Otimista, mercado imobiliário brasileiro começa 2020 com novo unicórnio
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Prezados leitores, um Feliz Ano Novo! Para começar com o pé direito, trouxemos nesta primeira edição perspectivas exclusivas para 2020 diretamente de especialistas do setor. Confira as análises abaixo:
O mercado imobiliário começa a entender a importância da gestão de pessoas e de uma liderança mais estratégica baseada em indicadores. Vejo 2020 cristalizando a relevância de informações como LTV, CAC, NPS dos clientes, NPS dos próprios colaboradores, rentabilidade, taxas de conversão e por aí vai. Antes uma pregação do marketing, esta cultura passa a engajar empreendedores e gestores que cada vez mais tomarão decisões a partir desses números e de relações de trabalho mais humanizadas e horizontais. Rodrigo Werneck, CEO da CUPOLA.
2020 deve consolidar a recuperação do mercado imobiliário brasileiro. O principal termômetro deste movimento deverão ser o maior número de lançamentos e o maior número de contratações de serviços financeiros ligados a habitação. Denis Levati, curador de conteúdo do Conecta Imobi.
O mercado imobiliário entrará num novo ciclo. Com a melhora da economia e com a taxa Selic em seu menor patamar histórico, 2020 será o ano do crédito imobiliário. Sergio Langer, apresentador do podcast Vem pra Mesa.
As melhores condições de financiamento, puxadas em grande parte pelas recentes reduções na taxa Selic, prometem movimentar o setor imobiliário neste ano, que acelerará ainda mais devido à consolidação da retomada da economia. Se no ano que passou a retomada do mercado ocorreu principalmente em São Paulo, em 2020 podemos esperar um crescimento mais difuso, refletindo as características de cada cidade. Nesse sentido, a tendência de compactação deve ser mantida em 2020 na capital paulista, mas outras cidades do país podem reagir de maneiras distintas. Contudo, é possível identificar um movimento geral de redução da demanda por imóveis maiores, reflexo da mudança da demografia brasileira e da transição geracional. Deborah Seabra, economista do Grupo ZAP.
Expansão do aluguel. Acredito que em 2020 teremos um crescimento bem grande no setor de locação, principalmente pelo fortalecimento dos millennials – camada economicamente ativa. Outro ponto é que o Brasil tem um percentual de imóveis alugados que é bem abaixo do restante do mundo. Nós temos apenas 20% dos nossos imóveis alugados nas principais cidades, sendo que a média mundial é 47%, ou seja, dá para crescer 2,3 vezes para chegar na média. Se seguirmos essa tendência mundial, o nosso mercado irá crescer bastante. Lucas Madalosso, CEO da Terraz Aluguel Digital.
Começamos 2019 com 100 funcionários e crescemos para mais de 450. Nossa expectativa é chegarmos a mais de 550 até o primeiro trimestre. Esse crescimento acelerado será potencializado com o novo aporte de US$ 175 milhões. Nossa expectativa para 2020 é continuar a expansão no Brasil e na América Latina. Atualmente já atuamos em 16 bairros de São Paulo e iniciamos a operação no Rio. Chegaremos em breve à Cidade do México. Para o futuro, continuaremos desenvolvendo o mercado e transformando a experiência de quem compra, reforma e vende imóveis. Para atender de uma forma cada vez mais completa, estamos expandindo a operação para novas categorias de produtos e planejando escalar as linhas de produtos financeiros, incluindo hipotecas e seguros. Mate Pencz, fundador e co-CEO da Loft.
Imobiliárias
Com este mais recente aporte recebido pela Loft, a startup de iBuying brasileira superou o valor de mercado de US$ 1 bilhão e tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro. É o primeiro de 2020 e o mais rápido na história do país, com apenas 16 meses de operação.
Esta última rodada de investimentos foi liderada pelos fundos Vulcan Capital, Andreessen Horowitz e Fifth Wall Ventures. A expansão para o México é prevista para o início deste ano e o valor também deve suportar o aumento da equipe. “Queremos [fazer com] que trocar de apartamento no Brasil seja tão fácil quanto trocar de carro”, afirma o co-fundador João Vianna para a Exame.
O IGP-M fechou 2019 com alta de 7,3%. Conhecido como a “inflação do aluguel”, por ser mais comum nos contratos de locação, o IGP-M chegou a quase o dobro do IPCA, o índice oficial de inflação. A expectativa, agora, é quanto ao reajuste dos aluguéis, momento crítico na relação entre locadores, locatários e a imobiliária. Segundo especialistas ouvidos pelo Globo, o histórico de valores de aluguel defasados favorece o repasse integral da inflação aos inquilinos, mas a recomendação é ter abertura para negociar.
Incorporadoras
Boas notícias impulsionam a economia brasileira para 2020. Segundo o presidente CBIC, José Carlos Martins, em entrevista ao portal BR Político, a construção civil pode gerar cerca de 200 mil novos empregos. “O mercado imobiliário voltado para a classe média e alta já está se recuperando e o voltado para o de baixa renda tem mercado. Este ano, também já deve ter uma participação mais forte dos projetos de infraestrutura. Acreditamos num crescimento mínimo de uns 3% no PIB da construção civil e na geração de novos postos de trabalho”.
