Elas estão com tudo: a trajetória das mulheres no mercado imobiliário
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Elas estão com tudo: a trajetória das mulheres no mercado imobiliário

09 mar 2020
Ana Luísa Pereira
Ana Luísa Pereira
3 min
Elas estão com tudo: a trajetória das mulheres no mercado imobiliário

29%. Essa é a porcentagem de mulheres que atuam como corretoras no Brasil atualmente, segundo o Conselho Federal de Corretores de Imóveis, o Cofeci. O número ainda é tímido, mesmo levando em consideração que somente há 62 anos a profissão passou a ser possível para mulheres no Brasil. Mas essa conquista existe e ela vem sendo representada com o crescimento da participação da mulher nas imobiliárias e incorporadoras. Somente na última década, a presença das mulheres cresceu 144%, ainda segundo o Cofeci, demonstrando que elas estão chegando com tudo. E uma das ferramentas que as mulheres vêm utilizando para isso é a profissionalização.

De acordo com o Censo do Ensino Superior de 2018, elas representam a maioria dos estudantes na graduação e contabilizaram mais de 8,5 milhões de matrículas em cursos superiores no ano. As mulheres estão se profissionalizando mais e entendem que esse é um diferencial no mercado. A Universidade Federal do Paraná, que possui em sua grade o curso Tecnólogo em Negócios Imobiliários, registra um grande número de mulheres se qualificando na área. De todos os alunos formados no curso, 48% são mulheres. 

“A maioria dos nossos alunos são pessoas que já atuam no mercado e que estão em busca de se especializar. O que é possível observar é que as mulheres, para se diferenciar no ramo, buscam a profissionalização e a especialização”, conta Silvana Carbonera, vice-coordenadora do Tecnólogo e do MBA. “Essa é uma área que pode trazer muito retorno para as mulheres, pois tem espaço, traz retorno financeiro e ainda possibilita que elas possam conciliar maternidade e carreira, pois há uma flexibilidade de horário”, completa.


Dificuldades no mercado

Assédio moral, sexual, desigualdade salarial, maternidade versus carreira, jornada dupla, tripla são alguns dos tópicos que fazem o dia a dia profissional das mulheres mais difícil. Segundo um estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho, a desigualdade de gênero no mundo de trabalho é a mesma há 27 anos. Ainda segundo a instituição, em 2018, a probabilidade de uma mulher arranjar um emprego era 26% menor que a de um homem.

O mercado imobiliário não foge à regra. Com 71% dos profissionais do gênero masculino, a profissão pode ser um desafio para as mulheres. “Hoje, vemos muitas mulheres atuando nesse mercado, mas a maioria delas estão no backstage, acabam ficando em segundo plano. Outro ponto é que muitas só conseguem chegar num nível gerencial. É muito difícil ascender para além disso. O próprio fato de enxergarem esse mercado como masculino impede esse avanço das mulheres”, afirma Elisa Tawill, fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário.

A percepção da Elisa sobre a ascensão das mulheres baseia-se na sua vivência e em dados. No Brasil, as mulheres representam apenas 2,8% dos cargos mais altos de liderança, segundo o estudo International Business Report, realizado em 2017.

Elisa Tawill, fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário

Sorori quê?

Sororidade tem origem no latim, da união entre os termos soror, irmã, e irmandade. Nos Estados Unidos, a palavra é sinônimo das fraternidades universitárias. Fraternidade é a palavra-chave: denota a empatia. É a ideia de mulheres apoiando mulheres e quebrando a ideia da rivalidade feminina, com uma rede de apoio. No mercado, essa regra de crescimento mútuo e evolução pessoal vem sendo aplicada em muitas áreas.

Sororidade também é o centro do movimento Mulheres do Imobiliário. O grupo surgiu de uma experiência pessoal de Elisa: após enfrentar uma crise em sua carreira, uma mensagem no LinkedIn de outra mulher, Renata Botelho, a levou até um café de duas horas. As histórias, que praticamente eram as mesmas, se transformaram em uma parceria. “O movimento surgiu de uma insatisfação, e pelo fato de, depois de muito tempo atuando no ramo imobiliário, eu nunca me senti representada. É um mercado que não costuma dar voz nem oportunidade para as mulheres”, conta Elisa.

Hoje, o movimento possui mais de 450 mulheres e realiza encontros periódicos. “Nossa luta é de reconhecer o espaço que conquistamos até aqui, reforçando nosso papel e importância no setor, nos unindo em uma rede de apoio para propagar, apoiar e capacitar outras mulheres”, conclui Elisa.

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