[119] A alta no preço da energia elétrica e os impactos na construção civil
Resumo
Na curadoria da semana temos o impacto do aumento da energia elétrica na construção civil, gerente de locações vira cientista de dados e mais
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Na última semana, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, anunciou um aumento de mais de 20% na bandeira vermelha da conta de luz. Se os insumos da construção civil já passavam por uma escalada de preços, o setor deve se preparar para um impacto extra nos custos. A fabricação de muitos materiais demanda alto consumo de energia e esse custo deve ser repassado ao preço final de produtos como alumínio, aço e cimento. Já o impacto nas contas de energia das obras não chega a ser tão relevante para o orçamento das incorporadoras.
No primeiro trimestre, os custos de produção comprometeram o resultado das empresas. Segundo levantamento da Economatica,o lucro líquido das incorporadoras brasileiras caiu praticamente pela metade entre o último trimestre do ano passado e o primeiro deste ano. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, José Carlos Martins, presidente da CBIC, comenta que a alta de custos de produção é uma das razões para a queda na lucratividade.
Para driblar os impactos da alta dos insumos, empresas tomam medidas diferentes. A Modularis Offsite Building, por exemplo, optou por fazer uma parceria com a ArcelorMittal, gigante na produção de aço. Já a Modularis, que tinha como foco construções para grandes indústrias, pretende acelerar projetos no segmento residencial com a parceria.
Paralelamente, entidades da construção civil estão buscando o apoio do governo federal. Em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a CBIC apresentou indicadores do mercado imobiliário para ilustrar como a alta nos preços dos materiais afeta a recuperação da construção civil e, consequentemente, do PIB. Segundo participantes da reunião, Guedes ouviu as demandas, destacou a necessidade de aprovação das reformas tributária e administrativa, mas não assumiu compromissos com o setor.
Nesta mesma semana, o Copom elevou a Selic para 4,25%. No Estadão, o vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, Rodrigo Luna, comenta que “ainda há espaço para se manter as linhas (de financiamento imobiliário) atuais”. Já para especialistas ouvidos pela Casa Vogue, a nova Selic pode desencadear alta nas taxas de financiamento, sobretudo em linhas atreladas à TR, mas não deve desaquecer o mercado.
Luiz França, presidente da Abrainc, no UOL, defende que o imóvel ainda segue como investimento seguro: “o ambiente de negócios continua propício, com grande atratividade para investimentos em imóveis em comparação com as aplicações financeiras tradicionais”.
Cristiane Portella, presidente da Abecip, para o Valor Investe: “O patamar no crédito imobiliário é histórico do Brasil. No curto e médio prazo, talvez tenha algum ajuste de taxa para cima. Mas, sem dúvida, ainda estamos na janela de oportunidade pra adquirir um novo imóvel ou partir para um ‘upgrade’”.
No Imobi Report, trazemos um artigo de Glauco Farnezi, CEO da Facilita. Para Glauco, o que pode atrapalhar o mercado imobiliário é a falta de modelos de negócio digitalizados. Com o uso de tecnologia e processos virtuais, construtoras poderão atender as demandas dos consumidores, que passam por uma nova modalidade virtual de venda de imóveis.
O Estadão analisa como o mercado de terrenos residenciais e loteamentos cresceu em 2020. Segundo a Aelo (Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano), a expectativa de crescimento do setor para 2021 é de 10%, principalmente motivada por clientes que buscam se mudar para o interior ou ter uma segunda residência, um refúgio, fora da capital.
Em 2007, a construtora Viver ingressou na Bolsa de Valores. Nove anos depois, em 2016, abriu um pedido de recuperação judicial e, agora, pediu o fim do seu processo de recuperação. A notícia fez as ações da Viver na B3 valorizarem 43,6%. Neste ano, a empresa vai apostar em São Paulo, com produtos para média renda em bairros como Mooca, Butantã e Santana, entre outros. E a palavra de ordem é cautela, para não repetir os erros do passado.
