Queda nos fundos imobiliários assusta, especialista não vê risco de bolha
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Queda nos fundos imobiliários assusta, especialista não vê risco de bolha

22 jan 2020
Última atualização: 21 janeiro 2020
Redação Imobi
Redação Imobi
8 min
Queda nos fundos imobiliários assusta, especialista não vê risco de bolha

Os fundos imobiliários apareceram de forma recorrente em 2019, nas matérias que a curadoria do Imobi selecionou na imprensa. Não foi por acaso: a base de investidores em FIIs em 2019 teve um ganho médio de 32 mil novos cotistas por mês até outubro. Só que, depois de toda essa agitação, nos primeiros dias deste ano, os FIIs tiveram o pior pregão desde 2017, o que levou alguns investidores a acender o sinal de alerta sobre a iminência de uma bolha dos fundos imobiliários.

Calma lá. Em um artigo publicado no portal Seu Dinheiro, Alexandre Mastrocinque, um dos principais especialistas em FIIs no país, rebateu os profetas do apocalipse. “Não tem nenhuma bolha prestes a estourar. Pode-se argumentar que o cupom das NTNs (notas do tesouro nacional) está baixo demais – se for o caso (não estou dizendo que é), o problema é macro e não dos FIIs e a correção deveria vir na Bolsa como um todo”. Vale a leitura da explicação sobre o conceito de bolha econômica.

Na primeira semana do ano, o Banco Inter anunciou a criação de dois índices de FIIs, que permitirão acompanhar a performance dos ativos. O IFI-D é composto de fundos que investem em títulos lastreados em imóveis, os “fundos de papéis”. Já o IFI-E abrange os chamado “fundos de tijolo”, aqueles que investem em imóveis para renda por meio do aluguel. Aliás, o Santander também começou a negociar na Bolsa seu fundo de tijolo, o Santander Renda de Aluguéis.


Incorporadoras

Alinhado às tendências na moradia,lançamentos imobiliários começam o ano incorporando novas ideias. Além dos apartamentos compactos e o compartilhamento de ambientes, espaços para receber e armazenar encomendas (inclusive congeladores), sala de ferramentas e bicicletas compartilhadas fazem parte das novidades. Segundo o gerente de vendas da Precisão Vendas, Marcel Galper: “As pessoas vão compartilhar áreas de serviço para a lavagem de roupa e até salas de visita. Os apartamentos em si deverão ser apenas para as pessoas passarem a noite e utilizarem o banheiro. Fora desse ambiente tudo deverá ser compartilhado”, explica.

A Housi, startup da Vitacon, também aposta nestes serviços diferenciados, mas por meio de parcerias com outras plataformas. O edifício VN Ueno, em SP, oferece cadeiras massageadoras para manicure e pedicure da startup Singu, estações para aluguel de carros, bicicletas e patinetes elétricas (das empresas Grow, Lev, Movida e Turbi), salas para consultas médicas (da startup Docway), congeladores com marmitas artesanais (da startup Apptite) e armários para entrega de comida (do aplicativo iFood). A Housi também pretende oferecer ainda mais hotéis cápsulas (aqueles com quartos de 2 m²) e expandir para mais sete capitais. 

Embora a construção civil tenha dado sinais de melhora no último ano, com uma possível alta de 2%, o setor deve demorar mais de uma década para retomar o pico alcançado em 2013. É o que aponta estudo realizado pela coordenadora de Projetos e Construção da FGV/IBRAE, Ana Maria Castelo, divulgado pelo Estadão. Conforme a pesquisa, a expectativa de retomada de construções se reflete positivamente, porém de forma tímida em comparação a outros segmentos.

Investimentos bilionários devem aquecer o mercado imobiliário em 2020. Buscando fortalecimento para os seus lançamentos, ao menos cinco construtoras residenciais devem entrar na bolsa este ano, com ações equivalentes a R$ 5 bilhões. Em 2019, o volume de novos imóveis foi de 6,8% superior ao registrado em 2018. As vendas de novas unidades também cresceram 9,8% em comparação ao ano anterior, segundo dados da Abrainc. O Índice Imobiliário da Bolsa valorizou 73,9% no ano passado, mais do que qualquer outro listado.

As loteadoras também fazem sua parte na retomada. Segundo uma pesquisa realizada pelo Secovi, foram lançados 6,5 mil lotes residenciais no primeiro trimestre de 2019. Nesse mesmo período, em 2018, 4,9 mil lotes foram implementados, somando um crescimento de 32%. Para atender a essa demanda, as empresas estão procurando novas formas de se destacar. É o caso da startup InstaCasa, que já apareceu aqui no Imobi e oferece modelos em simulação digital para os loteamentos parceiros. No mercado, começam a surgir também startups de impressão 3D, como a InovaHouse 3D utiliza a automatização para entregar um imóvel em curto espaço de tempo.


Imobiliárias

A plataforma de locação da Brasil Brokers, Desenrolairá chegar em São Paulo nos próximos meses. Ela já funciona nas cidades de Cuiabá e Goiânia e digitaliza todo o processo de locação, desde o agendamento de visitas, até o envio da documentação e assinatura do contrato. Outro diferencial oferecido ao cliente é o sistema de busca por voz, que permite a pesquisa pelo nome da rua, bairro e cidade. Segundo o Google, estima-se que 50% de todas as buscas serão feitas por voz até 2020.

