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Ou: um pouquinho menos de área nos escritórios, um pouquinho mais de área nas residências.
Passados dois meses de isolamento social em muitas cidades, já deu para perceber sinais de mudanças de hábitos dos brasileiros. E isso se reflete, inclusive, em sua relação com a moradia, o que deve gerar uma grande transformação do mercado imobiliário no período pós-pandemia. São indícios como a valorização de espaços residenciais maiores, ao mesmo tempo em que os imóveis comerciais e compartilhados perdem bastante de sua força. Em outras palavras, aquele pedaço que sobrou no escritório passará a ser incorporado às novas residências.
As primeiras mudanças já estão sendo sentidas, como, por exemplo, a procura por aluguel de imóveis maiores, em função da adoção do home office como modalidade de trabalho, que exige mais espaço dentro de casa. Estima-se que, mesmo depois da pandemia, deve haver um aumento de até 30% no número de trabalhadores em home office. Por isso, muita gente deve trocar os pequenos apartamentos com grandes áreas comuns por casas maiores e mais confortáveis.
Outra mudança significativa no perfil de buscas por imóveis durante a quarentena foi um aumento na procura por casas afastadas dos centros urbanos. Os principais interessados nessa “mudança de ares” são os aposentados e profissionais que passaram a adotar o home office. Apesar das facilidades dos grandes centros urbanos, muita gente começou a sentir falta de ambientes mais tranquilos e maior contato com a natureza.
O isolamento social também tem trazido uma maior valorização dos momentos em família. Por isso, outra tendência que pode surgir com a quarentena é a busca por residências multigeracionais, com capacidade de abrigar pessoas de diferentes gerações.
Mesmo assim, as construtoras continuam com seus lançamentos de imóveis para quem mora sozinho. Afinal, são mais de 10 milhões de domicílios no país com apenas um morador, de acordo com pesquisa de 2018 do IBGE.
Comprovando que a mudança para o home office é uma tendência que chegou para ficar, as grandes corporações já mostram que não têm intenções de voltar ao “antigo normal” tão cedo. O Twitter anunciou que seus funcionários poderão trabalhar de casa “para sempre”. Todos os escritórios ficarão fechados até setembro e, depois disso, os trabalhadores poderão escolher se querem voltar a trabalhar de forma presencial ou não. No caso do Google e do Facebook, também já está definido que a grande maioria de seus funcionários vai trabalhar de casa até 2021.
Tudo isso reflete um “novo mundo corporativo”, principalmente no que se refere a prédios corporativos de alto padrão, que viam uma retomada no mercado, mas agora terão que se adaptar a essa nova realidade.
Os impactos do home office sobre o nosso psicológico já vêm sendo estudados. Para reduzir os danos à saúde, é preciso ter cuidado na organização de sua estação de trabalho dentro de casa.
Imobiliárias
Diante do atual cenário econômico, várias instituições bancárias resolveram realizar leilões de imóveis, oferecendo até 70% de desconto em 515 propriedades, distribuídas em 21 estados brasileiros. Até o momento, as marcas que estão participando da ação são Bradesco, Inter, Pan, Santander e Safra.
Outra novidade da semana foi a prorrogação do prazo de suspensão do pagamento de dívidas no pagamento de prestações da casa própria por mais um mês para clientes da Caixa Econômica, totalizando quatro meses.
Em tempos de crise, vale ter um cuidado maior com os boletos. Artigo de Maria Inês Dolci para a Folha de S. Paulo alerta sobre a falsificação de todos os tipos de boletos nesse período de pandemia. Ela lembra que cabe ao fornecedor oferecer formas seguras de pagamento para evitar fraudes.
Incorporadoras
Canteiros de obra continuam ativos apesar da pandemia da Covid-19 e a construção civil demitiu menos trabalhadores em abril de 2020 do que em abril de 2019. Mais especificamente, a taxa foi 8% menor no comparativo entre os dois anos. Além disso, no primeiro quadrimestre, o número de pedidos de seguro-desemprego de trabalhadores do setor foi 11,55% menor que o ano anterior.
Apesar de não haver demissões, também não há projeção para novas contratações. Em entrevista ao Imobi, a advogada Ana Carolina Osorio, sócia do Osorio Batista Advogados, comenta: “A construção civil é setor essencial ao desenvolvimento econômico do país. Segundo dados da ABRAINC, de 2018 para 2019 houve crescimento em 52% na geração de empregos, quando o setor dava sinais de reaquecimento. Infelizmente a projeção de aumento dos empregos em 2020 não irá se concretizar, pois a pandemia resultou na paralisação de muitas obras diante de redução na procura por imóveis”.
Um levantamento da CBIC aponta que, das projeções de lançamentos para 2020, que somavam R$ 50 bilhões, 82% estão cancelados ou sendo revisados para postergação.
