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Com a crise, investidores buscam porto seguro nos imóveis

Nos últimos quatro anos, mais de 1,2 milhão de brasileiros se cadastraram em alguma corretora de valores para passar a investir na Bolsa. Foi a maior movimentação já vista, levando o Ibovespa a superar a marca de 100 mil pontos em março do ano passado. Parte desse movimento se deve às quedas seguidas na taxa básica de juros: para o dinheiro render como na época do juro alto, era preciso se arriscar mais do que simplesmente deixá-lo na renda fixa, como na poupança. Até que veio a crise do coronavírus, o que a Exame chamou de “batismo de fogo” para investidores novatos, em reportagem publicada em fevereiro deste ano

Na semana passada, a mesma Exame publicou uma longa reportagem na qual apresenta um panorama dos tipos de investimento e como cada um é afetado pelo novo coronavírus, na avaliação de 30 especialistas. Os imóveis ganharam um tópico à parte e foram apresentados como “porto seguro”, recomendados para o investidor mais conservador, inclinado à renda fixa. Para este grupo, a reportagem destaca a oportunidade de investimento em unidades residenciais e comerciais para ganho com aluguel. Já para investidores mais ousados, a indicação foi pelos fundos imobiliários (FII), das lajes corporativas e galpões logísticos para investidores com perfil moderado e de shoppings e hotéis, com maior risco, para os investidores mais arrojados, com foco no longo prazo.

Os FIIs de shoppings e hotéis são especialmente afetados pela crise, com boa parte deles já tendo suspendido a remuneração dos cotistas. Inclusive, a área de real estate do BTG Pactual está investindo em FOFs: fundos de fundos. É quando fundos imobiliários investem e adquirem cotas de outros fundos imobiliários. Michel Wurman, sócio responsável pela área imobiliária do banco, explica a movimentação: “A maioria dos imóveis dos fundos imobiliários brasileiros tem muita qualidade e é bem difícil de replicar. Você não replica um shopping no meio de uma grande cidade ou um prédio na Faria Lima ou um galpão logístico próximo a um grande centro, alugado por um prazo longo, do dia para a noite. Os ativos de qualidade vão sofrer menos”.

O Estadão também publicou uma reportagem com orientações para os investidores, com foco nos imóveis. E até o portal Seu Dinheiro se rendeu às vantagens do imobiliário na orientação a seus leitores, o que demonstra a demanda dos investidores por investimentos mais seguros, neste momento de crise.

Para orientar corretores, imobiliárias e incorporadoras, a CUPOLA lançou o curso “Vendendo imóveis para investidores”. O curso online contém módulos de conteúdo em vídeo, planilhas de investimento imobiliário e modelo de apresentação comercial. Traz também informações sobre o cenário de investimento em imóveis, além de técnicas para abordagem, argumentação e fechamento de negócios com quem possui liquidez para investir. As inscrições podem ser feitas até o dia 1º de maio aqui e você encontra mais informações no Instragram. Leitores do Imobi têm 10% OFF, basta usar o cupom IMOBI.

Imobiliárias

Imobiliárias uniram-se para promover um salão digital de imóveis. Digimobi reúne 46 imobiliárias filiadas à ABMI, com ofertas de locação e compra em todo o país.

Mudanças de comportamento, sobretudo relacionadas à higiene, são absorvidas por todos os setores da economia. No caso do imobiliário, muitas cidades estão autorizando a reabertura de plantões de venda ou escritórios – e novas rotinas passam a ser adotadas. O uso de máscaras, a manutenção de colaboradores do grupo de risco afastados, portas e janelas abertas e, principalmente, higienização de mesas, cadeiras e pisos já são práticas comuns.

Explicitar essas mudanças para os clientes por meio de uma comunicação assertiva é importante. A imobiliária carioca Sérgio Castro lançou o selo “Visita Segura”. Com foco em imóveis desocupados e com documentação para venda imediata, garante que as propriedades são higienizadas a cada visita e seus corretores são equipados com máscaras e álcool gel.

Empresas estão apostando também em fazer a diferença em suas comunidades. Arruda & Munhoz, de Lajeado (RS), e a Marth Consultoria Imobiliária, de Piracicaba (SP), doaram cestas básicas para famílias em vulnerabilidade social.

