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O Airbnb vai desaparecer?

*Por Avelino Mira Neto, CEO da Yogha

Nos últimos meses, surgiram várias matérias falando sobre a proibição da plataforma Airbnb e, mais recentemente, uma última reportagem especulando sobre a possível quebra da empresa. Tendo em vista esse cenário, penso ser importante esclarecer alguns pontos com relação à Airbnb, o modelo de negócio de shortstay e sobre o comportamento da sociedade em relação às novas tecnologias que impulsionam a forma como vivemos atualmente.

Primeiramente, é importante notar que quando ocorre uma disrupção tecnológica, como foi o caso da revolução industrial e do advento da internet, surgem novas ocupações e funções, o que acarreta em novos padrões de vida. 

Um exemplo prático disso é a Uber, que hoje é a principal referência em transporte por aplicativos e que não só criou empregos e promoveu o compartilhamento de viagens, mas também instaurou novos padrões de comportamento, facilitando a solicitação e utilização de transporte, e até mesmo desencorajando a compra de veículos por parte das novas gerações. 

Isso sem mencionar o impacto na indústria, que movimentou compra, locação e seguros de veículos para essa nova função. Esse é um comportamento que pode sofrer novas disrupções, mas não irá regredir. Veio para ficar.

Quando falamos de Airbnb, eu, como CEO da Yogha – uma das principais plataformas de moradias flexíveis em Curitiba -, pude testemunhar, com meus próprios olhos, a transformação comportamental que a Airbnb proporcionou em cidades inteiras. E pergunto aos usuários: vocês deixariam de usar? 

Penso que a grande maioria dirá que não, de forma alguma, pois a disrupção que o Airbnb trouxe impactou muito mais do que apenas os proprietários de camas, quartos ou casas/apartamentos disponíveis para locação. Foram criados novos trabalhos e aplicativos, indo além do que se poderia imaginar na sua criação.

Atualmente a frase “Eu faço Airbnb” é muito ouvida, sendo que a própria palavra Airbnb se tornou sinônimo de negócio e shortstay, termo que poucas pessoas conheciam antes do lançamento do aplicativo no mercado. 

Hoje, usuários ao redor do mundo não apenas estão familiarizados com esse termo, como também fazem uso de apartamentos para shortstay, consolidando o Airbnb como conceito, não apenas uma marca. Então, dizer que o Airbnb vai falir não significa que esse mercado desaparecerá, pois assim como o Uber, essa transformação é irreversível.

Outro ponto importante é analisarmos as falas sobre as proibições ou regras rigorosas que estão sendo criadas para esse setor, como as de Nova York. Essas são questões que a princípio podem prejudicar muitos pequenos proprietários, no entanto, enxergo como uma oportunidade para melhorias que ainda estão por vir no mercado. 

A Yogha, por exemplo, é especialista em consultoria para a criação de empreendimentos voltados para o atendimento de shortstay, ajudando para que saiam do papel preparados para a maioria das regulamentações locais impostas pelas prefeituras, inclusive recolhendo impostos – mesmo diante da inexistência de uma lei específica no Brasil.

Olhando para a disrupção e as mudanças no mercado, podemos observar como empresas concorrentes na hotelaria, como a Booking.com e a Expedia, se adaptaram ao incorporar a possibilidade de listagem sem ser um hotel. Nesse momento surgiram sistemas de gestão de calendários, incluindo o Airbnb junto com suas concorrentes. 

Também novas empresas focadas em tecnologia foram criadas, oferecendo PMS e aplicativos de gestão voltados para shortstay. Fotógrafos, corretores e outros profissionais tiveram que se adaptar a esse novo mercado. Repito, isso não vai mudar, vai evoluir. 

Tanto é que, hoje, incorporadoras e construtoras já lançam no mercado empreendimentos totalmente voltados para o shortstay, impulsionando a economia, gerando mais empregos e criando um ciclo de desenvolvimento sem igual. Até mesmo os grandes centros urbanos estão sendo revitalizados para se adaptarem a essa nova realidade.

Quanto ao usuário final, o inquilino/hóspede, mesmo se o Airbnb encerrar suas atividades, buscará novas soluções, como a migração para a Booking.com, Expedia ou para outras plataformas de operação shortstay ao redor do mundo, como a Yogha, pois esse usuário se acostumou a ter um apartamento completo com cozinha e quarto para se hospedar, e já não prefere mais o hotel. 

Portanto, reforço: o conceito “Airbnb” não vai desaparecer.

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