Personal branding: como o corretor de imóveis deve cuidar de sua imagem?
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Imagine um quadro de ideias que as pessoas formam sobre nós quando interagimos com elas. Agora, pense que ele é composto por várias peças: nossa imagem, o estilo que adotamos, o modo de viver, a forma como nos comunicamos. Esse quadro existe na vida real e se chama marca pessoal, ou a tradução literal de “personal branding”.
Quando interagimos, seja em contatos diretos ou no contexto digital, externamos a ideia de quem somos e esse conjunto de fatores é fixado na mente de terceiros. É importante compreender esse aspecto logo de início, uma vez que o personal branding não obedece apenas à nossa vontade. “O conceito de marca pessoal depende de como o outro entende e lê o mundo”, explica Isabel Clara, comunicóloga e estrategista em marca pessoal e reputação.
Para ajudar corretores de imóveis a aplicarem esse conceito no intuito de vender mais e melhor, no on e no off, o Imobi Report conversou com profissionais de alta performance em gestão de imagem e marca pessoal para entender melhor o uso do personal branding. Confira!
O profissional de vendas é, acima de tudo, uma pessoa
O conceito de personal branding se popularizou no final dos anos 90, quando o profissional foi estimulado a pensar em si como uma empresa. Ou seja, da mesma maneira que grandes companhias cuidam de sua imagem e comunicação e as usam como atributos de marca, visando vendas e reputação, profissionais de qualquer nível e segmento, especialmente os autônomos, podem e devem fazer o mesmo.
“Isso acontece porque a formação, a especialização, seja ela clássica ou não, já não é mais um grande diferencial, virou commodity. Assim, a personalidade e identidade contam tanto ou até mais na hora de gerar negócios em qualquer segmento”, explica Clara, que desde 2011 atua com consultoria e agenciamento em marca pessoal e reputação para o mercado corporativo.
Quando aplicamos esse conceito no corretor de imóveis, o especialista em neuropsicologia e coordenador de especialização em comportamento não-verbal David Leucas sugere começar por uma engenharia reversa.
“Descontruindo o processo de venda de imóvel, de um lado entendemos que existe um sujeito com desejo e do outro, existe um produto. Esse produto não é parede, chão e porcelanato. Mas sim uma quantidade gigantesca de aspirações, imaginário, sonhos, vaidade, dentre outros sonhos e desejos que o potencial cliente tem. E o corretor, por sua vez, é um facilitador, um intermediador desses desejos e de coisas que venham a saná-los. Então um primeiro ponto crucial da marca pessoal é o corretor ter a sensibilidade de compreender a relevância disso”, ressalta o profissional.
Autenticidade, posicionamento e monitoramento
Para Clara, embora não existam estratégias únicas na gestão de marca pessoal para profissionais, três ações devem ser combinadas em um plano de diferenciação do profissional corretor de imóveis: autenticidade, posicionamento e monitoramento.
“Ser quem somos em nossa essência, sabendo reconhecer, dosar e equilibrar nossos pontos fortes e fracos, sempre é o melhor ponto de partida. Ter um posicionamento congruente com sua personalidade, sem copiar estratégias alheias que você não será capaz de manter, fará com que você seja reconhecido, valorizado e relevante no seu mercado”, ressalta a estrategista em marca pessoal.
Isso sem esquecer que posicionamento sempre vai da aparência ao comportamento, do tom de voz às palavras escolhidas, do pessoal ao social. É sempre uma combinação estratégica que faz você ser escolhido e admirado.
Como se diferenciar nas redes sociais?
O brasileiro passa, em média, 4 horas por dia nas redes sociais. Diante disso, o recurso deixa de ser facultativo para se tornar obrigatório, simplesmente porque está todo mundo lá, e é imprescindível que o corretor também esteja.
Para David Leucas, ainda que pareça óbvio, um primeiro ponto fundamental é que o perfil do corretor precisa ser profissional. “Suas fotos na praia podem ser legais, mas não vendem imóveis. Se a intenção é profissionalizar, tem que postar o que cabe no âmbito do profissional”, diz ele.
Para o especialista em comunicação não-verbal, um segundo ponto é que o algoritmo do Instagram não dá a mínima para um perfil só com o nome do corretor e imóveis que ele vende. “Nem o algoritmo, muito menos o comprador. A rede social vai favorecer quem compartilha conhecimento de qualidade. Quais são as dúvidas que a pessoa tem na cabeça? Quais desejos elas têm? Pessoas não compram itens, mas sim as emoções que eles vão gerar”, afirma ele.
O foco, então, deve ser entregar conhecimento de qualidade. “Faça com que a pessoa olhe para você e pense: ‘nossa, esse cara me deu uma dica útil’. A rede social deve ser usada para entregar conteúdo, não para sair vendendo. Nos destaques você pode ter os lançamentos da semana, por exemplo, um local com os imóveis atualizados, mas isso nunca deve ser o foco principal”, aponta o especialista.
Não existe personal branding digital
Para concluir, Isabel Clara ressalta que a marca pessoal é um todo, composto de quem somos efetivamente, seja no on ou no off-line, e essa coerência deve estar presente a todo momento.
“Por isso a importância de um planejamento dos conteúdos nas redes sociais que se associam positivamente aos seus objetivos e a sua personalidade. Perguntar-se em que canais estarei presente (respeitando o contexto de cada um), quais mensagens e ensinamentos vou passar, que parte da personalidade vou considerar nos conteúdos, são somente alguns elementos para uma estratégia assertiva. Que, é claro, devem convergir com a forma que você vai se apresentar pessoalmente, no off-line”, indica ela.
Ter esses elementos claros e definidos é o que vai permitir que o profissional saiba o que, quando, como e onde postar. Se a seriedade, por exemplo, é um valor do profissional, engajar-se em uma trend “engraçadinha” do Instagram pode não fazer sentido e até depor contra a construção de imagem que está sendo realizada.
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