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Como construir cidades para o desenvolvimento saudável das crianças?

Dados do IBGE de 2021 mostram que mais de 57 milhões de crianças vivem em áreas urbanas no Brasil. No entanto, em decorrência das inúmeras desigualdades sociais e econômicas que o país enfrenta, uma parcela muito pequena usufrui de uma cidade que zela pelo seu desenvolvimento.

Uma cidade que contribui para o desenvolvimento saudável das crianças é aquela onde há pontos de contato para estabelecer uma relação prazerosa e de pertencimento com ela. Calçadas largas e caminháveis, sinalização, faixas e faróis de pedestres, são alguns deles. Para os mais jovens, quadra esportiva, campo de futebol, playground ou uma pista de skate terão certamente uma aderência positiva no desenvolvimento desta parcela da população.

A rede de mobilidade é outra forma de se construir cidades saudáveis para as crianças. Promover o acesso aos espaços públicos, esportivos, recreativos e culturais é fundamental para que esses equipamentos urbanos cumpram sua função.

As ruas abertas para lazer, por exemplo, trazem uma outra dimensão de contato com a cidade, uma nova perspectiva de uso do espaço então dedicado ao carro, e oferecem uma conexão poderosa com os aspectos de pertencimento e cuidado já mencionados. Desta forma, ruas abertas para as crianças vão além do lazer presente, são uma forma de educar os futuros cidadãos a sempre fomentar ambientes de harmonia social e olhar a cidade como uma extensão de suas casas.

Mas falta participação das crianças e adolescentes nas decisões que os impactam diretamente. Uma pesquisa de 2019 – “Viver em São Paulo: Crianças e Adolescentes” – da Rede Nossa São Paulo, apontou que de 4 em cada 10 paulistanas e paulistanos têm a percepção de que as crianças e adolescentes nunca participam das decisões de questões que as afetam nos bairros e na cidade.

Jundiaí, no interior de São Paulo, é um grande exemplo de como podemos incluir as crianças no planejamento e desenvolvimento urbano. Através do ‘Comitê das Crianças’, 24 crianças da cidade são sorteadas para debater ao longo do ano propostas de políticas públicas para a infância. As propostas são apresentadas ao prefeito.

A cidade de Rosário, na Argentina, é outro exemplo. Em 1996, a cidade se juntou à iniciativa do pedagogo italiano Francesco Tonucci para criar conselhos infantis como forma de fazer os tomadores de decisão ouvirem as crianças que ali moram.

Para além dos conselhos e comitês, outras formas de incluir os cidadãos em formação são atividades escolares, eventos de brincar, concursos, entre outros. Tendo os espaços abertos, dada a oportunidade de trazer ideias e sugestões em um ambiente receptivo, crianças e jovens certamente contribuirão.

Para nós da Refúgios, Arquitetura é também história construída. Mostrar a arquitetura através dos personagens que fizeram e fazem a cidade, resgatar histórias e as contar das mais diversas formas, em livros, em passeios ou em oficinas, pode ser um caminho para acender esse interesse.

Um exemplo é o livro ilustrado Prédios de São Paulo para Crianças, idealizado pela Refúgios Urbanos, no qual um cachorro propõe roteiros cheios de histórias, arquitetura, curiosidades e personagens pelo Centro Histórico de São Paulo. E, neste mês das Crianças, apresentamos um novo ebook de Prédios de Santos para crianças. Mais uma imersão da Refúgios nesse universo que muito nos interessa e que acreditamos contribuir genuinamente na construção de repertório sobre os espaços onde vivemos e interagimos.

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Octávio Pontedura

Nascido em Londrina, vive em São Paulo há mais de duas décadas. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), seguiu carreira corporativa por boa parte da vida, trabalhando em empresas multinacionais de renome que o fizeram rodar o mundo. A paixão por novos desafios o fez viver na África por dois anos, mais precisamente em Acra, em Gana, onde gerenciava a área comercial de uma grande empresa de tintas. A fascinação por História, Arquitetura, Design e Interiores sempre esteve em seu radar e, por entender que era possível somar sua experiência profissional a essas paixões, decidiu dar um basta na carreira corporativa e se tornar corretor de imóveis. Apaixonado por Arquitetura e pelas histórias que se desenrolam dela, é corretor e sócio da imobiliária Refúgios Urbanos, à frente da equipe que atua na região de Higienópolis, Santa Cecília e arredores.

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