Placas bem-humoradas em Curitiba auxiliam na captação

Muito se fala sobre a importância da presença digital na comercialização de imóveis. No entanto, por mais imersos que os clientes estejam no on-line, eles ainda são impactados pelo que acontece no seu entorno. A Sillos Imóveis, de Curitiba (PR), está investindo no marketing off-line e colhendo frutos no setor de captação. Com placas de locação contendo frases engraçadas, posicionadas em locais estratégicos, a imobiliária curitibana também tem aparecido em portais de notícias e nas redes sociais, aumentando as chances de fechar negócios. Com especialização em Marketing, o proprietário da Sillos, Daniel Sillos Martins, conta que o comercial de sua empresa tem profundo envolvimento com a publicidade. “Eu sempre gostei e procurei por formas diferentes de divulgação de marcas e produtos”, comenta. O empresário observa que, em 30 anos, a divulgação de imóveis pouco mudou. Mesmo com as redes sociais, as imobiliárias se limitam a compartilhar fotos e informações de imóveis; nada muito diferente dos antigos classificados presentes em jornais impressos. Na Sillos, isso não era diferente. A empresa, fundada há 13 anos, atuava apenas com vendas e realizava unicamente as ações mais convencionais. Foi a partir do momento em que passou a atuar com a locação que o posicionamento mudou. Martins reconhece que a operação de locação é muito mais complexa, e, portanto, exige uma estrutura organizacional melhor elaborada, o que inclui um departamento de marketing eficiente. “Desde o dia em que criei o departamento de marketing, sempre dei liberdade criativa para a equipe. E foi assim que surgiu a ideia de fazer placas de locação bem humoradas”, conta. Processo criativo O proprietário da Sillos Imóveis diz que a ideia das placas surgiu como uma brincadeira. A equipe de marketing da imobiliária buscava somente fazer algo diferente, fora do padrão. “A gente nunca quis reinventar a roda, só queríamos sair da mesmice”, salienta. Martins esclarece que a criação de uma placa pode levar três semanas. É um processo de brainstorming, onde o time vai compartilhando ideias livremente, sem medo de julgamentos. As frases jocosas então são submetidas a um processo de análise, para entender qual é mais divertida e, se de fato, está dentro de um contexto. “Nossas ideias nascem assim, nos reunimos sem medo de falar besteiras”, destaca. Entretanto, apesar de descontraída, a estratégia de marketing da imobiliária é consciente. Martins ressalta que é preciso conhecer o bairro e identificar os aspectos culturais que o compõem. Além disso, é fundamental o bom senso, para provocar a atenção do consumidor, sem que isso produza uma repercussão negativa para a empresa. Afinal, as placas da Sillos são feitas para funcionar em locais determinados, fazendo referência aos vizinhos dos empreendimentos que pretendem alugar um imóvel na região. “Não se trata apenas de conversar com região, mas de fazer sentido dentro da cultura de Curitiba”, pontua. A primeira placa A primeira placa divertida da Sillos Imóveis foi em um empreendimento vizinho à Casa Di Frango, um estabelecimento que comercializa baldes de frango frito. O termo galeto se refere a uma ave jovem, mas em Curitiba também é uma gíria para rápido. Martins afirma que sua imobiliária é capaz de alugar um imóvel em apenas uma semana. Foi fazendo essa conexão que surgiu a frase “o vizinho vende frango, a gente aluga no galeto”. Placa da Sillos Imóveis ao lado da Casa Di Frango, em Curitiba (PR) Inicialmente, a ideia era fazer um modelo básico, com o já batido “negócio realizado pela Sillos”, mas então surgiu a necessidade de se diferenciar. Segundo Martins, não havia qualquer expectativa, foi apenas uma brincadeira que acabou dando muito certo. “A frase faz graça ao referenciar o estabelecimento vizinho, mas também exalta uma de nossas qualidades”, reflete. Martins disse que a Casa Di Franco gostou da placa, chegando a agradecer pela ação. Como a