Para conseguir desaguar projetos que já estejam finalizados, as incorporadoras também estão investindo nas vendas digitais. De Curitiba a Paraíba, empresas unem-se em Feirões Digitais e apostam em novas plataformas de atendimento virtual.
A VCI, investidora do Hard Rock Hotel em Fortaleza, desenvolveu uma plataforma de franquia para comercialização de frações imobiliárias. No modelo, corretores independentes recebem treinamentos online para vender frações do Hard Rock Hotel Fortaleza e Ilha do Sol, no Paraná, ambos empreendimentos de multipropriedade.
Techs
Se estávamos (e ainda estamos) vivendo na sociedade da economia compartilhada, essa começa a ser colocada à prova. Esta reportagem do UOL aponta que, antes da pandemia, a previsão da consultoria PwC para a economia compartilhada era de gerar US$ 335 bilhões até 2025, mas essa projeção agora é incerta. Para um dos entrevistados, apesar das inseguranças, empresas como o Airbnb não devem sentir tanto o impacto por construir uma imagem segura com os clientes e por ter adotado um protocolo de higienização: “Assim que as pessoas voltarem a viajar, elas tenderão a buscar espaços onde se sintam no controle. Podem não querer passar por um saguão movimentado de hotel ou ficar em lugares onde não sabem quem estava lá antes”.
Já outra matéria, também do UOL, aponta que este conceito refere-se ao coletivo e, portanto, a economia compartilhada não chega ao fim, mas a sua reestruturação. Os coworkings, por exemplo, que estão sofrendo com o ápice da epidemia, poderão se beneficiar depois: a tendência é diminuir a densidade de pessoas por escritório, liberando os colaboradores para home office. Destes, muitos poderão optar por coworkings.
Duas notas rápidas sobre digitalização: essa reportagem da Pequenas Empresas & Grandes Negócios traz a Facilita como case de digitalização na compra e venda, e a RuaDois na digitalização de contrato de aluguéis. Já essa matéria da New Voice conta sobre o novo chatbot para WhatsApp da Apto.
Mundo
Na Inglaterra, a construção civil também é considerada como vetor importante para retomar a economia. O ministro da Habitação e das Comunidades, Robert Jenrick, anunciou medidas para estímulo do setor, como regras para visitas presenciais, obras com horários flexíveis (até às 21h) para manter o revezamento de trabalhadores e programa de desconto na compra de imóveis para profissionais de saúde, professores e policiais.
Construir mais moradias significa que cidade é mais acessível? É a pergunta que guia esse artigo do ArchDaily, que analisou cidades como Vancouver, Sydney, Nova York, Hong Kong, Curitiba e Goiânia. O cenário muda em cada país, mas a conclusão é que, quando as políticas habitacionais municipais são baseadas na quantidade de imóveis no mercado, a moradia se torna acessível.
Para ver: uma galeria de cidades-fantasma durante a pandemia do coronavírus. São imagens de Xangai, Paris, Milão, Madri e São Paulo, acompanhada dos depoimentos de suas respectivas fotógrafas.
Estamos de Olho
Amanhã, às 19h, no Instagram da CUPOLA, o CEO Rodrigo Werneck e Michel Prado, editor desta newsletter que vos escreve, vão comentar sobre infoxicação, a intoxicação pelo excesso de informações dispersas e caminhos para filtrar informações relevantes em meio à avalanche de conteúdos.
Com mais tempo em casa, mudam os hábitos e as procuras no Google. O Nexo produziu uma matéria com (ótimos) gráficos para ilustrar as mudanças nas buscas na internet entre 7 de janeiro e 7 de maio. Se você está de home office, vai se identificar: “cadeira de escritório” e “webcam” tiveram aumento de mais de 50% nas buscas. Já “máquina de cortar o cabelo” e “pijama” foram palavras em alta nos itens de uso pessoal.
As pessoas também estão com mais tempo para se dedicar a algumas atividades em seus lares. Em São Paulo, parece que as pessoas estão separando melhor seus lixos. A coleta de resíduos recicláveis cresceu em 23%, enquanto o lixo comum diminuiu 12%. Bom para o meio ambiente, mas desafio para os condomínios, que viram uma crescente nos resíduos residenciais.
Outra discussão refere-se ao uso de máscaras nas áreas comuns dos condomínios. Para o advogado Rodrigo Karpat, vai da decisão dos síndicos a obrigatoriedade do uso das máscaras, inclusive aplicando penalidades caso o uso seja descumprido. A primeira orientação é educar e deixar claro para seus condôminos a importância das máscaras. No segundo momento, poderá ser pensado o uso de sanções.
Depois de semanas seguidas com lives de famosos, vemos que até os artistas estão ressignificando suas casas. A Anitta, por exemplo, transformou um dos andares da sua casa em um estúdio, que será o cenário do seu novo programa no Multishow.
Tudo certo! Continue acompanhando os nossos conteúdos.
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