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Imobi Report

Crédito imobiliário avança apesar da pandemia

Com três meses de pandemia, indicadores apontam sinais positivos no mercado imobiliário. Um deles vem do levantamento feito pelo Secovi-SP, que indica que as empresas do setor atingiram 51% do resultado esperado para o mês de maio. O índice ainda é tímido, é claro, mas bem melhor do que o resultado registrado em abril, que foi de apenas 35% do que era esperado.

O dado mais animador, entretanto, refere-se ao crédito imobiliário. De acordo com a Abecip, os contratos de financiamento para compra e construção de imóveis atingiram a marca de R$ 6,7 bilhões em abril. Isso representa uma alta de 22,6% em relação ao mesmo mês do ano passado

Um bom argumento para incentivar os clientes a investir em imóveis, neste momento, são justamente as taxas de financiamento que os principais bancos estão oferecendo. Estão abaixo de 8% ao ano, o que nunca aconteceu.

E pra quem já tem um financiamento imobiliário: é melhor quitá-lo ou investir no mercado financeiro? O Estadão ouviu especialista sobre esta dúvida recorrente. O portal também publicou outros conteúdos relacionados ao longo da semana: indicando como comprar imóvel de herdeiros, respondendo se pais podem comprar imóveis em nome dos filhos e apontando uma possibilidade: já pensou em alugar um quarto desocupado no seu imóvel?

Os imóveis mais disputados após a pandemia devem ser diferentes daqueles tradicionalmente procurados. Além de localização, metragem e valores, outras características devem passar a ser mais valorizadas, como boa iluminação e ventilação. Afinal, com mais tempo em casa, as pessoas estão repensando e ressignificando as funcionalidades dos espaços onde moram.

No “próximo normal”, espaços próprios para home office também devem ser mais valorizados. Levantamento da Loft com 1,3 mil pessoas aponta que 70% delas desejam uma área para trabalhar em casa

A pandemia também pode promover um processo de “êxodo urbano”. O movimento vem sendo observado em diferentes países, como Estados Unidos (especialmente na região de Nova York), Peru, Índia e Costa do Marfim. Também há sinais dessa tendência no Brasil, como a maior procura por imóveis no interior de São Paulo, por exemplo. 

Já mostramos anteriormente aqui no Imobi,a pesquisa por imóveis no campo tem apresentado alta durante a pandemia. Merece destaque, ainda, o aumento nas buscas para compra e aluguel de imóveis no Mato Grosso do Sul, estado considerado um verdadeiro “oásis do coronavírus”. 

Para o presidente Jair Bolsonaro, os despejos não devem ser proibidos durante a pandemia. Na última quinta-feira, o presidente anunciou o veto de trechos do projeto de lei que continha a determinação de impedir a realização de despejos ao longo desse período. O texto, entretanto, ainda retorna para análise do Congresso, onde parlamentares podem seguir com a decisão do presidente ou derrubar os vetos. 

Enquanto isso, outros problemas com inquilinos continuam a assombrar vizinhos e administradoras de condomínios. Relatos de novos hábitos que estão incomodando quem mora ao lado são cada vez mais comuns, mas especialistas sugerem recorrer à Justiça somente em último caso, tentando acordos como primeira opção. 

Como as reclamações sobre vizinhos que descumprem o isolamento social também têm sido frequentes, cabe aos condomínios implementar novas medidas que evitem aglomerações nas áreas comuns. Também é importante a higienização nos edifícios, ainda que a recomendação seja para que todos façam a sua parte, tanto em relação à aglomeração quanto à higienização.

A Comunicação Não-Violenta tem sido adotada para conseguir melhores acordos em situações como as citadas acima. Coordenadora da CUPOLAB, Denise Vieira estuda o assunto desde 2017 e tem muito o que compartilhar quando se fala na utilização da CNV para resolução de conflitos no mercado imobiliário. Em artigo publicado no Imobi, ela explica que entender as necessidades de inquilinos, proprietários de imóveis e imobiliárias é o primeiro passo para aplicação da CNV. E comenta quais as necessidades mais comuns de cada um deles, neste período de pandemia. Vale a leitura.