Startup de manutenção e serviços, Fix intermedia a relação entre autônomos, proprietários e inquilinos, como um “Uber dos serviços”. Trabalhando diretamente com prestadores de serviço, grupo dos mais afetados pela pandemia, a plataforma diminuiu a taxa cobrada dos profissionais em 25% e está incentivando que os serviços continuem sendo prestados com as precauções necessárias, como uso de álcool gel, luvas e EPIs.

Já a Loft está antecipando a comissão de corretores. Normalmente, os profissionais recebem uma comissão de 6% sobre a venda de cada propriedade, mas agora poderão substituir o valor por R$ 4 mil por imóvel cadastrado na plataforma – independente da venda. A antecipação vale até o fim de abril e tem um limite de cinco apartamentos por corretor cadastrado, nas regras da campanha.

Ainda sobre os corretores, o Sistema Cofeci-Creci publicou uma medida para que profissionais inadimplentes com anuidades e multas junto aos seus respectivos Crecis possam renegociar os pagamentos.

Incorporadoras

CBIC, Abrainc e Caixa lançaram, em parceria com construtoras, a campanha Vem Morar. O setor propõe, além dos incentivos do banco, descontos para clientes na compra de unidades, de empreendimentos do Minha Casa Minha Vida até os de alto padrão. A campanha será ativada por 60 dias.

Além deste, o movimento de descontos e vantagens está sendo replicado individualmente pelas empresas. A MRV está oferecendo até R$ 15 mil de desconto em apartamentos. Outras construtoras, como a De Martin, estão parcelando a entrada do imóvel em até 60 vezes, enquanto a Cristal oferece 10% de desconto nos pagamentos à vista. Já a Prestes, incorporadora do Paraná, lançou o “Seguro Desemprego Prestes”, programa que posterga o prazo de pagamento das parcelas em até seis meses para os clientes que venham a perder seus empregos.

Trazer novas visões de mercado é um caminho para momentos de crise. É a aposta da MRV, que trouxe Thiago Corrêa Ely, ex-diretor de cervejarias e com expertise no varejo, para liderar a diretoria comercial da maior construtora da América Latina.Os bancos privados estão avaliando caso a caso as construtoras afetadas pela pandemia. Consideram antecipar recursos e flexibilizar vistorias, mas descartam um pacote de apoio extenso, uma vez que a Caixa já o fez. Além disso, a construção civil foi descartada do socorro discutido pelas instituições bancárias e encabeçado pelo BNDES. Entende-se que o setor tem condições de suportar a crise.

Já quem conseguiu se capitalizar antes da crise está em vantagem. É o caso da Mitre, que lançou seu IPO no início do ano e levantou 1,2 bilhão de reais. O plano, agora, é “sentar em cima do caixa e esperar”, comenta o CEO, Fabrício Mitre.

Aqui no Imobi

Para o Imobi chegar no seu e-mail toda semana e nosso portal ter acesso totalmente gratuito, atuamos dentro da CUPOLA. E a CUPOLA, por sua vez, conta com parceiros que apoiam a produção de conteúdos para o mercado imobiliário, no formato de treinamentos, materiais estratégicos, reports semanais, newsletters, lives e eventos presenciais, os CUPOLA Partners. Os Partners foram criteriosamente selecionados, com a chancela da CUPOLA na entrega de soluções e serviços para imobiliárias e incorporadoras. São: Grupo ZAP, Colibri360, Hauseful, CSI Seguros, PhoneTrack e Vista.

Nesta semana, no portal, trazemos uma entrevista exclusiva com Marcelo Dadian, diretor de Imóveis da OLX Brasil, sobre o novo coronavírus, digitalização e comportamento dos consumidores.

Tem também uma entrevista que relaciona o Plano Real à Covid-19. Parece confuso? Nosso entrevistado, Renato Gomes Netto, diretor de locação e administração na Procuradoria de Imóveis, de Natal, e presidente do Secovi-RN, aponta semelhanças e diferenças entre os dois episódios.