Já o braço da Cyrela que atua em prédios comerciais e shoppings está passando por um rebranding. Até então chamada Cyrela Commercial Properties, a marca passa a se denominar SYN. Segundo documento divulgado para a imprensa, “a iniciativa simboliza um novo ciclo na trajetória da companhia. A companhia busca novos caminhos para mudar o segmento de propriedades comerciais no Brasil. Isso significa reinventar modelos de negócios e assegurar protagonismo, dando visibilidade a uma empresa antenada, moderna e jovem, mesmo dentro de um segmento tradicional”.
Imobiliárias
Pensando em atrair clientes de altíssimo luxo, a consultoria VNC Private Homes, que pertence à Rede Lopes, está apostando em diferenciais como o mapeamento digital, uma ferramenta que facilita a busca por imóveis de alto padrão. A consultoria também dispõe de um site com fotos profissionais, tour de 360 graus e vídeos com drones, além de assessoria jurídica especializada, tudo isso com grande investimento em dados estatísticos e técnicos.
Outro destaque no mercado de alto padrão nesta semana foi a Colnaghi, de Porto Alegre, que registrou um salto de 245% em sua receita no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Apostando em uma equipe focada em lançamentos, a imobiliária pretende crescer de 50% a 70% no segmento de alto padrão até 2023.
Só em Porto Alegre, o mercado imobiliário de luxo movimentou R$ 790 milhões em 2020, de acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica. O valor representa 35,3% do total de vendas de imóveis na capital gaúcha no ano passado, que foi de R$ 2,24 bilhões.
Para você que curte podcast, nesta semana, no Vem pra Mesa, Sergio Langer recebe Sol Pires, corretora de imóveis especializada em lançamentos, com foco em alto padrão e luxo.
Após dois meses de operação no país, a eXp Brasil atingiu a marca de 100 corretores credenciados. Para Ernani Assis, managing director da eXp Brasil, mais do que comemorar o número em si, a companhia ressalta a importância de oferecer garantias contratuais a todos esses profissionais. “O que estamos propondo é uma evolução para o mercado imobiliário brasileiro”, destaca.
Matéria publicada pelo Valor Econômico demostra como o projeto de lei que propõe a troca do IGP-M pelo IPCA como referência para reajuste de contratos de aluguel é um equívoco. A reportagem ouviu diversos especialistas no assunto, principalmente advogados, que apontam que a proposta poderia causar inseguranças jurídicas em um futuro próximo.
As imobiliárias tradicionais apostam cada vez mais em tecnologia, principalmente no que se refere à cultura de dados. Uma das estratégias adotadas pela Orion, de Santa Maria (SC), por exemplo, foi a raspagem de dados. Em entrevista ao Imobi Report, Artur Lunardi, gerente de locações da imobiliária, conta como surgiu o interesse em procurar um curso profissionalizante para aprender essa técnica e aplicá-la em sua rotina na empresa, elevando o tíquete médio da Orion em 18%.
E o Imobi Aluguel desta semana mostra casos de imobiliárias de locação que expandiram sua atuação e vêm se tornando verdadeiras gestoras de investimento. Elas concebem os produtos imobiliários desde o início, muitas vezes em terrenos vazios, e associam-se a investidores, escritórios de arquitetura, construtoras e em alguns casos até aos futuros inquilinos, coordenando todo o processo. Assim, rentabilizam a partir da captação dos investimentos até o objetivo final, que é a administração do novo imóvel.
No dia 30 de junho, a partir das 11 horas, o Imobi Aluguel se aprofunda no tema num webinar com Téo Granado, CEO da Pedro Granado, de Maringá, imobiliária que está se tornando referência nacional em captação de investidores para novos empreendimentos em locação. O evento é exclusivo para assinantes. Teste gratuitamente por sete dias, clicando aqui.
Hoje à noite, a partir das 19h, acontece mais uma edição da Power Class, uma aula gratuita promovida pelo Ibrep. Nesta edição, a temática do evento é Conexão, com quatro professores que prometem ajudar os profissionais a entenderem melhor o seu cliente, com temas como: linguagem corporal, comunicação não-violenta, escuta ativa, aprender a fazer perguntas e autoconhecimento. Entre os professores desta edição, Kariny Martins, colunista do Imobi Report e sócia da CUPOLA.