Também no Imobi: como imobiliárias podem fazer contratações de funcionários mais assertivas? Isabela Ribeiro, Head de Recursos Humanos na CUPOLA e consultora de RH para imobiliárias, fala sobre o assunto, apontando os erros mais comuns das empresas e como solucioná-los

Como ficará o mercado imobiliário no pós-crise? Esta é a pergunta que a Forbes tenta responder em reportagem veiculada ontem. A publicação lista cinco tendências que devem ser determinantes para o futuro do setor no período pós-pandemia: os investimentos “defensivos”, aplicados em opções seguras; uma onda de divórcios, tendência que já foi observada na China pós-Covid; uma nova definição de luxo, focada em espaço; uma nova equação do comprador (imóveis de primeira linha acessíveis + qualidade de vida) x incentivos fiscais; e a digitalização permanente da experiência do cliente.

A digitalização do setor, aliás, não é novidade. Mas muito ainda tem sido falado a respeito do assunto. Neste sentido, a Lello Imóveis sai na frente, no que se refere à utilização da tecnologia para fomentar novos negócios, apresentando-se como a primeira imobiliária do país a intermediar a assinatura de escritura eletrônica de imóvel entre comprador e vendedor. 

A propósito, você sabe quais são as diferenças entre assinatura eletrônica e digital? O Imobi explica a questão em detalhes! O assunto também é destaque no portal Convergência Digital, que fala sobre o poder da assinatura eletrônica na pandemia de Covid-19.

Outra tendência no mercado imobiliário durante a pandemia é a adoção do home office. É o caso da CUPOLA, do QuintoAndar e do portal americano Zillow, entre tantos outros. As três empresas anunciaram que vão manter suas equipes trabalhando remotamente até dezembro e avaliar a permanência na modalidade após este período.

Há também empresas entregando seus imóveis para aderir ao home office permanentemente, como é o caso da LafargeHolcim, multinacional que fabrica materiais de construção.

Incorporadoras

No último sábado, a EZTEC fez seu primeiro lançamento 100% digital, transmitindo simultaneamente no ZOOM, YouTube e Facebook. O empreendimento está localizado no bairro de Moema, em São Paulo.

Já em Minas Gerais, o primeiro empreendimento viabilizado por um crowdfunding (ou financiamento coletivo) foi entregue em Belo Horizonte. O investimento partia de R$ 1 mil, com rentabilidade prevista para os investidores de 12% a 14%.

Nos Estados Unidos, CrowdStreet, plataforma segmentada para investimentos coletivos em imóveis comerciais, afirma que mesmo durante a pandemia da Covid-19, a demanda dos investidores nesta modalidade subiu 50%. Já segundo a Real Estate Crowdfunding Review, são mais de 330 mil pequenos investidores que apostam no formato.

Segundo dados do Ipea, os investimentos em construção civil tiveram retração de 19,6% em abril, comparado ao mês anterior. As boas novas são que, segundo o boletim mais recente da Bolsa de Valores, o total de investidores em fundos imobiliários subiu de 792 mil em março para 818 mil em abril. Aproveitando que os investidores continuam interessados na modalidade, o Banco Inter anunciou que irá lançar dois novos fundos imobiliários ainda em 2020. 

Em uma live para o InfoMoney, o presidente da MRV, Rafael Menin, afirmou que a construtora segue na contramão da crise e que os meses de abril e maio foram “muito bons”. Na mesma conversa participou Sérgio Fischer, CEO da LOG, incorporadora de condomínios logísticos. Sérgio aponta que a pandemia contribuiu para o crescimento do setor de galpões, uma vez que muitas empresas de e-commerce tiveram que dar vazão à ampliação das operações.

Techs

Lembra que algumas edições atrás comentamos sobre o PicPay, carteira digital na qual o usuário pode cadastrar o cartão de crédito e parcelar boletos? Então, o Grupo ZAP fechou uma parceria com a startup e quem usa a plataforma poderá parcelar seu boletos e contar com um cashback de 10%.

