alta nos insumos
Imobi Report

[103] Alta nos insumos segura lançamentos e ameaça mercado econômico

Apesar de 2021 ser um ano de muita expectativa para a retomada dos lançamentos, as incorporadoras seguirão enfrentando um grande obstáculo: a alta nos insumos, ou seja, a escalada de preços dos materiais de construção. Para José Carlos Martins, presidente da CBIC, pode também haver desabastecimento do setor, o que tende a desestimular o mercado a ampliar a quantidade de lançamentos.

A projeção da CBIC para o setor em 2021 é de crescimento de 5% a 10%, porém a alta nos custos dos insumos pode segurar este avanço. O problema não é exatamente uma novidade – aqui no Imobi mesmo,já tratamos do assunto lá em outubro -, mas havia expectativa de que a situação se resolvesse no primeiro trimestre deste ano, o que não deve ocorrer. 

Na tentativa de amenizar esse impacto, a Abrainc pediu ao Ministério da Economia a suspensão temporária das alíquotas de importação de materiais de construção. “Há conversas com o governo para ver o que é possível fazer, por um determinado período, para que os fornecedores de materiais mantenham os preços”, disse uma fonte do setor ao Valor.

No último ano, dados da CBIC apontaram queda de 17,8% nos lançamentos residenciais, em comparação a 2019. Porém, a venda de novos imóveis aumentou em 9,8%. Ainda segundo o levantamento, considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, caso não houvesse novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 10 meses.

O aumento dos custos da construção, somado ao orçamento reduzido de políticas habitacionais, afeta principalmente as incorporadoras que atuam com moradias populares. Assim, grandes empresas do setor estão explorando novos nichos. A MRV, referência no Minha Casa Minha Vida, lançou em Campinas (SP) o primeiro empreendimento da sua nova marca, a Sensia, com foco em famílias de classe média. O valor médio dos apartamentos vai de R$ 310 mil a R$ 600 mil. Rodrigo Resende, diretor de novos negócios da construtora, comentou a estratégia em entrevista à Forbes: “O negócio é fruto de um estudo que nos mostrou que esse nicho de mercado tem potencial de alcançar 3 milhões de famílias no Brasil”. Só no Paraná, a MRV deverá lançar 22 empreendimentos ainda este ano.

Sobre programas habitacionais, nesta segunda, o editorial do jornal O Globo apontou os efeitos positivos do Minha Casa Minha Vida, que completa 12 anos no próximo dia 25. Das quase 6,3 milhões de unidades habitacionais contratadas, 5,3 milhões haviam sido entregues até 2020, sendo 1,5 milhão à população mais pobre. “Num país em que a discussão das políticas públicas é contaminada por achismo e ideologia, sem a vacina dos fatos, o MCMV oferece uma chance única de pôr opiniões à prova. Todos os beneficiários estão cadastrados e, como o financiamento costuma ser concedido por um sorteio, é possível comparar com precisão, isolando a interferência de outros fatores, o que acontece na vida dos agraciados”, afirmou o jornal. 

Incorporadoras

A Tegra entrou com pedido na CVM para lançar seu IPO na Bolsa de Valores. Antiga Brookfield Incorporações, a incorporadora era listada na B3, mas optou por fechar o capital em 2014. De lá pra cá, deixou o foco no MCMV, passou a investir em médio e alto padrão e mudou de nome. A volta para a B3 tem como objetivo a compra de terrenos e capital de giro, com foco no Rio de Janeiro e São Paulo.

A Cury assinou um contrato para construir 2.450 unidades habitacionais para o programa Casa Verde e Amarela, no bairro de Tatuapé, em São Paulo. A empresa, que mantém a aposta no programa em 2021, atuará em parceria com a incorporadora Nova Ideia para estes empreendimentos.

Em Balneário Camboriú, a FG Empreendimentos lançou o Grand Place Tower, um projeto de luxo com unidades a partir de R$ 4 milhões. A incorporadora lançou ainda o Triumph Tower, edifício que terá mais de 100 andares e que tem como sócio Luciano Hang, fundador das lojas Havan. 

