Imobi Report

[137] Blockchain chega (de vez) ao mercado imobiliário

Vira e mexe o assunto vêm à tona, mas parece que, agora sim, o blockchain chegou ao mercado imobiliário brasileiro. Ainda em 2019, a Cyrela já tinha fechado seu primeiro negócio com blockchain, mas a discussão não tinha andado muito além disso. Já na última semana, tivemos dois fatos importantes. O primeiro é que a plataforma e-Notariado passou a reconhecer firmas à distância por meio do blockchain. Os reconhecimentos de firma por autenticidade poderão ser feitos de modo totalmente digital e mantêm os mesmos efeitos que o procedimento realizado no balcão do cartório.

E o Imovelweb anunciou uma parceria com a netspaces para oferecer os primeiros imóveis tokenizados da plataforma. São 16 imóveis em Porto Alegre (RS) que podem ser comercializados via blockchain. Funciona assim: o imóvel (e sua escritura) passam a ser ligados a um NFT que usa como base o blockchain. É esse token que é comercializado e pode equivaler ao imóvel inteiro ou só uma parte dele.

Antes de seguir, uma breve explicação: um NTF (non fungible token) é um token “não-fungível” – ou seja, que não estraga. Ele equivale a um selo de autenticidade digital e é vahlidado por meio do blockchain. Os NTFs podem equivaler a coisas virtuais (já foram vendidos memes por NTFs) ou de coisas físicas, como é o caso dos imóveis do Imovelweb. Já o blockchain é uma tecnologia de autenticação de informações através de uma cadeia de computadores.

No caso do Imovelweb, os interessados podem adquirir um token que equivale a 20% do imóvel, ainda não podem adquirir o imóvel inteiro. Foi o que fez Lenita Ruschel, que, aos 82 anos, foi a primeira  pessoa no Brasil a ter a propriedade digital de um imóvel. Para o G1, Lenita conta que procurava um imóvel para comprar e alugá-lo, mas não tinha todo o valor e não pretendia fazer um financiamento. Assim, ela comprou parte do imóvel e, em breve, já receberá um aluguel proporcional.

Se Lenita tivesse comprado para uso próprio, ela já poderia se mudar e pagar a locação proporcional aos outros 80% do imóvel ao proprietário atual. Segundo o contrato com o Imovelweb, daqui a um ano Lenita (e os demais futuros clientes) poderão comprar mais uma parte ou todo o resto equivalente ao imóvel.

Leonardo Paz, CEO do Imovelweb, afirma que, embora o projeto piloto esteja acontecendo em Porto Alegre, o objetivo é que a tecnologia possa ser usada em breve em todo o país. “Nossa expectativa é estender a oferta de propriedades digitais para outras regiões do Brasil no primeiro semestre de 2022. Dessa forma, ajudamos a democratizar o acesso à propriedade privada, proporcionando àqueles que não têm o perfil de crédito padrão para aprovação de financiamentos a oportunidade de adquirir um imóvel sem comprovação de renda e com parcelas flexíveis”, afirma.

Blockchain e NFTs podem ser assuntos complexos para uma única newsletter, então indicamos alguns conteúdos bem didáticos: se você gosta de ler, o material do The Verge sobre blockchain (em inglês, mas vale o Google Translate). Se gosta de assistir, indicamos este vídeo sobre NFTs (também em inglês, mas com legenda). E se prefere podcasts, o Nerdcast explica a diferença entre blockchain e criptomoedas.

Imobiliárias

Falando em digitalização do mercado, no nicho de imóveis retomados não é diferente. Em artigo para o Imobi, Igor Freire, diretor de receitas da Resale, outlet de imóveis, fala mais sobre esse segmento, que já movimenta R$ 7,8 bilhões e como as operações de leilões de imóveis estão muito mais simples.

Mas para o sucesso de uma empresa, não basta tecnologia. No Imobi Report perguntamos para executivos de quatro imobiliárias como manter a produtividade de vendas alta. Gestores da Casa 63 (TO), Auxiliadora Predial (RS), Franciosi (SP) e Adão Imóveis (GO) contam suas estratégias de como manter o time motivado.