O WhatsApp Pagamentos chegou no Brasil. Agora, os usuários podem fazer pagamentos de produtos, serviços e transferir dinheiro com cartão de crédito, sem precisar sair do aplicativo.

O Inman entrevistou corretores americanos para perguntar: qual tecnologia imobiliária ascendente durante a pandemia você acha que vai perdurar até o próximo ano? As respostas são conhecidas, mas vale a leitura: tours virtuais 360º; tours por vídeo-ligação, como no WhatsApp ou iChat, da Apple; reuniões virtuais com clientes, em plataformas como Zoom, Google Meets e Skype; fechamentos à distância e assinaturas virtuais; e open houses virtuais. Este último tópico vale um comentário: nos Estados Unidos, é muito comum que o imóvel seja aberto em um dia específico, seja ele novo ou usado, para visitação do público – e com um ocasional coquetel. Na modalidade virtual, o corretor apresenta o imóvel por vídeo ao vivo, para vários interessados, respondendo possíveis dúvidas.

Mundo

Um artigo assinado por Jarred Kessler, CEO da EasyKnock, traz um cálculo para avaliar os impactos da pandemia do coronavírus no imobiliário. São cinco aspectos que devem ser avaliados, numa escala de 1 a 5 (sendo 1 muito impactado e 5 pouco impactado). Sua região foi muito impactada pela doença? Sua região é diretamente influenciada por um setor, como turismo? Os moradores da região podem querer se mudar, para economizar no aluguel, por exemplo? A região espera sofrer uma segunda onda de impacto da Covid-19 ainda este ano? Esta área possui uma alta oferta de imóveis? Depois de fazer os cálculos e somar os resultados, o autor aponta que, com um resultado de 0 a 12, a queda no imobiliário deve ser de 10% a 15%. Se a região tem um resultado de 12 a 18, acredita em uma queda de 5% a 10%. Por fim, com um resultado de 18 ou mais, ele não acredita em impacto considerável na região.

Segundo a Bloomberg, mesmo durante a pandemia, a quantidade de reservas no Airbnb em cidades americanas entre 17 de maio e 3 de junho foi maior do que no mesmo período no ano passado. A recuperação do turismo já aponta diferentes comportamentos: as reservas costumam ser de pessoas que não moram muito longe, sugerindo que viagens de avião estão sendo substituídas por viagens de carro, favorecendo o turismo local ou regional.

Estamos de olho

Uma reportagem do Yahoo Finanças revela a desigualdade habitacional entre negros e brancos nos Estados Unidos, evidenciada pela pandemia do coronavírus. Como principal motivo está o aumento do desemprego durante a crise – mais da metade dos negros adultos americanos estão desempregados. Além disso, uma pesquisa aponta que 25% dos locatários negros não conseguiu pagar uma parte ou todo o aluguel em maio, enquanto apenas 14% dos locatários brancos se encontram na mesma situação.

Os problemas com aluguel e moradia durante a crise sanitária da Covid-19 atingem a classe média latina de forma muito similar. O Globo conta a história de um chileno, de Santiago, que negociou um desconto para manter seu aluguel, mas que está desempregado e, nos últimos meses, viveu com o dinheiro da venda de itens pessoais. Já na Argentina, 59% dos inquilinos não conseguiram pagar seus aluguéis e os despejos estão proibidos até setembro. No Peru, estima-se que sete em cada dez pessoas vivem de trabalhos informais, e muitos estão deixando as grandes cidades para voltar para o interior, morando e dividindo imóveis com a família. Segundo Simone Cecchini, diretor da Divisão de Desenvolvimento Social da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a vulnerabilidade é o calcanhar de Aquiles Da classe média latino-americana: “muitos latino-americanos vivem um pouco acima da linha da pobreza e com a crise foram rebaixados em tempo recorde”.

No Brasil, o quadro é agravado pela criminalidade. Milicianos estão expulsando moradores de suas casas em Itaboraí, Magé e Rio de Janeiro. Os moradores foram expulsos por não poderem arcar com taxas impostas pela milícia, que, depois de tomá-los, coloca os imóveis à venda.