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Venda de imóveis novos tem maior volume desde 2014; lançamentos recuam

O Brasil registrou a venda de 156.730 novos imóveis em 2022, um aumento de 9,2% sobre o ano anterior. O volume de venda de imóveis novos é o maior registrado desde 2014 e mostra que o mercado imobiliário segue gerando oportunidades.

Os dados são de levantamento divulgado nesta quarta-feira pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Venda de imóveis novos na baixa renda baliza o mercado

O primeiro semestre de 2022 foi marcado por dificuldades em relação ao preço dos insumos e a defasagem dos subsídios do então programa Casa Verde Amarela. Isso impactou o segmento da baixa renda, que teve uma redução de 4% no volume de lançamentos (caindo de 88.746 para 85.180 unidades) e de 6,4% nas vendas (de 113.008 para 105.826 residências).

“Com a readequação do programa para dar capacidade de compra para a população, tivemos resultados mais positivos no segundo semestre”, explicou o presidente da Abrainc, Luiz França, em coletiva para apresentar os números à imprensa.

Para 2023, a expectativa das incorporadoras está no aumento do orçamento dos recursos do FGTS, que pode ter um subsídio 129% maior na comparação com 2022. “A partir disso, podemos atingir números inéditos”, apontou França. 

Já no segmento de Médio e Alto Padrão (MAP), o volume de lançamentos caiu drasticamente (-31,4%). Porém, as vendas dispararam, com um salto de 67,8%, passando de 27.937 para 46.878 unidades comercializadas.

Em vendas, este foi o melhor resultado do segmento na série histórica, além de ainda representar o segundo maior volume de lançamentos. 

A alta do aluguel deu relevância para a compra de imóveis, num momento em que o consumidor procura fontes seguras para investir. Em janeiro e fevereiro de 2023, inclusive, estamos observando um mercado muito positivo, acima da expectativa”, ressalta o presidente da Abrainc. 

Otimismo entre os incorporadores

Segundo levantamento realizado pela Abrainc/Deloitte no quarto trimestre de 2022, 96% das incorporadoras afirmaram que pretendiam realizar novos lançamentos em um período entre 3 e 12 meses. 

A compra de terrenos também está na mira do setor construtivo, já que a mesma pesquisa mostrou que 86% das empresas consultadas pretendem adquirir terrenos no período de um ano.

“As empresas estão capitalizadas e têm tido um bom nível de vendas, com uma negociação de preço de venda bastante equilibrada. Considero que os preços estão muito interessantes e não sei por quanto tempo teremos esses números”, destaca França. 

Estoque em estabilidade

De acordo com o presidente da Abrainc, o estoque atual é “equilibrado e confortável”. O ano de 2022 foi encerrado com um estoque de 144 mil unidades no segmento econômico, enquanto em 2021 o montante era de 145 mil unidades.

O tempo em que os imóveis permanecem na prateleira após ficarem prontos também manteve estabilidade, com 15 meses de duração. Na média histórica, mensurada desde 2018, o tempo médio de duração do estoque é de 14 meses.

“Os estoques não mostram uma superoferta. Falando sobre o MAP, com volume de estoque caindo, a tendência de preço é subir”, destaca França.

Incorporadoras aguardam movimentações que podem favorecer negócios

Na avaliação do presidente da Abrainc, para que em 2023 o setor mantenha o ritmo de crescimento, é importante que o Banco Central realize medidas regulatórias para aumentar a oferta de crédito imobiliário disponível.

“Uma possível medida seria o aumento no percentual de recursos da Poupança que é direcionado obrigatoriamente ao crédito imobiliário, dos atuais 65% para 70%. Também é possível avaliar outras alternativas de estimulo ao financiamento habitacional, como a redução dos juros de credito imobiliário no IRPF”, explica.

Valor dos imóveis sobe e distratos diminuem

No ano passado, o valor médio dos imóveis novos vendidos subiu 10% e ficou em R$ 344,5 mil, enquanto a média de preços dos lançamentos foi de R$ 381,4 – uma alta de 11,4% em relação a 2021.

A baixa relação entre distratos e vendas de unidades do segmento MAP é outro ponto a destacar em 2022. No ano, essa relação atingiu o menor patamar da série histórica (9,5%), o que representou uma queda de 1,4 ponto percentual em relação a 2021. 

Para efeito de comparação, no fim de 2018, quando foi publicada a Lei nº 13.786/18 (Lei do Distrato Imobiliário), que estabeleceu parâmetros para a resolução de contrato de compra e venda de imóveis por desistência e por inadimplemento das partes, a relação distratos/vendas entre os imóveis de Médio e Alto Padrão estava próxima dos 50%.