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Inovação

Investidores, agronegócio, imóveis maiores: o que vem movimentando o mercado imobiliário do interior

Faz um ano desde que o mercado imobiliário nacional iniciou uma curva de crescimento, em um movimento que não é restrito às capitais: cidades do interior dos estados, das maiores às pequenas e médias, também estão registrando uma demanda maior. O mercado imobiliário do interior, contudo, caminha com suas próprias necessidades e especificidades, seja para morar ou investir.

Carlos Paes Leme, superintendente da GVI

Carlos Paes Leme, superintendente da GVI, plataforma que comercializa ativos imobiliários das Empresas Rodobens, comenta que a empresa notou logo no início da pandemia o aquecimento no mercado nas cidades do interior onde atua. Em 2020, 83% das vendas da GVI foram em cidades do interior. Já neste ano, a tendência se repete e os imóveis no interior continuam respondendo pela maioria das vendas da empresa.

Para ele, a aceleração do mercado nessas cidades não foi, necessariamente, relacionada à pandemia, mas a uma série de fatores. Com a Selic baixa e a consequente desvalorização dos investimentos de renda fixa, os imóveis passaram a atrair investidores do mercado imobiliário no interior, grupo composto principalmente por representantes de um setor que não deixou de prosperar com a crise sanitária: o agronegócio. “Temos empreendimentos no Mato Grosso, por exemplo, em que percebemos um grande aumento na busca, na velocidade de vendas, e até uma valorização no preço dos imóveis. Vimos investidores comprando 3, 4 imóveis de uma vez só para locar ou especular”, conta o superintendente.

Múcio de Castro Neto, gestor de Mercado e Novos Negócios da imobiliária Verdi, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, conta que também vê esse movimento no seu mercado de atuação 

Múcio de Castro Neto, gestor de Mercado e Novos Negócios da Verdi Imóveis

“Nossa região é muito forte no agronegócio e estamos experimentando uma supersafra do agricultor de pequeno e médio porte. Esse é um público interessado em imóvel para renda. Tivemos muitos clientes que são investidores e optaram por tirar o dinheiro do banco e procuraram lançamentos para investir em apartamentos de 1 ou 2 dormitórios”, comenta. São investidores com uma renda mais estável e com perfil mais conservador, que encontram no mercado imobiliário um porto seguro. 

Passo Fundo tem, ainda, outro diferencial. É polo universitário e de saúde em sua região. “Na cidade, temos sete faculdades, mais duas universidades. A perspectiva de retorno das aulas presenciais voltou a movimentar a demanda por tipo de apartamento menor, que é o imóvel do investidor. São locações pontuais, que o inquilino mora por alguns anos, estuda e vai embora, então agricultores investem como segunda renda e até pé de meia para a aposentadoria”, aponta. “Esse é o tipo de investidor que todo ano faz, pelo menos, uma compra. Temos clientes com carteira de 5, 14, 30 imóveis”.

Busca por refúgio no mercado imobiliário do interior

Nem só de agronegócio vive o mercado imobiliário das cidades do interior. O movimento migratório motivado pelo home office realmente impactou algumas cidades, especialmente as cidades satélite. “No interior de São Paulo, acredito que muito do aquecimento do mercado tenha sido por conta do movimento migratório de pessoas que moravam na Grande São Paulo e procuraram cidades mais para o interior. Mas temos também, por exemplo, operação no interior da Bahia e lá vimos um movimento de investidores de todo o país buscando refúgios. Pessoas buscando segunda residência, mas ainda um local que pudesse locar depois”, conta Carlos.

Fabiano de Marco, sócio da Idealiza Urbanismo

“Ao ficarem em casa, as pessoas buscaram mais lazer, compraram plantas, hortas, desenvolveram hobbies novos, mas também desejaram um escritório mais confortável para trabalhar de casa, mais iluminação, uma melhor ventilação. Todo mundo passou por esses desejos… Quem tinha condições de realizá-los comprou, alugou outro imóvel, se mudou”, comenta Fabiano de Marco, sócio da Idealiza Urbanismo.

Para Mariliza Fontes Pereira, CEO da RioOito Incorporações, a segunda moradia passou a ser a primeira. “Antes da pandemia, já observávamos muitos clientes procurando uma segunda residência, para passar o final de semana, por exemplo. Mas com a chegada da Covid-19, esse movimento se intensificou e inverteu: a segunda moradia virou a primeira”.

Mariliza Fontes Pereira, CEO da RioOito Incorporações

A incorporadora, que atua no Rio de Janeiro, tem notado um aumento da demanda por condomínios com área de lazer. “Tivemos casos de mudança estimulada por home office, mas mais ainda de famílias fechando negócio para que seus filhos possam brincar em segurança, pois no Rio, por exemplo, isso não é mais possível por conta da violência. Então, há uma forte demanda por condomínios fechados com segurança 24 horas e as áreas de lazer ao ar livre que oferecemos têm sido um grande diferencial. Itens como ciclovia, deck de pesca, redário, academia ao ar livre e espaços de contemplação são muito desejados por quem deseja morar no interior”, compartilha.

Vai durar?

Existe a preocupação em desenvolver empreendimentos que atendam demandas dos clientes além da pandemia, uma vez que ainda não sabemos quais os impactos que a pandemia terá na moradia pós-Covid19. “Há mudanças que são momentâneas e mudanças permanentes. Na nossa opinião, as mudanças decorrentes da pandemia são momentâneas: morar no subúrbio, numa casa, ir para casa de segunda moradia e ficar hospedado na praia trabalhando, são mais transitórias. Por outro lado, as mudanças tecnológicas, de pessoas dominando mais um Zoom, a comunicação das empresas de forma remota, o advento da tecnologia 5G, e a evolução da programação e do sistema de videoconferência, vai melhorar ainda mais a experiência de trabalhar remotamente. São mudanças que podem interferir em demandas do mercado imobiliário futuramente, que foram aceleradas pela pandemia, mas que na verdade foram provocadas pela tecnologia”, analisa Fabiano.

“Temos o cuidado de fazer o projeto para a cidade. Ou seja, para cada região desenvolvemos um empreendimento que leva em consideração o histórico do local e as preferências de quem mora nele, inclusive pensando em diferentes tipologias. Por isso, investimos bastante em pesquisas. Acredito que não há segredo; é fazer um bom produto, com preço que caiba no bolso do cliente. Toda a minha equipe é preparada para enxergar que naquela casa vai morar uma família que conseguiu comprar o imóvel e que merece um produto à altura”, comenta Mariliza.

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