Em entrevista ao Smartus, o presidente da CBIC também fez um balanço de 2019: “Pense um ano atrás como era o Brasil. A gente estava numa gaiola, abriram a portinha, mas ainda não aprendemos a voar. Quando a gente analisa hoje e um ano atrás, fica claro como está esse país. Acredito muito no futuro, mas temos que ter muito cuidado”. Martins criticou a redução do orçamento do FGTS para os financiamentos imobiliários, falou sobre o crédito imobiliário indexado pelo IPCA e alertou sobre a necessidade de debater o impacto social da reforma tributária: “Tem que olhar pras pessoas”.
Impulsionado pelo mercado imobiliário que se recuperou em 2019, o setor da construção fechou o último ano em crescimento e é considerado peça-chave para alavancar a economia em 2020.
O alto índice de financiamentos imobiliários, o maior em quatro anos, contribuiu diretamente para o resultado econômico atual. Segundo a Abecip, o crédito para a compra de imóveis residenciais com recursos da poupança atingiu R$ 7,78 bilhões em novembro do ano passado, o melhor resultado mensal desde maio de 2015.
Com os resultados positivos de 2019, a construção civil tende a liderar a retomada econômica. Segundo a FGV e o Ibre, a construção civil foi a que mais gerou empregos formais no ano passado, com alta de 5,93% em relação a dezembro de 2018, equivalente a 117,2 mil vagas com carteira assinada.
Mundo
O Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu que a Airbnb é uma plataforma de aluguel on-line e não pode ser considerada imobiliária. A plataforma teria que arcar com onerosos impostos incidentes sobre as imobiliárias caso a decisão tivesse sido contrária. O processo foi movido pela associação de turismo francesa AHTOP, que argumentava que a startup deveria ter registro profissional para atuar como imobiliária.
Apesar de ter vencido esta batalha, a empresa enfrenta problemas recorrentes. No último Halloween, uma casa na Califórnia foi alugada para uma festa que acabou com cinco mortos em um tiroteio. Agora, um caso de 2017 veio à tona. Um incorporador alugou sua mansão, em Londres, pela plataforma. O imóvel estava listado para uma família de quatro pessoas, mas o hóspede deu uma festa para mais de 500 convidados. Apesar de ter acontecido há quase três anos, a história voltou a chamar a atenção pois o proprietário, Michael Harold, está processando a Airbnb. Harold afirma que teve que gastar cerca de 445 mil libras em reparos, enquanto a plataforma arcou com pouco mais de 100 mil libras.
Segundo o DailyMail, uma das tecnologias em estudo pela Airbnb para aumentar a segurança vai vasculhar a vida pessoal dos hóspedes, para garantir que eles não vão estragar os imóveis. A tecnologia usa inteligência artificial para identificar pessoas que possam ser associadas a uso de drogas, álcool, grupos de ódio ou prostituição. Um stalker profissional.
Estamos de Olho
A estreia do fundo imobiliário residencial Luggo, da MRV, empolgou. Em apenas três dias, a cota de aplicação valorizou mais de 30%. O principal atrativo oferecido aos investidores foi a garantia de renda mínima por dois anos, equivalente a 5,5% ao ano, fruto da locação de imóveis. Mas, para o diretor executivo de finanças e relações com investidores da MRV, Ricardo Paixão, o grande apelo do fundo foi a tradição do brasileiro de investir em imóveis para obter renda com aluguel.
O fundo opera quatro empreendimentos. Em Belo Horizonte, um dos prédios da Luggo está com todas as 116 unidades ocupadas e há uma fila de espera de 50%, segundo a MRV. Em Curitiba, 80% das unidades do primeiro empreendimento foram alugadas em apenas dois meses e há um segundo prédio em construção. O quarto também segue em obras em Campinas.
Já o FII de aluguel da Vitacon, o Housi, não atingiu a captação mínima. A CVM suspendeu por 30 dias a oferta, logo depois do Natal. A suspensão ocorreu depois que os gestores do fundo comunicaram a alteração de termos relevantes na oferta, como o próprio piso de captação, que era de R$ 150 milhões para seguir com a constituição do fundo e foi reduzido para R$ 50 milhões. Segundo o Valor Investe, “a alteração indica duas coisas: que a oferta teve um interesse de investidores menor do que o esperado; e que pode ser que os planos do fundo para uso do dinheiro mude de alguma forma, já que deve entrar menos dinheiro no caixa do que previsto.”
A suspensão não diminuiu o otimismo do CEO da Vitacon, para quem “o mercado imobiliário tem condições ideais para acelerar em 2020”. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, uma semana depois do comunicado da CVM, Alexandre Frankel afirmou querer “expandir nacionalmente a startup Housi” neste ano.
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