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Santander compra Apê11 e Nubank vira sócio da Creditas: os bancos e a corrida pelo crédito imobiliário

Desde o ano passado, não é difícil se deparar com textos que usam a expressão “corrida pelo crédito imobiliário”. Com a Selic baixa e os consumidores repensando seus lares, a modalidade de crédito cresceu 73,6% em julho de 2021 comparado ao mesmo período de 2020, segundo dados da Abecip.

O mercado começa a se estabilizar, mas a pauta do financiamento segue quente e quem sabe muito bem disso são os executivos do setor. Recentemente, os unicórnios QuintoAndar e Loft adquiriram a Atta Franchising e a CrediHome, respectivamente. Já na última semana, o mercado viu o movimento contrário acontecer: um banco adquirir um marketplace imobiliário. O Santander anunciou a aquisição da Apê 11, plataforma de compra de imóveis de São Paulo. Paralelamente, o Nubank anunciou uma parceria com a Creditas, plataforma de crédito.

O jogo está claro: todo mundo quer um pedacinho do crédito imobiliário brasileiro.

Lá vem o roxinho?

O Nubank, banco digital com muito apelo junto ao público jovem, anunciou uma parceria com a Creditas, plataforma de crédito. Até o final do ano, todos os produtos e serviços da Creditas serão ofertados para os clientes da fintech. Nesse caso, a aproximação é mais com o crédito do que com o imobiliário, mas não deixa de ser algo importante: é o primeiro sinal claro do Nubank para o setor. Afinal, a Creditas já tem um braço de financiamento imobiliário e home equity.

Em release para imprensa, Sergio Furio, fundador e CEO da Creditas, afirma: “Vamos começar a trabalhar para fornecer uma experiência incrível para os clientes Nubank, seja concedendo empréstimos, permitindo que os clientes mudem seus carros ou reformando suas casas. As oportunidades são ilimitadas para o consumidor que busca uma oferta digital completa e moderna”.

Já o Santander…

Já o  movimento do Santander para o mercado imobiliário é bem claro. “A escolha da Apê11 aconteceu justamente por terem construído uma plataforma robusta que tem a possibilidade de crescer ainda mais o negócio”, afirma Sandro Gamba, diretor de Negócios Imobiliários do Santander Brasil.

Leonardo Azevedo, sócio-diretor da Apê11, conta que o projeto de receber um investidor já tinha um ano. “Estabelecemos o relacionamento com o Santander pelo Laboratório de Inovação, que desenvolve um trabalho incrível com startups. A opção estratégica com o banco teve o melhor fit com a nossa cultura de gestão e também por estarmos com um projeto muito alinhado de desenvolvimento de um ecossistema de parceiros no imobiliário. Há uma crença muito forte na colaboração potencializada pela tecnologia para transformar esse mercado extraordinário – e ainda muito pulverizado”.

Não é a primeira vez que o Santander faz esse movimento. Em 2010, o banco espanhol adquiriu o marketplace WebCasas. Era o braço imobiliário de marketplaces do banco, que também tinha  – e tem até hoje – o Webmotors, braço automotivo.

Na época, a empreitada no imobiliário começou a ganhar corpo, mas também a exigir investimento, especialmente para competir com os players insurgentes focados em digitalização. Por se afastar de seu core business, o Santander optou por fechar o Webcasas. Em janeiro de 2015, a plataforma saiu do ar e, em nota para o Baguete, o banco afirmou que “o mercado imobiliário é ‘estratégico’, mas as iniciativas na internet voltadas ao segmento ‘possuem uma dinâmica bem específica e players bem consolidados’”.

Agora, com a aquisição da Apê11, o banco sinaliza (mais uma vez) a importância estratégica do mercado imobiliário. “Olhando sempre para o mercado, o Santander está construindo um ecossistema imobiliário para atender às demandas do cliente que, nesse segmento, podem ser corretores de imóveis, imobiliárias, vendedores pessoa física ou quem está buscando a casa própria”, diz Gamba.

Ter seu próprio marketplace é, principalmente, um movimento de troca: oferece para os atores do imobiliário a geração de leads, enquanto pleiteia prioridade para sua linha de crédito. Nesse sentido, a escolha da Apê11 é assertiva, pois, além de ser uma plataforma já robusta e com tecnologia própria, atua no terreno dos gigantes capitalizados, a cidade de São Paulo. A aquisição da plataforma vem como um belo MVP para testar o modelo de negócio e não ficar refém de Loft, QuintoAndar e plataformas de crédito que são multibanco e não juram fidelidade a ninguém. O movimento, inclusive, se aproxima do que já é realidade marcante no mercado automotivo: portais verticais atrelados aos bancos, que dialogam diretamente com vendedores (ou corretores) e, principalmente, com clientes finais.

Vale esperar os próximos movimentos dos demais bancos.

Ana Clara Tonocchi

Jornalista formada pela UFPR, com experiência também como assessora de imprensa, participa do Imobi desde a sua fundação. É uma das responsáveis pelos conteúdos do portal e pela newsletter do Imobi Report.

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