Mundo

A venda de imóveis residenciais nos Estados Unidos sofreu a maior baixa vista desde 2013. Em março, a queda foi de 15,4%, valor pouco acima da projeção de economistas da Reuters.

Obrigando-se a não sair de casa, pessoas passam a perceber o que amam e principalmente, o que odeiam, em suas residências. Uma pesquisa do portal Realtor.com com moradores americanos aponta que 19% gostariam de morar em um imóvel maior, 13% sonham com uma cozinha renovada e 11% querem uma academia em casa. Por outro lado, um em cada dez aprecia a luz natural de sua casa e 6% estão fazendo uso de espaços flexíveis – que podem ser usados para artesanato, jogos e exercícios.

O Idealista, portal português sobre o imobiliário, entrevistou Long Fang Hu, proprietário de uma imobiliária espanhola e de agências de investimento na China, sobre como a crise da Covid-19 afetou o mercado chinês. Ele aponta uma queda no valor dos imóveis entre 10% e 30% e diminuição de 30% nas operações de compra e venda nos dois primeiros meses do ano.

SoftBank, figurinha repetida no álbum do Imobi, amarga o impacto da Covid-19. Segundo análise da Reuters, mais da metade das startups investidas pelo fundo são de setores que sofrem diretamente com a pandemia ou que já estavam com dificuldades antes (oi, WeWork!). Entre elas, a Uber, cujas demandas por viagens caiu drasticamente, e as startups do imobiliário, como a Compass e a OpenDoor (esta última, inclusive, demitiu 600 funcionários de uma só vez). Todos esses fatores só colaboram para que o plano de um novo megafundo de investimentos do CEO Mayoshi Son vá para o ralo.

Estamos de olho

Levantamento feito pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP) aponta que o número de áreas verdes devastadas pelo crime organizado para implantação de loteamentos clandestinos aumentou de 90 para 160 em menos de um ano, na capital paulista. De acordo com a Folha de S. Paulo, são atingidos cerca de 7,2 milhões de metros quadrados, o equivalente a 4,5 vezes a área do Parque Ibirapuera. O relatório também revela que os crimes contam com uma rede de proteção formada por agentes de segurança, servidores da prefeitura e parlamentares. Os dados foram confirmados com auxílio de vídeos e fotos feitos com drones, além de outros recursos. Este é o segundo dossiê elaborado por Natalini sobre o assunto, o primeiro foi apresentado em agosto de 2019.

Também na Folha de S. Paulo, o colunista Nabil Bonduki comenta reportagem do Intercept Brasil, que revela um esquema de financiamento de construção ilegal de prédios promovidos pela milícia do Rio de Janeiro, com dinheiro desviado do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando ele ainda era deputado estadual. O dinheiro utilizado para essa atividade era oriundo da prática da chamada “rachadinha” pelo parlamentar, que consistia em confiscar, em média, 40% dos salários dos servidores de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A reportagem original foi escrita com base em informações do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Após perder o benefício do auxílio-aluguel, cujo repasse foi interrompido pelo governo do Estado de São Paulo, 27 famílias que antes viviam na região conhecida como Cracolândia, no bairro de Campos Elíseos, no Centro da capital paulista, foram despejadas e tiveram que se mudar para favelas da periferia da cidade. A BBC Brasil é quem conta a história dessas famílias, como a de André Luiz Ladanyi, que se mudou para um morro de Itaquera – antes, ele morava na chamada quadra 36, a poucos metros do “fluxo”, área de consumo e venda de crack a céu aberto.

O Inman publicou, ontem, uma lista com quatro “mudanças simples e significativas” para as quais as empresas devem se preparar, considerando o mundo pós-Covid. As alterações no mundo corporativo citadas são: 1) transformar-se em fornecedor confiável, não apenas um mero vendedor; 2) produzir conteúdos significativos, não apenas aqueles que “enchem os olhos”; 3) mudar o perfil “presencial OU virtual” para “presencial E virtual”, integrando as duas performances para atender às novas demandas; 4) trocar o “Drunk Marketing” pelo “Sober Marketing”, caracterizado pela pesquisa, experiência e suposições razoáveis. (em inglês)

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