Já na próxima quinta-feira, o Imobi Report faz uma transmissão ao vivo para anunciar os primeiros speakers confirmados do Imobi Experts Aluguel. O evento, inédito no país, vai reunir especialistas do mercado de locação de imóveis para falar sobre os assuntos de maior relevância para este segmento. Promovido pelo Imobi Report, em parceria com a CUPOLA, o Imobi Experts Aluguel trará 12 horas de conteúdo, com participação de mais de 30 palestrantes e painelistas, além de atividades de role play. Na live desta quinta-feira, que será transmitida pelo perfil do Imobi Report no Instagram, Michel Prado, editor do Imobi Report, e Denis Levati, curador de conteúdo do evento, vão anunciar os nomes dos primeiros convidados confirmados no evento.
Techs
Novidade no mercado, o Google Analytics 4 traz uma nova forma de captura de dados que permite uma melhor visão do comportamento e do engajamento do usuário na visita a sites e aplicativos. “As equipes de marketing, comercial e produtos podem se beneficiar com diversos insights”, destaca Eleonora Diniz, expert em Analytics e professora na ESPM, FGV e USP/Esalq. Um artigo do Imobi mostra que a ferramenta permite que imobiliárias e incorporadoras otimizem a compreensão de seu público, tenham informações qualificadas sobre sua jornada e possam trabalhar melhor a conversão.
Em entrevista ao Imobi, o CEO da CredPago, Jardel Cardoso, fala sobre a história da empresa, sua visão de mercado e planos futuros. Com soluções que descomplicam o processo de locação, a CredPago surfou na boa movimentação do mercado de imóveis e se consolidou na liderança nacional em emissão de garantia de aluguel, com 750 mil beneficiados.
O QuintoAndar está aumentando sua atuação no mercado paulista. Das 40 cidades em que a plataforma opera, 21 são do estado de São Paulo. As inclusões mais recentes foram Mogi das Cruzes, São José dos Campos, Cotia, Sorocaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Mauá. Em entrevista para a Época Negócios, o COO da empresa, Thiago Tourinho, afirmou que a meta é consolidar a liderança da imobiliária digital em São Paulo.
Já a Loft vai incentivar financeiramente seus 100 melhores corretores. A startup conta com 30.000 profissionais cadastrados. Os benefícios para o seleto grupo incluem rendimento mensal fixo de mais de 5 mil reais e plano de saúde. A medida integra os planos de expansão da proptech. “Vamos comprar mais imóveis em São Paulo, Rio de Janeiro e, em breve, em outras capitais”, disse Mate Pencz, co-CEO da Loft, em entrevista para a Casa Vogue.
Uma discussão sobre direito à propriedade e o uso de plataformas como o Airbnb foi levantada após uma disputa judicial ocorrida em Porto Alegre. Dois proprietários alugavam moradias de forma recorrente em um condomínio, por meio do Airbnb. O condomínio foi à Justiça, alegando que o regulamento interno não permitia o uso comercial das unidades, sendo restrito para uso residencial, reclamação que foi acatada. “Certamente teremos próximos capítulos na discussão sobre este tema, e uma efetiva pacificação do assunto muito provavelmente só virá com uma definição legislativa ampla”, afirmou, em artigo para a Exame, Georges Louis Martens Filho, advogado, sócio-fundador do escritório Martens & Dornaus Advogados, com atuação em Direito Imobiliário, Direito Societário, Mercado de Capitais e Contratos.
O processo de venda e locação de imóveis exige esforço, mas o uso das ferramentas certas pode facilitar bastante a jornada. Para concretizar estas operações, uma dica de ouro é caprichar na precisão e acessibilidade das informações sobre o imóvel fornecidas ao público. Um levantamento do Valor Investe com dados do DataZap+ mostra que, entre os principais diferenciais para fechar negócios, estão a publicação de fotos profissionais de boa qualidade e o fornecimento do endereço completo da moradia, de forma que o interessado possa conhecer melhor seu novo lar em potencial.
