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O que muda no mercado imobiliário se ganhar Lula ou Bolsonaro?

Definido o resultado do primeiro turno das eleições, o mercado imobiliário se pergunta: o que acontecerá com o segmento em caso de vitória do ex-presidente Lula (PT) ou do atual presidente Jair Bolsonaro (PL)? Na verdade, é mais fácil falar sobre o que não deve mudar, independente de qual candidato ganhe a disputa.

Para além do cenário político, o mercado imobiliário conta com algumas certezas e tendências sobre o que deve acontecer a partir do próximo ano. Seja com Bolsonaro ou Lula no poder, estamos diante de um panorama macroeconômico já consolidado em sua base, e que conta com uma dinâmica própria dos ciclos do setor.

Seja Lula ou Bolsonaro, algumas tendências do mercado imobiliário devem se manter

As condições da economia brasileira podem melhorar o humor dos investidores, inclusive os estrangeiros. Um dos pilares para este entendimento é de que a taxa de juros tende a ter mais estabilidade, com projeção de queda gradual no longo prazo. 

O Banco Central tende a fazer correções pontuais na taxa Selic, já que a inflação entrou em rota de controle. Esta situação ocorreu antes do Brasil do que em outros países, justamente porque a taxa de juros teve aumento drástico desde o início de 2021. É preciso lembrar, porém, que essa contenção também passou por ações do atual governo que podem ter desdobramentos num futuro próximo, como as novas políticas para controle de preços de combustíveis, redução do ICMS sobre a energia elétrica e a liberação de novos benefícios sociais, fatores que têm influência sobre a inflação – e, consequentemente, sobre os juros.

“Acontece que nenhum candidato tende a cometer loucuras que prejudiquem o mercado imobiliário. Mas é esperado que, após as eleições, tenhamos um panorama mais favorável. No momento de transição que vivemos agora, tradicionalmente, os investidores preferem não mexer no próprio dinheiro”, avalia Daniel Claudino, analista do mercado imobiliário e consultor da CUPOLA.

Aluguel deve seguir pujante 

Claudino também aponta algumas oportunidades para o imobiliário que tendem a ganhar força, como a demanda reprimida de imóveis para locação. Esta lacuna, inclusive, já puxa a construção de imóveis voltados para a operação de aluguel.

“Temos, hoje, uma sociedade de princípios mais líquidos e menos interessada em ter vínculos permanentes. Um reflexo disso é que a principal demanda que existe no mercado está na captação de imóveis para aluguel. Há clientes querendo locar imóveis com características que não existem no estoque das imobiliárias”, aponta Claudino.

O analista ressalta que, por conta desta brecha, há imobiliárias procurando parcerias com construtoras para tirar do papel imóveis próprios e direcionados para aluguel. Trata-se do built-to-rent, formato focado em rentabilidade, uma alternativa ao tradicional lançamento seguido de vendas. 

Nesta mesma linha, outra vertente que pode ganhar tração no Brasil é o aluguel com intenção de compra, ou rent-to-own, modelo em que o cliente não aplica dinheiro de entrada para comprar um imóvel, porém, parte do pagamento de aluguel pode ser usado para a posterior compra.

Estoque disponível versus déficit habitacional

Outra situação que desponta no horizonte é a existência de um maior estoque de imóveis novos, porém, fora do alcance financeiro da maior parte da população.

De acordo com Jaqueline Trinta, sócia-fundadora da TRIM Desenvolvimento de Negócios, há uma lacuna de programas sociais que injetem crédito para as faixas mais carentes da população.

“Existe a necessidade de recuperar os empregos e a capacidade de pagamento, haja vista que a inflação corroeu bastante a capacidade de compra da população média. Emprego e taxas confortáveis são variáveis primordiais para manter as aquisições de imóveis, especialmente na classe média. Produtos voltados para renda mais elevada poderão sofrer algum tipo de esgotamento, mas é onde a demanda se mantém um pouco mais estável, mesmo que em menores proporções”, analisa.

Uma possibilidade para 2023 que pode sofrer influência do resultado da eleição é o programa Casa Verde e Amarela. Trata-se do antigo Minha Casa Minha Vida – nome, inclusive, que pode voltar a ser usado em uma eventual vitória de Lula.

“Caso Lula seja eleito, apesar de ainda não estar claro ‘como’, há uma expectativa da volta de investimentos em programas que beneficiem a população menos favorecida. Há também uma expectativa da volta das obras do PAC e do antigo Minha Casa Minha Vida. No entanto, já há uma proposta, enviada pelo atual Ministério da Economia, de redução de 95% do orçamento para o Casa Verde Amarela em 2023. Ainda que seja possível uma retomada imediata neste tipo de programa social, o mercado de terrenos costuma aquecer. Isto diminui a rentabilidade dos investidores, mesmo que haja crédito disponível a um custo razoável”, destaca Jaqueline.

Ela finaliza lembrando que o mercado imobiliário é reconhecido por sobreviver às volatilidades econômicas, o que inclui momentos de maior incerteza como o período eleitoral. “Tende a ser assim aqui no Brasil, ainda mais porque a participação da construção civil no resultado do PIB do segundo trimestre foi muito significativa”, conclui.

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Rodrigo Arend

Jornalista multimídia com mais de 10 anos de carreira. É responsável pelo conteúdo do portal e da newsletter do Imobi Report, além de contribuir com outras frentes da maior plataforma de conteúdo imobiliário do Brasil.

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  1. Daniel disse:
    hummmm, mais ou menos......desemprego alto, povo sem dinheiro, inadimplencia no aluguel ou em compras de imoveis. Povo empregado, dinheiro na mão pra pagar as contas e dividas. Busca no google aí, qual governo gera emprego e qual não gera emprego. É bem fácil a conta e a análise. Sou investidor hoje, pequeno, mas sou. Hoje, 2023, não coloco um centavo no Brasil. Dinheiro na geladeira e fora do Brasil por enquanto.

    às 14:49

  2. Elizabete da Luz disse:
    "Quando a maré sobe, todos os barcos sobem juntos"! Por isso é tão importante investir na classe mais desfavorecidas do nosso país!

    às 18:35