resultado da eleição
DestaquesEventos

Mercado imobiliário reage com cautela ao resultado da eleição

As eleições são sempre um assunto de destaque no mercado imobiliário, e em 2022, com uma das disputas presidenciais mais polarizadas e acirradas desde a redemocratização do País, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provocou reações até certo ponto moderadas de grande parte dos agentes do mercado que se manifestaram nas primeiras horas após a definição do resultado das urnas.

Passada a incerteza sobre o nome eleito, o momento é de virar a chave na argumentação de vendas e investimentos. Como o Imobi Report já havia salientado logo após o primeiro turno, o contexto macroeconômico para o mercado imobiliário continua sendo bom, diante de uma demanda reprimida por imóveis, da Selic com perspectiva de queda em médio prazo, da previsão do mercado financeiro de alta no PIB em 2022 e 2023, dos juros do crédito imobiliário controlados, de um Banco Central independente e de um Congresso com viés reformista na próxima legislatura. 

Agora, com a eleição de Lula, a esse cenário agrega-se uma perspectiva positiva para as construtoras de imóveis econômicos. O segmento teve grande atenção nos governos anteriores do petista, com seus programas sociais de habitação -, em especial o Minha Casa Minha Vida, que foi mantido e rebatizado de Casa Verde e Amarela pelo atual presidente Jair Bolsonaro.

Desta forma, o mercado vê boa margem e crescimento para construtoras que historicamente tiveram foco na habitação popular. A visão é endossada por instituições financeiras como a XP, que em relatório divulgado na manhã desta segunda-feira (31) indica a tendência de que a construção, ao lado da educação e do varejo, são os setores que devem ser favorecidos com a eleição de Lula, enquanto as estatais tendem a apresentar retração na B3. 

A percepção é corroborada por Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. “Construtoras focadas na baixa renda, como MRV, Direcional e Tenda, podem subir bem por conta da afirmação recente de Lula de que irá turbinar o programa habitacional do governo com mais recursos e taxas de juros menores”, disse à revista Exame.

Já o analista de construção civil do Banco Inter, Gustavo Caetano, avalia que o programa habitacional não deve sofrer mudanças no curto prazo. “Independentemente do nome que tem, virou muito mais um programa de estado do que de governo”, afirmou ao Money Times.

O movimento favorável ao segmento de imóveis econômicos já pôde ser percebido no primeiro pregão após a vitória de Lula. As ações das construtoras de baixa renda performaram bem acima do Ibovespa (índice geral da Bolsa brasileira).

Um nicho que, teoricamente, pode sofrer algum arranhão num governo Lula é o dos imóveis de luxo e alto padrão, que teve crescimento robusto desde o início da pandemia. Embora a política econômica do vitorioso nas urnas ainda não tenha sido comunicada com clareza, é esperado um movimento no sentido da desconcentração de renda (como uma eventual ressurreição do projeto de taxação de grandes fortunas). 

Por outro lado, o alto padrão tem sido imune a todas as crises econômicas pelas quais o país passou nas últimas décadas, surfando numa dinâmica própria. 

Já na lista de pedidos feitos pelas associações a Lula, está o pleito da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) por mais espaço no orçamento federal. “A solução de problemas sociais e econômicos passa pela indústria da construção civil”, disse José Carlos Martins, presidente da entidade.

As reações das redes 

Influenciadores também se manifestaram nas redes sociais. Ricardo Martins, que declarou voto no atual presidente Bolsonaro, também foi na linha de que a rotina de trabalho do corretor deve manter a constância, independente do governante. “Eu sou empreendedor, aprendi a prosperar em meio à crise, aprendi a extrair riqueza do meio da ruína… com qualquer um dos governos eu vou continuar prosperando”.

Já o engenheiro Caio Lobo, que produz conteúdo nas redes sobre incorporações imobiliárias, reforçou a resiliência do imobiliário e destacou o segmento como uma maneira segura de se investir dinheiro. “O Brasil já passou por diversas crises, inflações descontroladas e instabilidades econômicas, mas os imóveis protegeram o patrimônio das pessoas em todas elas”, escreveu ele, que será o entrevistado desta semana do podcast Semana Imobi.
A maior parte das postagens das redes seguiu linha semelhante: de que o imóvel é um ativo seguro, qualquer que seja o viés político e econômico do governo de plantão.