O futuro do setor imobiliário, segundo o fundador do Inman
Resumo
Brad Inman, jornalista, fundador e CEO do Inman, escreveu uma carta aberta ao setor imobiliário, que o Imobi Report reproduz aqui na íntegra.
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Todos os anos, muitos dos principais executivos, empresários e investidores imobiliários se reúnem na conferência Inman Disconnect para traçar um caminho para o futuro da indústria. No passado, essas discussões eram privadas ou os comentários dos participantes eram publicados anonimamente.
Pela primeira vez, o Inman, principal portal especializado no mercado imobiliário dos Estados Unidos, revelou o conteúdo dessas conversas em detalhes, publicando um Roteiro para o futuro do setor imobiliário para ajudar a indústria em geral a navegar nas águas agitadas deste ano.
Para apresentar o Roadmap, Brad Inman, jornalista, fundador e CEO do Inman, escreveu uma carta aberta ao setor imobiliário, que o Imobi Report reproduz aqui na íntegra.
Uma carta ao setor imobiliário
De Brad Inman
Fundador, Inman Group
Cara Indústria Imobiliária,
Seu futuro parece confuso? Não é de admirar – falências de bancos, guerra na Europa, inflação nas alturas, aumento das taxas de juros, intervenção agressiva do Banco Central e uma economia global instável: cada fator tem sua parcela de influência. E ninguém sabe o que mais pode vir pela frente.
Nossas vidas profissionais e pessoais foram abaladas por esses eventos imprevisíveis e que rapidamente se modificam.
Onde tudo isso vai nos levar, como profissionais e como indústria?
Imagine por um momento se você pudesse ver claramente:
A vida após a correção do mercado: voltaremos a volumes robustos de transações? Quando? Haverá mais ou menos estoque? Para quanto cairão as taxas de juros?
A vida após os megaprocessos da indústria: como será a vida depois que os agentes dos compradores [nos EUA, em cada transação há um agente que representa o comprador do imóvel e outro que representa o vendedor] assumirem uma nova função e isso gerar um novo modelo de negócios para a corretagem? Como as comissões mudarão e como os agentes serão compensados?
A vida após o colapso das proptechs: quem sobreviverá e quem prosperará? Onde há oportunidades no rescaldo? A transformação digital parou enquanto os inovadores lutam para se manter vivos?
A vida após as consequências confusas da covid: como nós mudamos – o bom, o mau e o feio?
Foi exatamente isso que 70 líderes da indústria tentaram descobrir juntos no Inman Disconnect, de 27 de fevereiro a 1º de março deste ano, no deserto de Palm Springs, Califórnia.
Foi uma séria discussão de três dias em um sério momento para a nossa indústria.
A sabedoria coletiva desse grupo experiente mapeou como será a indústria dentro de um ano – e também como ela deve agir para enfrentar as mudanças inevitáveis que estão por vir.
Alguns destaques:
- 2023 continuará incerto e volátil. A indústria deve se preparar para um mercado imobiliário vacilante, já que as taxas de juros permanecem altas durante o verão [do Hemisfério Norte].
- A oportunidade é mais difícil de encontrar, mas menos para corretores e agentes que ajudam seus clientes a navegar pelas mudanças.
- A recuperação está esperando nos bastidores para 2024, quando a demanda reprimida será liberada no mercado.
- Os preços das casas cairão em muitos mercados, mas os vendedores se tornarão mais realistas, pois os estoques permanecerão apertados.
- A consolidação da indústria vai aquecer à medida que os corretores mais fracos enfrentam o fracasso. Sobreviverão agentes, equipes e corretores que tenham liquidez, gerenciem seus custos e liderem com sua cultura.
- As consequências do covid diminuíram, mas o valor da casa nunca foi tão importante.
- A grande reorganização geográfica terminou, mas o valor da realocação nunca foi tão importante, enquanto as pessoas buscam por segurança e áreas alinhadas com seus valores.
- Os fenômenos de acessibilidade, política tributária e trabalho em casa continuarão a acompanhar o realinhamento geográfico.
- Até o final deste ano, teremos uma visão mais clara das consequências dos processos do setor. Os litigantes, o DOJ [Departamento de Justiça, equivalente ao Ministério da Justiça americano] e a FTC [Comissão Federal de Comércio dos EUA, autoridade encarregada de regulamentar a livre concorrência e os dados corporativos no país, de atribuição semelhante à do Cade no Brasil] estão trabalhando furiosamente para reformular a forma como os imóveis são comprados e vendidos.
- A tradição de cooperação dos corretores, como a conhecemos, será ameaçada se as taxas do agente do comprador forem embutidas nos documentos de liquidação.
- As taxas e as relações com os agentes serão mais transparentes. Haverá confusão no curto prazo, mas novos modelos com mais clareza tomarão forma no longo prazo.
- O colapso das proptechs ainda não acabou, pois essas empresas emergentes de tecnologia correm para obter lucro. Muitas fecharão, enquanto outras se fundirão, pois o financiamento subsequente continua sendo um desafio.
- A inovação não terminará, pois os avanços da Inteligência Artificial remodelam o marketing imobiliário, ajudam a abrir dados de propriedades e tornam os agentes e corretores ainda mais produtivos.
- A Inteligência Artificial levará ao fim de muitos trabalhos administrativos, mas tornará as empresas mais eficientes e lucrativas.
Toda a indústria está sendo testada. Nunca a colaboração, as parcerias, a tecnologia e o realismo foram tão importantes.
Depois disso, a indústria ficará mais enxuta, porém mais forte e mais bem equipada para criar uma experiência positiva para o consumidor.
Cada vez que a indústria se reúne na Disconnect, fico impressionado com a sinceridade dos líderes imobiliários – e seu verdadeiro desejo de implementar a mudança que desejam ver.
Esse ano não foi exceção.
Mesmo quando uma luz surge, talvez distante, no fim do túnel, todos nós precisamos uns dos outros mais do que nunca. Sou grato a todos que passaram três dias no deserto conosco no Disconnect 2023 e peço a todos que leiam o roteiro completo para o futuro do setor imobiliário que a Inman está publicando esta semana.
A estrada à frente está livre. Vamos fazer isso.
Atenciosamente, Brad Inman.
Por Daniel Houston (traduzido do Inman)
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