Incorporadoras na Bolsa de Valores: o que faz uma empresa lançar IPO
Resumo
O Brasil está experienciando um boom de incorporadoras na Bolsa de Valores. Acesse o Imobi Explica e entenda melhor essa tendência do mercado.
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De 2019 para cá, o Brasil está experienciando um boom de IPOs: Initial Public Offerings, ou Ofertas Públicas Iniciais, em tradução livre. O movimento contempla diversos mercados, mas é ainda mais acentuado no mercado imobiliário. Das empresas que registraram IPO na bolsa brasileira neste ano, cerca de 40% são incorporadoras.
Alguns fatores aumentaram a demanda dos investidores por ações na Bolsa de Valores. Mais opções de agentes de investimento, mais informações acessíveis sobre finanças e facilidade para investir, por exemplo. Além da Selic baixa, que faz com que investidores mais conservadores, que buscavam investimentos rentabilizados pela Selic, busquem opções com mais retorno. “O mercado da Bolsa está aquecido porque hoje você tem muitos investidores interessados em investir na modalidade. É a lei da oferta e da demanda: com mais investidores interessados na Bolsa, o mercado de IPO se torna atrativo, pois quando você vai fazer a precificação da sua empresa, você precifica a companhia melhor, mais alta”, explica Carlos Peres, sócio e líder da região Sul da PwC Brasil, referência global em consultoria e auditoria.
Ou seja, quando uma empresa vai abrir ações públicas e permitir que pessoas invistam nela, ela sugere o valor dessas ações. Com um mercado aquecido e mais investidores buscando a Bolsa, o valor inicial dessas ações é mais alto, o que propicia uma melhora captação de recursos.
Por que um IPO?
“O grande benefício de uma empresa abrir ações na Bolsa é captar recursos. A empresa vai entrar na Bovespa, onde ela vai encontrar investidores que vão comprar suas ações. Ao comprar as ações da empresa, a empresa capta esse recurso. É um recurso que entra como um acionista, não é um empréstimo, não sofre juros, correção monetária. É um dinheiro disponibilizado por investidores que querem fazer parte da participação acionária daquela empresa, esse dinheiro entra no caixa da empresa e com isso ela consegue fazer projetos de crescimento”, afirma Peres.
Murilo Dalsenter, consultor financeiro e de investimentos na Inva Capital, corrobora: “Esses recursos arrecadados dos novos sócios entram no caixa da empresa e seu principal propósito é investir para fazer a empresa crescer. A empresa poderá investir em ampliação, máquinas, softwares, internacionalização etc”.
No caso de incorporadoras, este capital pode ser destinado para adquirir novos terrenos, incorporar e lançar empreendimentos, além de apostar em novas tecnologias e digitalização de processos. Caso a empresa não opte por ter as ações públicas, terá que buscar esse recurso para crescimento em outros lugares, como empréstimos bancários ou por meio de capital próprio.
Desafios das incorporadoras na Bolsa de Valores
Lançar IPO não é simples. “Para ser uma empresa pública, o processo se dá através da Bolsa de Valores, e a B3 tem uma série de protocolos que a empresa tem que seguir: de governança, tem que estruturar conselho de administração, instituir um programa de compliance, tem que ter uma área de relação com investidores, tem que prestar contas das suas demonstrações financeiras semestralmente para a Bovespa e para a CVI, no caso das incorporadoras”, explica Peres.
“Se o negócio for bom e os gestores competentes, esse dinheiro pode colocar a empresa em um novo patamar de competitividade, agregando muito valor aos acionistas. Por outro lado, a empresa deve se adaptar a uma série de regras dos órgãos reguladores e normativos, oferecer maior transparência, e, consequentemente, com o aumento do quadro societário, maior pluralidade na direção dos negócios”, analisa Dalsenter. “Ao abrir capital, a cotação das ações da empresa servirá como um termômetro da visão que os participantes possuem dela. Além de entregar resultados, adotar as melhores práticas de governança corporativa melhorará sua relação com o mercado e seus acionistas, influenciando positivamente seu valor e impulsionando lucros”, completa.
Apesar de todo este processo complexo, um dos benefícios de uma incorporadora pública pode ser a boa recepção do cliente final. “Quando a empresa passa a ter esses procedimentos de governança, de compliance, gestão de riscos, passa a ter demonstrações financeira trimestralmente auditadas. E todo esse contexto traz uma segurança maior para o cliente final. Quando o cliente vai comprar de uma empresa que está na bolsa, que é de capital aberto, consegue acessar as informações daquela incorporadora e ver sua saúde financeira”, aponta Peres.
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