[104] Déficit habitacional: maioria dos lares é alugado por mulheres
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[104] Déficit habitacional: maioria dos lares é alugado por mulheres

09 mar 2021
Redação Imobi
Redação Imobi
11 min
[104] Déficit habitacional: maioria dos lares é alugado por mulheres

Resumo

Confira os destaques desta semana da curadoria do Imobi: déficit habitacional brasileiro, plataforma de agendamento de visitas e mais.

Entre os imóveis alugados que compõem o déficit habitacional brasileiro, mais de 1,8 milhão têm como locatárias mulheres chefes de família. Este número subiu 18% entre 2016 e 2019, segundo a Fundação João Pinheiro (FJP), em pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional para a formatação do Casa Verde e Amarela.

O déficit habitacional brasileiro – composto de coabitações, domicílios precários e com elevado custo de aluguel – cresceu 4% no mesmo período. A diretora da FJP, Eleonora Cruz Santos, aponta que na maioria destes domicílios a pessoa de referência é uma mulher e a participação delas vem crescendo: “Por si só, esse aspecto remete à necessidade de desenvolvimento de políticas habitacionais específicas para esse tipo de domicílio”.

No mercado formal de aluguel, o cenário se repete. Mais da metade dos contratos delocação fechados pela Desenrola, plataforma digital de locação e venda que atua em São Paulo e Goiânia, estão em nome de mulheres.

Elas também ganham espaço como investidoras. Dados da B3 apontam que o número de mulheres que investem na Bolsa mais que dobrou em 2020. No imobiliário, um case da Trend Investimentos é exemplar: no Studio Trend, lançado em Porto Alegre, 76% das unidades foram compradas por mulheres.

Corretoras mulheres representam 34% dos cadastros no Creci-SP. O número pode até ser considerado positivo, uma vez que até 1958 elas eram proibidas de exercer a profissão no País. Na incorporação, dos profissionais registrados no Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) menos de 20% são mulheres. E uma pesquisa do grupo Mulheres do Imobiliário aponta que 61% das entrevistadas já enfrentaram situações como assédio sexual e moral e 44% tiveram dificuldade para retornar após ter filhos.

Há quem esteja desenvolvendo projetos para mudar esse cenário. O próprio movimento Mulheres do Imobiliário lançou uma cartilha gratuita para combater o assédio no ambiente de trabalho. Já a startup de serviços residenciais Fix anunciou que será uma das patrocinadoras da Mulher em Construção, ONG que capacita mulheres para trabalhar com manutenção e reparos. A organização também lançou uma campanha na qual pessoas físicas podem apoiar o projeto “Diva da Construção”, de capacitação feminina. Há também o Movimento Fazendinhando, que reúne arquitetas negras para pensar soluções para moradores da periferia, incluindo cursos de formação.

Hoje (9), às 19h, estaremos no Clubhouse tratando sobre “Mulheres, trabalho na pandemia e o mercado imobiliário”. A jornalista do Imobi, Ana Clara Tonocchi, recebe Kariny Martins, sócia da CUPOLA, Elisa Tawil, cofundadora do Mulheres do Imobiliário e head de growth da eXp Brasil, Giovanna Carrilho, líder de marketing na MGQ Construtora e Incorporadora, entre outras líderes e gestoras que fazem parte do Amazonita Clube. Para participar, basta entrar no aplicativo e acessar esta sala.


Imobiliárias

O reajuste dos contratos de aluguel está cada vez mais distante do IGP-M, antes considerado sua principal referência de cálculo. Em janeiro, a diferença entre o indexador e a média efetiva de reajuste dos aluguéis foi de 23,4%, segundo levantamento do DataZap encomendado pelo Infomoney.

Com isso, ainda vale a pena manter o IGP-M como índice de contratos? Para responder essa pergunta, o Estadão publicou uma matéria bem completa sobre o assunto, tomando como base a última alta do índice, que chegou a 28,94% no acumulado dos últimos 12 meses, até fevereiro. A publicação explica, por exemplo, a origem do aumento do IGP-M, atrelada ao custo de matérias-primas cotadas em dólar, e como isso impacta no reajuste de contratos de locação. Vale a pena conferir. 

Em Mato Grosso do Sul, um impasse sobre taxas cartorárias tem gerado uma verdadeira fuga de clientes. Há pelo menos quatro anos a possibilidade de revisão dos encargos de compra e venda é discutida no Estado, mas ainda não foi encontrada uma solução para a questão, pois os projetos de lei relacionados ao assunto acabaram sendo retirados da pauta da Assembleia Legislativa. Enquanto isso, a diferença das taxas aplicadas no Mato Grosso do Sul, em comparação com outros Estados, chega a 80%. 

Mas não é só em Mato Grosso do Sul que os clientes estão em busca de menores taxas. A notícia de que o senador Flávio Bolsonaro acaba de adquirir uma mansão de R$ 6 milhões por meio de um financiamento vantajoso no BRB fez o número de pedidos de crédito imobiliário solicitados junto ao banco crescer 234% na última semana – todos buscando as mesmas condições. 