peça de marketing tem uma seta apontando para o estabelecimento, ambas as empresas se beneficiaram. Couto Pereira Outra placa famosa faz referência ao Estádio Major Antônio Couto Pereira, do Coritiba Foot Ball Club. Na época da ação, o time estava tentando subir para a primeira divisão. Em paralelo, a Sillos tinha um conjunto de lojas disponíveis para locação. “Por um lado, o verdão estava disputando pontos em campo; por outro, teríamos alguns pontos disponíveis para locação no terreno próximo do estádio”, brinca. Placa da Sillos Imóveis próxima do Estádio Major Antônio Couto Pereira, em Curitiba (PR) Ao elaborar a placa com a frase “a disputa por pontos aqui vai ser tão grande quanto lá no Couto”, a Sillos se preocupou em não ofender a torcida. “A intenção é aumentar a visibilidade da marca de maneira divertida, sem gerar atritos com a comunidade”, defende. As lojas em questão ainda não foram construídas, mas Martins declara que já surgiram interessados, que descobriram o empreendimento através da placa. Outros exemplos Além de placas em terrenos, a Sillos também investe em mídias com frases engraçadas dentro de elevadores. Martins explica que tem cerca de 20 imóveis locados no Condomínio Botânica, um conjunto de cinco torres, 540 apartamentos e 16 elevadores. Nesse empreendimento, a imobiliária veicula placas temáticas, para datas como Páscoa e Dia dos Namorados. Em outro edifício, o elevador costumava apresentar defeito, então a brincadeira foi colocar uma placa com a frase “Aproveite que o elevador está parado para ver os imóveis da Sillas”. Martins também avalia a possibilidade de explorar outros canais físicos, como por exemplo os ônibus. Segundo ele, enquanto estão paradas no trânsito, as pessoas se permitem olhar a paisagem ou checar o celular. Nesse sentido, colocar um anúncio criativo na janela traseira do ônibus pode ser uma boa estratégia. A competição no off-line e no digital Curiosamente, a estratégia off-line da Sillos também está tendo resultados no ambiente digital. Diversas pessoas tiram fotos das placas e compartilham nas redes sociais, marcando o perfil da imobiliária. Em maio, a empresa teve um crescimento orgânico de 220 mil visualizações no seu perfil de Instagram. Esse tráfego se originou da instalação de duas placas. “A ideia é ir além das telas, mas nossa ação acabou atingindo as redes naturalmente”, revela. Sobre isso, Martins reforça que marketing digital e off-line são estratégias complementares. Ao se limitar apenas às redes sociais, a Sillos teria que competir, não só com imobiliárias, mas também com corretores autônomos. Além disso, o custo em plataformas como o Instagram pode se tornar elevado. Já quando se trata de mídias físicas, são poucos os dispostos a competir. Conforme Martins, primeiro é necessário pedir aprovação da prefeitura. Depois, dependendo da região, o aluguel de um espaço publicitário, por 30 dias, custa cerca de R$ 8 mil. Além disso, existe a estrutura metálica, que também é onerosa. “E, como as nossas frases só fazem sentido dentro de um determinado contexto, não conseguimos reaproveitar a lona, por exemplo, em outras ações”, relata. Resultados Para além da notoriedade e do aumento no número de interessados nas locações, as placas estão ajudando a Sillos na captação. A imobiliária angariou seis imóveis em 60 dias, porque os proprietários foram capturados pelas frases divertidas. “Os clientes de outras imobiliárias, que estão com imóveis parados, nos ligaram pedindo nossas placas”, informa. As ligações, inclusive, são a principal forma como a Sillos mede os resultados da ação. Os clientes telefonam ou enviam mensagens para a imobiliária, dizendo que conseguiram o contato através das placas. “Seja andando na rua ou navegando pelo feed das redes sociais, os clientes estão sendo impactados pelas placas que instalamos em terrenos e elevadores”, conclui.

Placas bem-humoradas em Curitiba auxiliam na captação

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