Certificações ambientais: qual a pegada do seu negócio?
Resumo
Elisa Tawil mostra como incorporadoras implementam boas práticas de responsabilidade social e certificações ambientais nos empreendimentos.
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As certificações ambientais de empreendimentos imobiliários não são novidade no setor. Contudo, selos certificadores como Leed, concedido pelo GBC (Green Building Council) ou Aqua-HQE, concedido pela Fundação Vanzolini, são mais comuns nos produtos com finalidade de uso comercial, como prédios de lajes corporativas de padrão AAA (triple A).
Quando pensamos em certificar prédios residenciais, a primeira barreira que empreendedores do setor podem encontrar é o custo envolvido em uma certificação. Com a evolução e amadurecimento do segmento, é preciso começar a considerar a economia gerada por prédios sustentáveis, no médio e longo prazo, no resultado dos empreendimentos para o caixa das empresas e, essencialmente, para o futuro da sociedade e do meio ambiente.
A pesquisa elaborada pelo movimento Mulheres do Imobiliário, em parceria com a PineOn (behub), identificou que selos de qualidade e certificações são fatores determinantes na compra para 21,8% das mulheres, as grandes influenciadoras na decisão de compra desses imóveis.
Gabriel Falavina Dias é Diretor de desenvolvimento imobiliário na ALTMA Incorporadora, em Curitiba-PR, e conta que a empresa já vinha apostando em sustentabilidade, mas a parceria com a Hiex (empresa do grupo Rac Engenharia e que co-incorpora o empreendimento Árten) trouxe muita influência por se tratar de uma “empresa enraizada nesse tema.”
“A decisão de apostar em medidas mitigadoras de impacto ambiental foi inicialmente uma aposta institucional, sem visar fins lucrativos no curto prazo. Na prática, o mercado nos surpreendeu com uma demanda que estava reprimida por produtos sustentáveis”, conta Dias, com exclusividade para esta coluna no Imobi Report.
Uma atitude que extrapola os limites do terreno incorporado, o empreendimento contempla a compensação integral de toda a geração de carbono durante o período de obras, algo inédito em empreendimentos residenciais no Brasil. Dias explicou que o produto será entregue com sistema de placas fotovoltaicas já instaladas, recirculação de água quente para evitar desperdício nos chuveiros, isolamento térmico garantindo um menor uso de climatizadores, reuso de água nas bacias, dashboard de monitoramento de consumo nos elevadores, uma parceria inédita com a Uber incentivando a mobilidade urbana, entre outras medidas que qualificaram o Árten como um Procel Edifica nível A e garantiram o prêmio de empreendimento sustentável do ano pela Ademi-PR.
Quando bem aplicados, os impactos de um projeto sustentável também geram economia para o condomínio e seus proprietários, trazendo mudanças de comportamento capazes de melhorar o entorno, como o incentivo ao transporte coletivo ou ao uso de bicicletas e transportes alternativos.
Como abordei em novembro no Imobi Report na coluna “O que a COP26 tem a dizer ao mercado imobiliário“, Dias concorda que “a construção civil é uma das grandes vilãs no quesito ambiental e por muito tempo esse tema foi negligenciado. Hoje a sociedade e o público comprador pedem por empresas e soluções adequadas a essa pauta cada vez mais relevante.
“Um fator que avaliamos como muito importante hoje é a força da sociedade. Mais do que a força de qualquer exigência normativa ou regulatória, a força do público comprador tem um papel muito importante na pauta ambiental “, confirma Dias.
O reflexo de uma atitude consciente é medido nas vendas: 65% de suas unidades comercializadas em poucos meses. Resultado impulsionado pela adesão dos compradores à sustentabilidade do produto. “Isso não só nos motiva a continuar inovando e apostando em produtos sustentáveis, mas traz os holofotes de todo o setor para uma demanda que hoje ainda não é plenamente atendida, e que só tende a crescer.”
“Um prédio inspira mais dois”
Paulo Henrique Zanon é head de projetos da Phacz Empreendimentos, empresa localizada em Porto Belo – SC e contou que o seu “primeiro insight” para integrar o tema da sustentabilidade aos projetos desenvolvidos pela empresa surgiu na concepção de um trabalho para faculdade, ainda no primeiro semestre do curso de arquitetura, quando se deparou com a Creche Hassis, em Florianópolis, uma referência internacional em sustentabilidade.
“A partir dali conheci a empresa de consultoria em Green Buildings – pois ajudaram a desenvolver a creche – e os projetos inspiradores que ajudaram a desenvolver em Curitiba, com a construtora Laguna. E como o próprio Guido Petinelli costuma dizer: “Um prédio LEED inspira mais dois.”. E assim, inspirados pelos projetos de Curitiba trouxemos para Santa Catarina o primeiro edifício residencial com a pré-certificação LEED”, relembrou Zanon.
Os impactos sustentáveis que a empresa traz podem ser medidos pelo empreendimento Blue Forest – o primeiro edifício residencial com a pré-certificação LEED de Santa Catarina, com uma localização que permite fácil acesso a serviços básicos, incentivo à utilização de bicicleta como meio de transporte e a utilização de veículos eficientes, disponibilizando vagas com carregadores para carros elétricos.
Além disso, o projeto se propõe a adotar sistemas eficientes para aproveitamento de água pluvial, reduzindo o consumo de área potável em 28% e em 35% do consumo de energia. O Blue Forest terá uma floresta suspensa a 20 metros de altura, no sexto andar.
Zanon conta que em Santa Catarina “as mulheres têm se tornado grande influenciadoras na hora de escolher um imóvel, principalmente pelo fato de passarem a estar numa nova posição: a de empreendedoras, mudando o perfil das consumidoras que pretendem estar em um local mais confortável e benéfico para sua saúde e a de sua família.
De fora para dentro
A prática de iniciativas pela diminuição da pegada de carbono está contida dentro do tripé de ações propostas pelo ESG (Environmental Social Governance) ou governança socioambiental.
Quando uma empresa se preocupa também pelo impacto ambiental que seus empreendimentos proporcionam, na grande maioria das vezes, ela também pratica ações internas pela diversidade, como a equidade de gênero.
Questionados por mim quanto à diversidade e equidade refletidas dentro destas empresas, Dias afirmou que na incorporação, 60% da equipe é composta por mulheres, nenhuma – ainda – em cargo de liderança.A assessoria de imprensa da incorporadora Phacz afirma que mais de 50% do quadro de colaboradores é composto por mulheres, tanto em liderança quanto em outras áreas.
O pensamento e as atitudes conscientes são sistêmicos e começam de dentro para fora.
Idealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.
Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.
Tudo certo! Continue acompanhando os nossos conteúdos.
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