As smart homes e o impacto do 5G no mercado imobiliário: o que muda na obra e nos imóveis?
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Imagine o cenário. Você sai de casa para trabalhar em um dia ensolarado e, no meio do dia, o tempo vira. Chuva, vento e frio. Do seu celular, com um só toque você fecha todas as janelas da sua casa, controla a temperatura do ar-condicionado e, de quebra, já programa uma compra pra quando chegar em casa já ter todos os ingredientes que precisa para o jantar. Roteiro do famoso desenho Jetsons ou do queridinho filme De Volta Para o Futuro? Não. Isso já é realidade e é possível com as smart homes. Apesar de parecer um cenário muito distante, as casas conectadas já estão presentes no nosso dia a dia e a tendência é que estejam cada vez mais.
O fator que vem proporcionando que tudo isso aconteça é a chamada internet das coisas, ou IoT (Internet of Things). Mas, o que é exatamente isso? A professora e pesquisadora do núcleo de rede sem fio e redes avançadas da UFPR, Michele Nogueira, diz que o termo pode ser definido como um conjunto de dispositivos com capacidade de processamento e comunicação. “São dispositivos comuns que, adicionados a um microcomputador ou microprocessador, são capazes de executar instruções e atividades. Um exemplo bem simples é uma caneca. Se colocarmos um kit de comunicação com um microcomputador, a caneca poderá ter um sensor de temperatura que poderá ser regulado de maneira automática, por exemplo”, explica ela. Ou seja, é basicamente, possibilitar a conexão da internet com as “coisas”, como o próprio nome diz.
É partindo desse princípio que as smart homes vêm sendo projetadas e construídas. “Hoje já estamos trabalhando em empreendimentos com automação e que serão entregues com uma central, ou seja, um cérebro que comanda todos os pontos, desde iluminação, cenário, lâmpadas, cortinas, aquecimento de pisos, fechaduras”, conta Bruno Pardo, gerente comercial da incorporadora GT Building, que já possui dois empreendimentos no modelo em Curitiba, além de um apartamento modelo. Na prática, o processo de construção não se altera significativamente e, segundo Bruno, o que muda é a instalação de controles. “A parede continua sendo parede, o que muda são as instalações de pontos de controle, por isso a mudança não é tão estrutural no que diz respeito à obra em si”, diz ele.
Mas, para que a comunicação entre a obra funcione e os dados sejam armazenados, é necessária a instalação de uma central que funciona como se fosse o cérebro de cada um dos apartamentos. “Para que exista essa comunicação entre a central, o imóvel e o morador são utilizados assistentes virtuais como a Alexa ou o Google Assistente, por exemplo. É por meio desses periféricos que a conexão existe e que é possível integrar todos os pontos de automação, sejam eles de luz, de som, de temperatura ou ainda de eletrodomésticos”, explica Bruno.
E o que muda com o 5G?
A tecnologia 5G, que já está em testes no Brasil e que, segundo a Anatel, deverá acontecer efetivamente a partir de 2021, deve impulsionar as smart homes. Para a pesquisadora Michele Goulart, a questão principal desse tipo de tecnologia diz respeito à velocidade e à abrangência maior. “É uma tecnologia que permite aumentar ou evoluir as aplicações que a rede oferece. Com o 5G será possível interagir com muito mais facilidade com robôs e com a inteligência artificial, o que vai trazer um novo panorama para as smart homes”, conta ela.
Esa visão é compartilhada pelo diretor da Divisão de Digital Appliances da Samsung Brasil, Helbert Oliveira. “A tecnologia 5G certamente poderá ampliar horizontes para que as casas conectadas sejam massificadas e aprimoradas. Esse avanço tecnológico permitirá uma interação mais eficiente entre os produtos e dará mais opções para o mercado brasileiro se desenvolver. As conexões serão mais estáveis e rápidas e acomodarão mais tipos de produtos”.
A Samsung possui hoje um portfólio de produtos conectados pela IoT, que inclui TVs, lava e seca, refrigeradores e equipamentos de ar-condicionado que podem ser controlados por smartphones ou tablets. “Há cada vez mais o entendimento que os produtos conectados não são inacessíveis ou um simples luxo. Eles contribuem para rotinas mais organizadas e eficientes e até com economia de energia. No caso da Samsung, essas operações remotas e inteligentes são feitas pelo aplicativo SmartThings, disponível para Android e IOS e que usa a IoT para controlar os dispositivos conectados de uma casa”, diz ele.
Com isso, ao adquirir uma smart home, será possível, por exemplo, programar itens de robótica para cortar a grama da sua casa enquanto você estiver longe, ou ainda, poder acompanhar tudo o que acontece em tempo real na sua casa, com uma boa qualidade de imagem. “Os conceitos de cidade inteligente e casas inteligentes são estudados pelo nosso grupo de pesquisa desde 2010. Esse é um conceito fenomenal e, com a chegada do 5G, será possível ter economia, conforto e cada vez menos essas atividade corriqueiras de casa serão substituídas pela inteligência artificial, permitindo que tenhamos mais tempo para estar em família, estudar, relaxar”, diz Michele.
O mercado imobiliário, está pronto?
Toda essa revolução já impacta o mercado imobiliário, afinal, trata-se de um novo produto, de uma nova experiência de moradia. Além da mudança no que diz respeito ao valor dos imóveis, as incorporadoras, construtoras, imobiliárias, corretores e toda a cadeia do setor têm que se preparar não só para entender essa nova realidade, mas como também saber explicar novas funcionalidades. “Na entrega dos imóveis que já estão com essa tecnologia, ter um especialista para orientar o morador é um grande diferencial. Não adianta ter uma funcionalidade e não saber orientar o comprador do imóvel”, diz o gerente comercial da GT Building.
No que diz respeito aos valores, a mudança também será significativa, sobretudo durante o processo de implementação da tecnologia. Ainda segundo Bruno Pardo, segundo os padrões dos empreendimentos da GT Building, toda a estrutura de hardware, ou seja, as instalações e a central de comando das funcionalidades podem acrescer cerca de R$ 60 mil a R$100 mil ao valor do imóvel, isso sem contar os possíveis eletrônicos smarts que também poderão ser agregados, como os assistentes de voz e eletrodomésticos. “Acredito que essa é uma realidade que está bem próxima. Atualmente ainda pode ser distante da maioria, mas em breve será o que há de mais normal. E a adaptação a tudo isso será bem rápida porque a mudança será para melhor”, finaliza a professora Michele.
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