Ainda sobre o tema, estão abertas as inscrições para a 2ª edição do Gestor de Vendas Imobiliárias, maior treinamento do Brasil para diretores, líderes e gestores de imobiliárias e incorporadoras. Promovido pela CUPOLA, o treinamento traz cases reais, empreendedores, líderes e profissionais com experiência de mercado para entregar resultados.

Outro assunto quente da última semana foi o lançamento do ZAPWay+ pelo ZAP+. Apresentado na abertura do ConectaImobi, consiste em uma modalidade de contratação dos portais VivaReal e ZAP imóveis que oferece aos anunciantes de aluguel uma esteira digital. Além de acessar o anúncio, os locatários podem aprovar cadastro, contratar garantia locatícia e assinar contrato eletronicamente. Para Rodrigo Werneck, CEO da CUPOLA, a novidade, esperada há um bom tempo pelo mercado, pode representar vantagens para imobiliárias pequenas, mas não tanto para as grandes. Confira o artigo na íntegra.

Também no ConectaImobi, um painel reuniu os líderes do ZAP+, QuintoAndar e Loft para colocar à mesa sua visão sobre o futuro do mercado e o papel da tecnologia e dos humanos (leia-se corretores de imóveis e imobiliárias) neste novo cenário que se apresenta. Michel do Prado, editor do Imobi Report, traz uma análise sobre a posição de cada um dos porta-vozes no painel e o que isso pode significar para o mercado.

Ainda sobre Loft, uma pesquisa da startup afirma que, para vender um imóvel com facilidade em São Paulo, deve-se oferecer um apartamento novo, pronto para morar e com preço até R$ 500 mil. Foram entrevistadas 800 pessoas que compraram nos últimos dois anos ou pretendem comprar em 2022 e a conclusão é que o pacote “pequeno, pronto e barato” é o mais procurado pelo paulistano.

E falando em QuintoAndar… No Twitter, uma thread pede para usuários compartilharem “contos de horror reais” e “histórias de arrepiar os cabelos promovidos pelo QuintoAndar no desamparo a inquilinos”.

O COFECI realizou a eleição da sua diretoria. O atual Presidente, João Teodoro, foi reconduzido ao cargo e a diretoria teve três de seus cargos renovados. Como prioridade, a nova gestão pretende construir a nova sede do COFECI em Brasília, reformular a Lei 6.530/78 e lançar, nacionalmente, o Portal CRECI BRASIL, portal desenvolvido pelo CRECI-SP para corretores e imobiliárias.

Em um mercado predominantemente competitivo, a união de empresas com interesses mútuos vêm ganhando força no setor imobiliário de Santa Catarina. Grandes empresas como a Ibagy e a Brognoli, concorrentes há mais de 50 anos, juntaram forças e vem incentivando outras imobiliárias a fazerem o mesmo. No Imobi, trazemos alguns cases e benefícios dessa prática.

Após um ano de lançamento, a EuAcerto, startup de garantia locatícia, está alcançando clientes em diversas regiões do país. No Imobi, conversamos com imobiliárias que utilizam os serviços da proptech e compartilham seus benefícios.

Incorporadoras

Em seu primeiro lançamento de alto padrão no RJ, a Patrimar já faturou meio bilhão de reais. Trata-se do Oceana Golf, condomínio de luxo localizado na Barra da Tijuca. Até então, a incorporadora mineira atuava no mercado carioca apenas em empreendimentos do segmento econômico, por meio da Novolar.

Já a Tenda continua o investimento nas casas de madeira. O novo empreendimento da Alea, marca de offsite, contará com 75 unidades, com preços a partir de R$ 200 mil. 35 casas foram vendidas em apenas 20 dias. Com custo atrativo e agilidade de entrega, o modelo pode entrar em fase de expansão a partir de 2023. A Tenda pretende lançar 10 mil unidades em cinco anos.

Já trouxemos notícias sobre os resultados de grandes construtoras, que apresentaram desaceleração no terceiro trimestre. Desde a última edição, mais números foram consolidados, ratificando o aumento de lançamentos e a redução de vendas.