Como a notícia da compra da mansão teve bastante repercussão nos conteúdos imobiliários nesta semana, ela não poderia ficar de fora da nossa curadoria. Aliás, o envolvimento de políticos com o setor é sempre alvo de curiosidade e especulação. Não é à toa que o jornal A Gazeta fez até uma lista relembrando outros imóveis de políticos brasileiros que já estiveram sob os holofotes da imprensa. Já o UOL fez uma análise sobre a histórica relação entre a “grande corrupção” e o setor imobiliário. Vale a reflexão.

A partir deste mês de março, a RuaDois disponibiliza um serviço gratuito para o mercado. Trata-se de uma plataforma de agendamento de visitas, que já era oferecida aos clientes da startup e agora pode ser utilizada, sem custo, por qualquer imobiliária do país. Com isso, a RuaDois pretende contribuir ainda mais para a democratização da jornada digital de aluguel, assim como apresentar o portfólio completo da startup para o mercado. Detalhes a respeito da iniciativa podem ser conferidos no portal Imobi Report. 

Também no Imobi Report, publicamos um conteúdo sobre KPIs de locação, para esclarecer dúvidas que as imobiliárias ainda têm sobre o assunto. Na publicação, explicamos o que são taxa de conversão, CAC, VGA, ticket médio, visitas por locação, tempo médio do imóvel em divulgação, NPS, índice de permanência de imóveis desocupados e percentual de imóveis locados – e como utilizar esses indicadores para melhorar a performance da imobiliária. 

Já para quem tem dificuldades com a gestão de chamados, a CUPOLA promove nesta quarta-feira (10), às 19h, um workshop gratuito, mostrando maneiras de aumentar a satisfação dos inquilinos e evitar problemas com os proprietários. Em formato de live, o workshop será realizado em parceria com a Refera, partner da CUPOLA, sendo comandada por Denise Vieira (consultora e sócia da CUPOLA) e Lucas Madalosso (CEO da Refera). 

Se, em 2020, 46% das compras de imóveis tiverem como objetivo o investimento, este será um ano de trabalho para as administradoras de aluguel. E para alavancar o mercado nacional do segmento, a CUPOLA promove o Aluguel Master. A terceira edição do maior treinamento de locação do País reúne 22 mentores de todo o Brasil, selecionados criteriosamente pelo destaque na locação nas suas regiões. Para saber mais, as inscrições seguem abertas aqui.


Incorporadoras

Pesquisa divulgada na última semana confirma que 2020 foi um ótimo ano para o mercado imobiliário, em especial na venda de imóveis novos. O levantamento, realizado pela Fipe com dados das incorporadoras associadas da Abrainc, aponta que foram comercializadas 119.911 unidades novas no ano passado, um volume 26,1% superior ao registrado em 2019

Natural que o primeiro indicador de confiança do residencial brasileiro tenha mostrado um setor otimista. Realizado pela Deloitte, em parceria com a Abrainc, o levantamento com executivos de 45 empresas mostrou que o setor encerrou 2020 em alta e se mantém otimista para 2021. No segmento Casa Verde e Amarela, 100% das empresas afirmaram que pretendem lançar empreendimentos. No médio e alto padrão, as intenções batem 91%. 

Mas o custo dos materiais de construção continua repercutindo. O Estadão relata que lançamentos do programa Casa Verde e Amarela foram adiados porque as construtoras estão reavaliando as margens da operação. Atualmente, há 862 empreendimentos paralisados (72 mil unidades). A Direcional e a Plano & Plano, por exemplo, estão readequando projetos do grupo 1 para o grupo 2, deixando desassistida a faixa com renda mais baixa.

Em paralelo, as entidades da construção travam uma disputa. A Abrainc pediu a suspensão temporária do imposto de importação de insumos, enquanto a CBIC busca a simplificação de normas técnicas que dificultam o uso de insumos estrangeiros em obras locais. Em resposta, a Abramat, que representa as indústrias de materiais de construção, se posicionou a favor de que toda a cadeia da construção civil encontre uma solução conjunta para os impactos do câmbio, das altas dos preços internacionais das commodities, dos valores dos fretes e da falta de contêineres. 

Apesar de enfrentar obstáculos como a alta dos materiais de construção, o possível aumento dos juros em 2021 e a pandemia, a MRV pretende dobrar de tamanho em cinco anos. Para isso, a incorporadora pretende ampliar os lançamentos do programa Casa Verde e Amarela, além de diversificar as formas de financiamento da empresa e atuar em diferentes frentes com as subsidiárias AHS, Urba, Luggo e Sensia. Aliás, a ampliação dos serviços oferecidos pela MRV fez com que a companhia se tornasse uma plataforma completa de habitação, sob o nome de MRV&CO. Em 2020, o grupo terminou o ano com o maior VGV de sua história (R$ 7,5 bilhões), apesar de ter tomado decisões arriscadas para conseguir esse resultado, como antecipar pedidos e aumentar os estoques para reduzir a alta de custos

Por meio de uma parceria entre o Apto e o Secovi-SP, empresas filiadas ao sindicato poderão acessar as informações da startup relacionadas a novos empreendimentos no GeoSecovi. Além de disponibilizar informações geográficas e demográficas, a ferramenta também trará dados sobre imóveis que serão lançados, contemplando unidades localizadas na capital paulista, região metropolitana e algumas cidades do interior do Estado.


