Imobiliárias

Unidos por uma causa em comum: associativismo marca o mercado imobiliário em Santa Catarina

Associativismo é o termo que designa a colaboração entre empresas com interesses em comum, que se unem para colher benefícios econômicos, aumentar a representatividade perante outros órgãos e defender pautas mútuas. No imobiliário, mercado em que as empresas concorrem dentro dos mesmos nichos e territórios, nem sempre observa-se a união dos atores – é frequente a competitividade falar mais alto

Mas há praças em que o associativismo ganhou impulso e tornou-se característica própria. É o caso de Santa Catarina, onde é comum grandes empresas se unirem em projetos em benefício do todo. No ano passado, por exemplo, a Ibagy e a Brognoli, maiores imobiliárias de Florianópolis e concorrentes há mais de 50 anos, juntaram forças no projeto de capitalização da Refera, startup especializada em manutenções e reformas de imóveis alugados. As duas imobiliárias também já realizaram ações comerciais e de marketing em conjunto. 

Outro exemplo dessa união de forças veio através de uma parceria com um órgão estatal. Há pouco mais de uma década, as imobiliárias da capital catarinense começaram a sofrer com uma deficiência de atendimento da Celesc, a estatal de energia elétrica do Estado, o que travava o andamento de processos importantes como troca de titularidade, religamento de luz e outros. 

Com o suporte do Secovi-SC, as imobiliárias de Florianópolis pleitearam junto à Celesc uma solução digital para a execução desses procedimentos, a exemplo de modelos semelhantes que começavam a ser implantados no País, como na extinta Celpe, em Pernambuco (hoje Neoenergia), e na CPFL, no interior de São Paulo. 

As discussões tiveram idas e vindas, mas em 2013, com a entrada de uma nova diretoria comercial na companhia elétrica, os avanços foram rápidos e no mesmo ano foi lançada a primeira versão do portal imobiliário da Celesc. Com um login e senha de operador, as imobiliárias ganharam permissão para realizar de forma online os procedimentos dos imóveis relacionados à energia.

Ganhos em mão dupla

Para Alcides Andrade, superintendente do núcleo do Secovi em Florianópolis, foi fundamental nesse processo mostrar à Celesc que as imobiliárias poderiam ser parceiras da companhia de distribuição de energia, ajudando a cobrar o pagamento das contas e reduzindo a inadimplência. “Assim viramos a chave e mostramos a legitimidade da nossa demanda”, lembra o executivo, que na época liderou as tratativas junto à Celesc.

Essa agilidade – hoje estendida a outros Estados pela evolução de aplicativos e soluções digitais das próprios prestadoras de serviços públicos – representou na época uma otimização enorme para as imobiliárias, que passaram a solicitar o desligamento da energia ou trocar a titularidade do imóvel à distância, encurtando os prazos e economizando recursos com deslocamentos 

Hoje, segundo a Celesc, 627 imobiliárias catarinenses utilizam a plataforma online exclusiva, por onde fazem uma média de 23 mil serviços por mês. Os principais serviços executados são segunda via da fatura, consulta de débito, alteração de data de vencimento, desligamento da unidade consumidora, troca de titularidade e religação da unidade consumidora.

A Celesc também realiza reuniões periódicas com representantes do setor imobiliário, com objetivo de reavaliar os serviços oferecidos na parceria.
Para ter acesso a essa plataforma, as imobiliárias precisam preencher um cadastro online com alguns requisitos básicos como Creci e CNPJ, e ao final é gerado um termo de convênio com algumas documentações que as imobiliárias precisam apresentar. “Estando tudo em ordem, a unidade vai gerar o cadastro da imobiliária no sistema e enviar o login e a senha de acesso. Para alguns serviços que as imobiliárias não conseguem finalizar pela plataforma, há atendentes próprios da Celesc que fazem esse trabalho”, contou Robson Rosa dos Santos, gerente da divisão de atendimento da companhia de energia, ao Imobi Report.