A MRV teve números 13% abaixo do esperado para o terceiro trimestre, segundo o banco Credit Suisse. Segundo os analistas, os números são resultado da desaceleração das vendas, que somaram pouco mais de R$ 2 bilhões no período. O que também afetou o resultado foi o foco na diversificação das operações. A AHS, por exemplo, braço da MRV que atua nos EUA, registrou aumento de demanda no setor de aluguel residencial no país.

Falando em família Menin, o Banco Inter foi destaque no Valor Econômico ao ampliar a atuação em ações e em produtos de crédito. Esse ano, por exemplo, a instituição lançou um novo produto de financiamento de até 100% para construção de casas. 

A inovação é o que movimenta o mercado para frente, certo? Apesar de este ser um entendimento comum, a parte prática ainda tem muito campo para avançar na construção civil. Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a parte de projetos e gestão já foi abraçada pelas construtechs, porém, na hora de levantar paredes, ainda há carência de avanços.

Para conhecer cases de inovação, discutir tendências, estratégias e pautas do mercado de incorporação, participe do Imobi Experts Lançamentos Imobiliários. O evento virtual acontecerá nos dias 17 e 18 de novembro e o primeiro dia é gratuito. Já o segundo dia, com conteúdos exclusivos e role plays de atendimentos reais, está com inscrições abertas e 60% de desconto. Participe!

Mundo

Uma pesquisa realizada pela consultoria imobiliária inglesa Knight Frank indicou que os principais destinos dos compradores de 2ª residência em outros países são Reino Unido, Austrália, EUA, Espanha e Itália. Vale destacar que dois terços dos entrevistados afirmaram que, ao procurar um imóvel no estrangeiro, olham para a forma como o governo do respectivo país lidou e continua a lidar com a Covid-19.

Na China, o preço dos imóveis novos começa a estabilizar. Os cálculos de alguns economistas vão além e sinalizam uma queda de 0,5% no valor das casas, o que configura a primeira redução registrada desde 2015. Se por um lado as medidas do governo chinês evidenciaram problemas gravíssimos no modelo econômico das grandes construtoras, a queda nos preços indica um pequeno passo rumo ao principal objetivo: conter a especulação. 

Porém, este alento não resolve o enorme rastro de dívidas da Evergrande. A notícia recente mais importante sobre a construtora, o fracasso na venda da sua divisão de serviços imobiliários, voltou a disparar um alerta geral para os credores. Entretanto, alguns volumes importantes de dívidas foram pagos na semana passada, o que viabilizou a retomada de obras por parte da empresa. Mas o futuro da empresa, caso não seja a bancarrota, não está na venda dessas unidades: a Evergrande sinalizou que pretende deixar a incorporação para se dedicar aos carros elétricos.

Estamos de olho

Verticalização é solução? Muito se fala que as construções verticais permitem o adensamento populacional em regiões bem estruturadas. A execução, no entanto, nem sempre acontece desta maneira. Artigo na Folha de S. Paulo opina que, em muitos casos, a valorização provocada por novos empreendimentos acabam expulsando famílias e comerciantes que não conseguem se manter nestas localizações.

Crise energética, crise hídrica, pandemia… são muitos desafios enfrentados na atualidade e que, inevitavelmente, atingem em cheio as famílias mais carentes. O caminho que se desenha, para sair deste ponto, passa pela união entre as esferas do poder público e o foco na recuperação econômica com responsabilidade ambiental e social.

Fechamos nossa edição com sugestões ao pé do ouvido. Para saber das últimas do mercado imobiliário, confira o podcast Semana Imobi, em que o time do Imobi Report fala sobre a desaceleração das vendas, consultoria de alto padrão e mais. Já no Vem Pra Mesa, Sergio Langer bateu um papo com Rogerio Riquelme, diretor executivo na Cipasa Urbanismo.

E pra ficar por dentro do mercado de loteamentos, fique ligado no Imobi Explica. Nesta edição, Denis Levati e Ana Clara Tonocchi entrevistam Susanna Marchionni, CEO da Planet Smart City. A conversa abordou o que são cidades inteligentes, a importância de considerar conceitos de colaboração e compartilhamento, além da necessidade dos profissionais do mercado imobiliário, especialmente do nicho de loteamentos, de conhecerem essa nova realidade.