Isaías, o corretor-corredor
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Isaías, o corretor-corredor

09 ago 2020
Ana Clara Tonocchi
Ana Clara Tonocchi
3 min
Isaías, o corretor-corredor

Parece trava-língua, mas é como Isaías José da Silva se define: o corretor-corredor. Quando está na pista, o corredor-corretor. Mas as palavras andam (ou correm) sempre lado a lado. Isaías tem 18 anos de corretagem, 12 anos de corrida. “Trabalhava como vendedor em uma loja de tecidos, mas queria mais para minha carreira. Procurei um plantão de vendas, conversei com um corretor e ele me incentivou bastante. Deu certo, entrei em uma imobiliária e trabalhei por um ano e meio, dividindo meu tempo entre a loja de tecidos e a corretagem”, conta.

Depois deste test drive, procurou a formação e cursou transações imobiliárias na Universidade Federal do Paraná. “Quando comecei o curso, entrei na imobiliária que atuo até hoje, a JBA. Uma imobiliária maior, para conciliar a prática e a teoria. De lá pra cá vesti a camisa, fiz inúmeros cursos, participei de inúmeros congressos e hoje é o que eu vivo e respiro”.

A corrida veio logo em seguida, alguns anos depois. “Depois de três anos no escritório, estava com muito sangue nos olhos. Investia muito em literatura, conhecimento, plantões de venda, me joguei de cabeça. Começou a dar muito resultado, só que começou a conturbar a cabeça. Precisava de alguma coisa para aliviar o estresse”, compartilha. Foi quando os amigos indicaram: sai da esteira e vai para a rua. Começou com provas de 5 quilômetros, passou para 10 km e hoje tem 11 maratonas no currículo. “Até hoje eu uso como terapia: tô correndo, tô me preparando para aquela negociação, para aquele cliente, organizando meus pensamentos”.

Como corretor, seu maior desafio é chegar ao entendimento das partes e atender às expectativas de todos os envolvidos. “Cada dia é único e cada cliente tem uma demanda, um sonho. Eu entro na vida das pessoas, elas me procuram com um problema, elas querem sair da casa própria, elas querem sair do aluguel, elas querem se separar, casar, investir, me procuram”, conta. Mas a recompensa vem: Isaías tem casos de que na mesma família já fez mais de dez negócios: a casa do filho ficou pequena, a dos pais ficou grande, o tio tinha um apartamento para vender…

Já na corrida, é a preparação para grandes provas que exige muita disciplina. É preciso conciliar a agenda de clientes, contratos, processos, com treino, aquecimento, alongamento, fisioterapia. Um treino de maratona pode chegar a 460 km corridos por mês.

Isaías se desafiou a ir além: correr uma maratona em menos de três horas – a temida sub 3. “A sub 3 foi meu maior desafio. Tentei algumas vezes, cheguei em resultados muito pertos e, quando quase desisti, consegui. Aí percebi que é perseverança, dedicação e não aquele bicho de 7 cabeças. É aprender com o erro, corrigir os erros. E isso eu levo para a própria corretagem: o que eu errei, o que aconteceu? No caso da sub 3, aprendi que preciso me preparar mais e me cobrar menos. O resultado vem naturalmente. Quanto mais tempo você se dedica e mais energia coloca, mais alcança os resultados esperados – tanto na corrida quanto na corretagem”, analisa.

Agora, ele persegue as six majors, ou seja, as 6 maiores maratonas do mundo: Nova York, Chicago, Boston, Berlim, Londres e Tóquio. Faltam as duas últimas.

Isaías, o corretor-corredor

Corretor até no meio da corrida

Isaías encontra clientes, também, no hobby. É conhecido na academia que treina como o corredor-corretor e já foi até abordado no meio de uma prova: “Uma vez tava lá em Quatro Barras (região metropolitana de Curitiba), correndo no meio do mato e um rapaz que conhecia minha esposa me parou, me deu seu número de telefone no meio da corrida porque precisava vender um apartamento. Depois da corrida, vendi!”, comemora.

Além da paixão em comum, Isaías relaciona a corrida com a corretagem sem mal perceber: “Sem disciplina, você pode brilhar a curto prazo em uma imobiliária. Sabe aquele cara, um ano ele foi ponta, um ano ele teve os melhores resultados. Aí estacionou. Não manteve contato, seu bom atendimento não ecoou”. Fica a lição: corretagem não é 100 metros rasos. É maratona.

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