Techs

O managing partner da Terracotta Ventures Marcus Anselmo afirma, em artigo publicado no blog de Fausto Macedo, no Estadão, que estamos prestes a viver, pela primeira vez, um ciclo de alta com adoção de uma transformação digital. “Novas tecnologias e modelos de negócio podem ampliar margens, que reinvestidas, reforçam o crescimento. Isso pode mudar definitivamente a estrutura de ciclos do mercado imobiliário”, afirma Marcus, que cita figurinhas conhecidas como o QuintoAndar e Loft, além de novas startups como a Alude, Vivy, Orçafascio, Prevision, Agilean, Sienge e Construflow.

O QuintoAndar, aliás, alcançou R$ 50 bilhões em ativos sob gestão. Thiago Tourinho, COO da empresa, comenta que o começo do ano tem sido tão surpreendentemente positivo como 2020 foi desafiador: “Muita coisa mudou. Quase todos os novos contratos trazem IPCA no lugar de IGP-M, houve aumento da busca por imóveis maiores e afastados dos grandes centros, expandimos para novas cidades e entramos no mercado de compra e venda”. Inclusive, 80% dos contratos de locação do unicórnio foram renovados já com a substituição do IGP-M, sendo a maioria pelo IPCA.

Já a Loft aumentou as visitas em apartamentos em quatro vezes através de um processo de digitalização e uso de Inteligência Artificial. Com parceria com a Criteo, a startup lançou uma campanha de web traffic, com o foco no direcionamento de visitas, e fez uso de uma ferramenta de inteligência artificial que reduziu os custos por leads e aumentou as conversões diárias em 300%.

Coliving ou moradia compartilhada é uma tendência que virou realidade. Mas Veronique Forat e Marta Monteiro perceberam que não havia intermediário que se preocupasse com a relação entre os moradores de um mesmo imóvel – o foco do mercado costuma ser o espaço físico. Assim nasceu a Coliiv. A proptech busca reduzir atritos na relação entre moradores a partir de um mecanismo que dá um “match” entre pessoas parecidas e que, portanto, têm mais chances de serem boas colegas de imóvel. O Imobi conversou com as fundadoras para saber mais sobre o crescimento da empresa e os diferenciais que trouxeram para o mercado imobiliário residencial.


Mundo

Se, por um lado, a crise no mercado imobiliário em Nova York causada pela pandemia fez aumentar a taxa de vacância dos imóveis, por outro, criou a oportunidade perfeita para quem sempre sonhou em morar na cidade. Com os aluguéis em seus valores mais baixos em uma década, além de outros benefícios oferecidos pelos proprietários, pessoas como a blogueira Claire Smith finalmente puderam encontrar condições para morar na ilha. Matéria da Bloomberg traduzida pelo Yahoo Finanças conta essa e outras histórias. 

Com área equivalente à metade do território de Mônaco, uma ilha artificial nas Bahamas está atraindo a curiosidade do mercado imobiliário internacional. O lugar abrigará duas casas avaliadas em US$ 1,15 bilhão (R$ 6 bilhões) cada, valor correspondente a 80% do estimado para o Palácio de Buckingham, em Londres. Também haverá espaço para outros 15 mil moradores permanentes, que habitarão três níveis de imóveis, cujos preços variam de US$ 19 mil (R$ 120 mil) a US$ 54 milhões (R$ 270 milhões).


Estamos de Olho

Com arquitetura inovadora e piscinas privativas nas varandas de cada apartamento, o edifício Roof acabou ficando famoso por um motivo nada nobre: vizinho da comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, o empreendimento tornou-se um símbolo da desigualdade social no Brasil. Mais de 35 anos após sua construção, metade das unidades está disponível para venda ou locação. A cobertura do prédio, em particular, recebeu muitas críticas após ser anunciada pelo QuintoAndar, com fotos que mostram paredes descascadas e banheiros úmidos, entre outros graves problemas.

Também em São Paulo, a retirada de moradores de imóveis na região da Luz virou alvo de uma denúncia junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, protocolada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pela ONG Conectas. Prevista para ser realizada amanhã (10), a remoção pode deixar 400 famílias desabrigadas durante o pior momento da pandemia, em que a população de rua já está crescendo exponencialmente na capital paulista. No local onde os imóveis serão desocupados, a prefeitura de São Paulo pretende construir 700 unidades de moradias populares. 

A necessidade de responsabilidade socioambiental por parte dos agentes do mercado imobiliário, em especial as incorporadoras, é tema de artigo escrito por Elisa Tawil para o Imobi. Na publicação, ela explora detalhes sobre os conceito de ESG e intraempreendedorismo aplicados ao setor imobiliário.

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