção de 250 unidades habitacionais de baixo custo na Baía de São Francisco, que serão destinadas especialmente a moradores de rua e veteranos de guerra. 

Quando a Compass vai abrir seu capital e entrar para o mercado de ações? Artigo publicado no Inman tenta explicar por que a empresa, que é mais bem avaliada do que RE/MAX, Redfin, Realogy e eXP juntas, ainda é resistente ao IPO. (em inglês)

Estamos de olho

Movimento dos bancos. Pedro Guimarães, presidente da Caixa, afirmou que será feita uma ampliação da pausa nos pagamentos de financiamentos imobiliários. Já o Bradesco firmou parceria com a OLX para oferecer uma modalidade de financiamento de imóvel 100% digital. Neste, toda a jornada do cliente, simulação, envio da proposta e negociação será online.

Segundo a Reuters, o ministro da Economia, Paulo Guedes, está delineando uma nova medida provisória para destinar imóveis e terrenos da União em áreas centrais para empreendedores privados. Estes deverão responder com contrapartidas de políticas públicas, como infraestrutura urbana na área do imóvel, prestação de serviço de interesse público, entre outros. 

Bruno Thys, jornalista e um dos fundadores da revista Veja Rio, publicou uma análise sobre o imobiliário carioca. Nele, Bruno trata sobre como o controle da milícia por bairros inteiros a torna o maior programa habitacional do Brasil. Destacamos um trecho: “A milícia é a holding, a dona do pedaço e não necessariamente a responsável direta por todas as construções; no modelo de negócios em prática, os milicianos abrem espaço para quem quer construir em seus domínios, cobram por isso e afiançam ao interessado garantias ao longo do processo”.

A Rua Augusta, point da noite paulistana, está fantasmagórica. Com as recomendações de isolamento social, bares, baladas e restaurantes fazem parte de um grupo altamente afetado. A Folha de S. Paulo traz uma reportagem contando sobre as muitas placas de “aluga-se” e as soluções encontradas pelos empresários para manter seus negócios: uma balada que virou delivery de hambúrguer, por exemplo.

Em 2006, Maria de Lourdes Andrade de Souza, a Lia, descobriu que os moradores da sua comunidade, Vila Nova Esperança, iam ser retirados pelo Ministério do Meio Ambiente por degradar um espaço de proteção ambiental. Como resposta, Lia reuniu moradores para promover uma mudança na região que perdura até hoje. Atualmente, a Vila Nova Esperança é exemplo de modelo sustentável, com horta, cozinha coletiva e coleta seletiva de lixo. O UOL conta a história dela.

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