Alexandre Frankel saiu em defesa dos imóveis compactos e flexíveis. Em entrevista ao InfoMoney, quando questionado sobre a demanda por imóveis maiores, o CEO da Housi afirmou: “Querer todo mundo quer, mas precisamos entender o que cabe no bolso. Algumas pessoas estão indo para casas na praia, essa é uma tendência real, mas existe um número bem maior que não pode se dar ao luxo do trabalho remoto. O mais viável para o resto da população é procurar um apartamento menor que permita não passar pelo transporte público – não procurar um apartamento maior e mais distante”.

A B3 lançou o segundo índice de fundos imobiliários do mercado, o IFIX L. Esse indicador vai medir o desempenho dos 51 FIIs mais líquidos negociados na Bolsa. Segundo Mário Palhares, diretor de Produtos Listados da B3, a criação do IFIX L é o primeiro passo de uma estratégia voltada para os fundos imobiliários que a B3 tem para 2021.

Em tempo: os FIIs cresceram 123% nos últimos dois anos e já são o principal produto procurado por investidores pessoa física, depois das ações.

Falando em FIIs, Marcos Baroni, analista-chefe de FIIs da Suno Research, explica a importância de entender os ciclos imobiliários ao investir nesses fundos. Baroni lista as quatro fases do ciclo imobiliário: expansão, excesso de oferta, recessão e recuperação. São conceitos básicos para quem atua no mercado imobiliário, mas o texto é bem didático e vale a leitura.

Imobiliárias

Os financiamentos imobiliários com recursos da Poupança atingiram R$ 12,29 bilhões em janeiro, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). É o maior volume nominal já registrado em um mês de janeiro, desde o início da série histórica, em 1994. Comparado a janeiro de 2019, o crescimento atingiu 72%. 

Para evitar a necessidade de assumir um financiamento ou outro tipo de dívida, a grande maioria dos proprietários espera contar com dinheiro da venda de seus imóveis antigos para comprar novos. Pelo menos na Loft, 64% dos interessados em negociar imóveis estão nessa situação. 

Há exatos 30 anos a Universal Software oferece sistemas de gestão imobiliária para clientes de todo o país e tem como propósito ajudar as imobiliárias a se transformarem digitalmente. No Imobi, contamos a história da Universal, as mudanças que aconteceram no produto e no negócio ao longo destas três décadas e os planos para o futuro. “Nosso grande valor é o conhecimento e a expertise durante esses 30 anos. Sabemos onde está o gargalo do nosso produto e do que o cliente precisa para desenvolvermos produtos de qualidade”, afirma Túlio Murta, CEO da Universal.

Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Aluguel Master, treinamento realizado pela CUPOLA que reúne os melhores profissionais do ecossistema imobiliário para alavancar o mercado de aluguel nacional.São 22 mentores de todo o Brasil, selecionados criteriosamente pelo destaque na locação nas suas regiões. Para saber mais, é só clicar aqui.

Techs

Com a expansão dos programas “Indica Aí” e “Parceiros da Portaria”, o QuintoAndar anunciou ter distribuído mais de R$ 5 milhões para pessoas que contribuíram com a captação de imóveis em 2020. O unicórnio, em seu material de divulgação, disse que as iniciativas vieram em boa hora para quem estava precisando complementar renda em meio à pandemia. 

Prestes a ser lançado, o aplicativo GeoBrain promete oferecer dados sobre o mercado imobiliário primário em mais de 650 cidades brasileiras em uma única plataforma. Assinantes do app terão acesso a dados como preços e estoques de mercados locais, para monitoramento da concorrência. Os planos vão de R$ 1,2 mil a R$ 14,5 mil, conforme a abrangência escolhida. O GeoBrain é um lançamento da Brain Inteligência Estratégica.