Um relatório do Desenrola circulou nos grupos imobiliários, neste início de ano. Alguns destaques: a Brasil Brokers movimenta mais de R$ 140 milhões por ano e apenas 10% desta receita vem das locações residenciais. A expectativa com o Desenrola é aumentar a participação do aluguel para 20% ao ano. Em operação em Goiânia desde agosto de 2019, alugou no período mais de 900 imóveis.

A Faria Lima dos galpões. Com a expansão do e-commerce, a procura por galpões logísticos cresce no país. E um estudo realizado pela plataforma SiiLA Brasil mostra que a cidade de Cajamar, em SP, concentra mais de 1,3 milhão de m² de galpões para alugar. De olho nesse nicho, o fundo americano de investimento GTIS e a incorporadora Etoile estão concluindo outros 153 mil m² de galpões em Cajamar, que serão destinados à locação.

Como as imobiliárias bem sabem, o início do ano é aquecido no mercado da locação. Um levantamento realizado pelo QuintoAndar aponta que os meses de janeiro e fevereiro são os melhores períodos para alugar. Segundo a pesquisa, nesta época o imóvel pode ser alugado até 50% mais rápido que nos demais meses do ano. O percentual vem se repetindo nos últimos três anos. Os motivos mais recorrentes são a virada de ano, início de ano letivo nas escolas e faculdades, reorganização financeira e encerramento de contratos vigentes.


Tecnologia

A Katerra, startup de construção modular, assinou um contrato com a Arábia Saudita de US$ 650 milhões para construir 8 mil casas. A empresa, que estaria mal das pernas depois de fechar uma de suas fábricas nos EUA, demitir mais de 200 colaboradores e ter um dos fundadores deixando a diretoria, foi defendida por um de seus investidores: “Muitas pessoas não percebem que a Katerra é um negócio diversificado, com múltiplos fluxos de receita, dos quais o internacional é um componente importante”, afirma Travis Putnam. Segundo o CEO da startup, a companhia deverá entregar de 10 a 15 casas por dia a partir do segundo semestre de 2020. (inglês)

O Consumer Electronics Show (CES), maior feira de eletrônicos de consumo, aconteceu nas primeiras semanas do ano. O Inman trouxe as principais inovações para o imobiliário e para os corretores. Destaque principalmente para as inovações das smart homes, ou casas inteligentes. Luz, água, fechaduras e outros features fazem uso da inteligência artificial para prever necessidades e facilitar a vida dos moradores. É um conceito diferente das casas conectadas, que também são ligadas à internet, mas apenas reagem a pedidos dos usuários. (inglês)


Mundo

O problema com moradia acessível nos EUA está em evidência nas pautas governamentais. Não é por menos, uma vez que é ano de eleições e o tema é pauta de vários candidatos. O salário médio de 7 em cada 10 famílias americanas não é o suficiente para comprar uma casa no país. E o aluguel também está cada vez mais inacessível nos EUA, com um aumento médio de 36% nos últimos 10 anos, enquanto a renda aumentou apenas 27%. (inglês)

O Governo Trump vislumbra algumas frentes: criminalizar acampamentos, transformar imóveis governamentais vazios em abrigos e focar nos abrigos que têm como contrapartida a sobriedade do morador. Também há a ameaça de retirar o financiamento habitacional das cidades que se recusarem a cumprir as regras do governo federal. (inglês)

Na Califórnia, o governador Gavin Newsom propôs um plano de ação que multa as cidades que não lidam com a questão dos sem-tetos. Na proposta, a cidade é obrigada a fornecer abrigos ou a pagar taxas. Para entrar em vigor, a medida precisa passar pela aprovação de deputados. (inglês)

A Microsoft anunciou mais US$ 305 milhões para suas iniciativas que apoiam a moradia acessível em Seattle, onde fica sua sede. O investimento é dividido em quatro frentes, sendo duas delas para financiar a construção de imóveis populares, e as outras duas para instituições filantrópicas que preservam bairros e moradias populares já existentes. (inglês)

Em um artigo da Bloomberg, o jornalista Noah Buhayar explica que, mesmo com os esforços das gigantes de tecnologia em doar milhões de dólares para a moradia acessível, ainda não é o suficiente. Nas regiões onde estão as sedes de empresas como a própria Microsoft, Amazon, Google, Facebook e Apple, os custos para construção são tão altos que os investimentos não rendem a quantidade de casas o suficiente para as demandas locais. (inglês)


Estamos de Olho

Segundo a Zillow, a geração Z poderá ter mais imóveis do que os millennials, pelo menos nos Estados Unidos. Uma pesquisa com especialistas analisou as perspectivas em relação à propriedade de imóveis entre adultos de 35 e 44 anos em 2035, comparadas à taxa atual. Para 38% dos entrevistados, os adultos proprietários deverão ser em maior quantidade do que são atualmente. Além da geração Z demonstrar interesse em possuir um imóvel, também deve encontrar um mercado mais favorável e estável. (inglês)

Como é o dia a dia de um corretor de luxo em Los Angeles? A CNBC acompanhou a rotina de Aaron Kirman, corretor que já vendeu cerca de US$ 6 bilhões em sua carreira, ao longo de 25 anos. Além das casas valiosíssimas, o vídeo revela diferenças entre o formato de corretagem nos EUA, onde o corretor atua de forma independente, mas com uma equipe administrativa que o apoia em funções como controle de agenda e resposta a e-mails. Vale o clique. (inglês)

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