ConstrutorasDestaques Venda de imóveis novos tem maior volume desde 2014; lançamentos recuam Atualizado 29 de março de 202329 de março de 2023 AutorRodrigo Arend Compartilhar: O Brasil registrou a venda de 156.730 novos imóveis em 2022, um aumento de 9,2% sobre o ano anterior. O volume de venda de imóveis novos é o maior registrado desde 2014 e mostra que o mercado imobiliário segue gerando oportunidades.Os dados são de levantamento divulgado nesta quarta-feira pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).Venda de imóveis novos na baixa renda baliza o mercadoO primeiro semestre de 2022 foi marcado por dificuldades em relação ao preço dos insumos e a defasagem dos subsídios do então programa Casa Verde Amarela. Isso impactou o segmento da baixa renda, que teve uma redução de 4% no volume de lançamentos (caindo de 88.746 para 85.180 unidades) e de 6,4% nas vendas (de 113.008 para 105.826 residências).“Com a readequação do programa para dar capacidade de compra para a população, tivemos resultados mais positivos no segundo semestre”, explicou o presidente da Abrainc, Luiz França, em coletiva para apresentar os números à imprensa.Para 2023, a expectativa das incorporadoras está no aumento do orçamento dos recursos do FGTS, que pode ter um subsídio 129% maior na comparação com 2022. “A partir disso, podemos atingir números inéditos”, apontou França. Já no segmento de Médio e Alto Padrão (MAP), o volume de lançamentos caiu drasticamente (-31,4%). Porém, as vendas dispararam, com um salto de 67,8%, passando de 27.937 para 46.878 unidades comercializadas.Em vendas, este foi o melhor resultado do segmento na série histórica, além de ainda representar o segundo maior volume de lançamentos. “A alta do aluguel deu relevância para a compra de imóveis, num momento em que o consumidor procura fontes seguras para investir. Em janeiro e fevereiro de 2023, inclusive, estamos observando um mercado muito positivo, acima da expectativa”, ressalta o presidente da Abrainc. Otimismo entre os incorporadoresSegundo levantamento realizado pela Abrainc/Deloitte no quarto trimestre de 2022, 96% das incorporadoras afirmaram que pretendiam realizar novos lançamentos em um período entre 3 e 12 meses. A compra de terrenos também está na mira do setor construtivo, já que a mesma pesquisa mostrou que 86% das empresas consultadas pretendem adquirir terrenos no período de um ano.“As empresas estão capitalizadas e têm tido um bom nível de vendas, com uma negociação de preço de venda bastante equilibrada. Considero que os preços estão muito interessantes e não sei por quanto tempo teremos esses números”, destaca França. Estoque em estabilidadeDe acordo com o presidente da Abrainc, o estoque atual é “equilibrado e confortável”. O ano de 2022 foi encerrado com um estoque de 144 mil unidades no segmento econômico, enquanto em 2021 o montante era de 145 mil unidades.O tempo em que os imóveis permanecem na prateleira após ficarem prontos também manteve estabilidade, com 15 meses de duração. Na média histórica, mensurada desde 2018, o tempo médio de duração do estoque é de 14 meses.“Os estoques não mostram uma superoferta. Falando sobre o MAP, com volume de estoque caindo, a tendência de preço é subir”, destaca França.Incorporadoras aguardam movimentações que podem favorecer negóciosNa avaliação do presidente da Abrainc, para que em 2023 o setor mantenha o ritmo de crescimento, é importante que o Banco Central realize medidas regulatórias para aumentar a oferta de crédito imobiliário disponível.“Uma possível medida seria o aumento no percentual de recursos da Poupança que é direcionado obrigatoriamente ao crédito imobiliário, dos atuais 65% para 70%. Também é possível avaliar outras alternativas de estimulo ao financiamento habitacional, como a redução dos juros de credito imobiliário no IRPF”, explica.Valor dos imóveis sobe e distratos diminuemNo ano passado, o valor médio dos imóveis novos vendidos subiu 10% e ficou em R$ 344,5 mil, enquanto a média de preços dos lançamentos foi de R$ 381,4 – uma alta de 11,4% em relação a 2021.A baixa relação entre distratos e vendas de unidades do segmento MAP é outro ponto a destacar em 2022. No ano, essa relação atingiu o menor patamar da série histórica (9,5%), o que representou uma queda de 1,4 ponto percentual em relação a 2021. Para efeito de comparação, no fim de 2018, quando foi publicada a Lei nº 13.786/18 (Lei do Distrato Imobiliário), que estabeleceu parâmetros para a resolução de contrato de compra e venda de imóveis por desistência e por inadimplemento das partes, a relação distratos/vendas entre os imóveis de Médio e Alto Padrão estava próxima dos 50%.