Presente no mercado há quatro anos, oferecendo soluções para sites imobiliários, a Colibri360 decidiu dar um novo passo em sua trajetória. Como consequência de uma ampla reestruturação, a empresa está lançando novas funcionalidades, como a Busca 4.0, além de promover uma mudança em sua identidade, passando a se chamar Rocket Imob. Em entrevista ao Imobi Report, o gerente comercial da empresa, Léo Soares, conta detalhes dessa transição e as novidades da Rocket Imob para 2021.

Olho mágico digital, elevador acessado por QR Code e botões antipânico são alguns dos itens de segurança que novos empreendimentos vêm adotando no Rio de Janeiro. Não por acaso: a falta de segurança é considerada pelos cariocas o principal motivo que os fariam mudar de cidade. A Mozak previu botões antipânico en Nove, lançado em Ipanema no ano passado. Já no Forma, que será lançado pela Bait no Leblon, o olho mágico dá lugar a uma tela de LCD e câmera. Em Nova Iguaçu, os elevadores do Jardins, lançamento de Jerônimo da Veiga, só podem ser acessados por meio de QR Code.

Mundo

Quem pensa que o déficit habitacional é exclusividade brasileira está muito enganado. Matéria do portal de notícias DW mostra que a Alemanha tem sofrido com o mesmo problema. Entre 2009 e 2019, a alta demanda fez com que o preço dos aluguéis no país europeu subisse nada menos do que 104%. Com isso, quem precisa de moradia a valores acessíveis não consegue encontrar, como é o caso de uma família de Berlim, apresentado na matéria. 

Nos Estados Unidos observa-se dificuldade parecida. Em meio à escassez de casas à venda, os contratos de compra de imóveis usados recuaram 2,8% em janeiro, em relação ao mês anterior. Por outro lado, as compras pendentes aumentaram 13% no primeiro mês do ano, estando fora de sintonia com as vendas de moradias usadas. 

Estamos de Olho

A Piauí destrinchou dados oficiais do IPTU de São Paulo para evidenciar o problema da desigualdade na cidade e os transformou em infográficos. Alguns dos números apresentados: 1% dos proprietários de imóveis possui o equivalente ao total dos 56% dos donos de imóveis de menor valor. Um imóvel na rua mais cara da cidade vale o mesmo que 961 casas na rua mais barata. Outro dado interessante: em reais, o valor de todos os imóveis de São Paulo somados equivale à metade dos imóveis de Nova York.

91% da população brasileira deve habitar as cidades até 2050, segundo estimativas da ONU. Pode-se dizer que o futuro do mercado imobiliário está diretamente atrelado ao desenvolvimento dos grandes centros urbanos. De olho neste cenário, a OSPA e a Escola Livre de Arquitetura (ELA) lançam, em parceria com a IMED, o MBA Cidades Responsivas. O objetivo é formar arquitetos, urbanistas, engenheiros e outros profissionais para planejar ações condizentes com a nova realidade das cidades. O curso terá início em maio.

No Imobi, Gustavo Zanotto, CEO da Beemob, traz o primeiro de uma série de 4 textos sobre Big Data no mercado imobiliário. Neste artigo inicial, Zanotto trata sobre análise preditiva, avaliações de imóveis mais precisa, hiperpersonalização do marketing e busca do terreno ideal. 

Depois de perceber que muitos imóveis usados ficavam parados durante meses (ou até anos) por não oferecerem mais condições de moradia, o corretor Kleber Sobrinho decidiu apostar na reconstrução de unidades desse tipo para revenda. Foi assim que, há dois anos, nasceu a Recons, que se dedica exclusivamente à requalificação de imóveis usados. Desde então, todos os imóveis adquiridos e reformados pela empresa foram vendidos em menos de 30 dias. Nesta semana, apresentamos a história e os resultados obtidos pela Recons no portal Imobi Report.

Kleber Sobrinho também participa de um bate-papo sobre requalificação de imóveis, nesta terça-feira, dia 2, às 18h30, com a equipe do Imobi Report, no aplicativo Clubhouse. A conversa contará ainda com a participação de Luiza Hafner, arquiteta da 4Inside. Se você é usuário iOS, traga suas perguntas sobre o assunto e participe da discussão com a gente!