Mundo
O mercado imobiliário global pode viver o risco de uma nova bolha? Um relatório da Bloomberg indica que sim. Há uma série de fatores similares ao mercado em 2008, na última grande crise financeira. Segundo o relatório, são 5 variáveis de risco: a relação entre os preços dos imóveis e o valor dos aluguéis; a relação entre os preços dos imóveis e a renda; crescimento real dos preços; o crescimento nominal dos preços; e crescimento do crédito em termos anuais. Segundo a economista Niraj Shah, autora do relatório, Nova Zelândia, Canadá e Suécia estão na zona vermelha em praticamente todos os indicadores. Noruega, Reino Unido, Dinamarca e Estados Unidos “não estão muito distantes” dos primeiros, enviando sinais preocupantes. Apesar dos sinais, a autora ressalta que há motivos que a levam a acreditar que, depois desse boom, vejamos mais um esfriamento, do que um colapso do mercado.
Nos Estados Unidos, a Arrived Homes é uma startup que vende participações em cotas de imóveis alugados. O negócio funciona da seguinte maneira: a startup adquire residências para, posteriormente, locar. Pessoas físicas podem investir nesses imóveis a partir de 100 dólares, e recebem o aluguel proporcional ao seu investimento. A startup também recebeu grandes aportes, sendo um deles o de Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Artigo do Conselho de Mercado Imobiliário da Forbes traz os quatro pilares do corretor de imóvel (em inglês). Assinado por Francisco Angulo, VP de Desenvolvimento Global da Realogy, os pilares têm como objetivo ajudar os profissionais a se manterem consistentes, atualizados e humildes durante sua carreira. O primeiro é honestidade: seja honesto, direto e mantenha-se informado das leis e regulamentações da sua região. Não faça promessas que você não vai poder cumprir. O segundo pilar é transparência: concentre-se no valor do seu trabalho e evite conteúdo de marketing exagerado – o ideal é atentar-se a fatos. O terceiro é: tenha uma comunicação eficaz, com personalidade agradável, conforto em interagir com outras pessoas e coragem. Por fim, é importante ser guiado por resultados: “Não faça promessas. Em vez disso, deixe suas ações e resultados falarem por você. (…) Gaste mais tempo realizando as coisas e menos tempo fazendo promessas fora de seu controle”.
Estamos de Olho
Na Folha de S. Paulo,reportagem dá luz a um empreendimento em Tatuapé, que, por sua vez, faz sombra nos vizinhos. O espigão, aprovado antes da aprovação do Plano Diretor Estratégico (PDE), em 2014, tem 49 andares. Os novos prédios da região podem ter, no máximo, 8 andares mais térreo.
Segundo um estudo da consultoria Kantar, o uso de carros em São Paulo deve cair 28% nos próximos 10 anos. A capital paulista deve ser a terceira cidade do mundo com maior impacto no uso de transportes, atrás somente de Moscou e Manchester. Há três fatores que geram esse movimento, os aplicativos de mobilidade e aluguel de carros; uma preocupação maior com o meio ambiente; e uma questão geracional, uma vez que a geração atual é mais desapegada com a posse do carro. Essas mudanças, somadas à popularização do veículo elétrico, podem impactar novos empreendimentos: número menor de garagens do que de apartamentos, ou até prédios sem garagem; garagens verdes, que permitem carregar carros elétricos; e até modelos de car sharing embutidos nas funcionalidades do condomínio.
Segundo o centro de estudos britânico Center for Cities, a tendência do trabalho híbrido tem data de validade: em dois anos, voltaremos a trabalhar full time presencialmente. Paul Swinney, diretor de políticas e pesquisas do Center for Cities, para a BBC, explica que “um dos benefícios de estar no escritório é a interação com outras pessoas, ter novas ideias e compartilhar informações”.
No turismo, hotéis apostam na estadia flexível para driblar a crise. A rede Louvre Group Hotels, por exemplo, criou uma campanha para atrair mensalistas. O serviço foi implementado em sete estados brasileiros onde a empresa está presente. Há também os marketplaces que conectam hotéis, imóveis e clientes, como a Housi e a Migro.
O podcast do Imobi Report, Semana Imobi, reúne nossa equipe de jornalistas para comentar as principais notícias do mercado, todas as sextas-feiras. Confira e, se sentir à vontade, responda esse e-mail com seu feedback!
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