Lucas Madalosso, CEO da Refera
Imobiliárias

Refera recebe investimento de R$1.5 mi para digitalizar manutenções em imóveis por todo o país

Unindo tecnologia a um amplo conhecimento e experiência no setor imobiliário, a Refera chegou ao mercado no final de 2020, oferecendo soluções para resolver uma das principais dificuldades das imobiliárias de todo o país: a digitalização da jornada de manutenções e reformas de imóveis alugados. A aposta dos fundadores da startup, entre eles o CEO Lucas Madalosso, que já trazia em sua bagagem mais de 17 anos como dono de imobiliária, deu muito certo e, em menos de seis meses, a proptech já conseguiu captar R$ 1,5 milhão em investimentos. 

Para isso, a Refera se aproximou de grandes players do mercado, trazendo as imobiliárias Brognoli e Ibagy, ambas de Florianópolis, como sócias investidoras do negócio, além do Sienge, marca da Softplan líder de mercado em tecnologia de gestão para a construção. Cada uma das empresas fez um aporte de R$ 500 mil para que a Refera pudesse expandir suas operações e, assim, atender um número maior de imobiliárias em todo o país. 

Atualmente, a startup atua em três estados, atendendo 25 imobiliárias, mas os planos para o ano de 2021 são bastante ousados: até dezembro, a Refera pretende triplicar sua operação e captar mais R$ 6 milhões. Na entrevista abaixo, o CEO da startup, Lucas Madalosso, conta em detalhes como tudo isso foi possível em tão pouco tempo e quais as estratégias da startup para continuar crescendo exponencialmente ao longo do ano. 

Filippe Ferreira e Lucas Madalosso, fundadores da Refera
Filippe Ferreira e Lucas Madalosso, fundadores da Refera

Imobi Report: Como a sua experiência no mercado imobiliário contribuiu para a criação da Refera, assim como dos seus sócios? 

Lucas Madalosso: A história da Refera está realmente muito ligada à nossa experiência, principalmente minha e do Filippe Ferreira, que é o nosso COO. No meu caso, eu liderei o processo de transformação da Terraz Aluguel Digital e lá eu pude perceber que a transformação digital pela qual o setor imobiliário passou nos últimos anos ainda está muito concentrada na área transacional. Os maiores investimentos e impactos ficam no comercial, no marketing, em etapas que vão até a assinatura do contrato. Nos pós-contrato, ainda existe muito pouco efeito da transformação digital, então ainda tem muito espaço para melhorar processos e eficiência. Eu mesmo fui dono de imobiliária por 17 anos e vivi isso na prática. 

Em 2019, quando vendi a Terraz para o grupo Brognoli, conheci o Filippe, que foi gestor de manutenções da Brognoli, uma imobiliária com 8 mil contratos de locação, com um volume de cerca de 600 manutenções por mês. E foi ele quem transformou esse setor, que era um problema antes lá, tanto de qualidade de atendimento quanto de custos e prejuízos para a imobiliária, na segunda principal fonte de receita da empresa. Então, eu o convidei para a gente fundar a Refera, que é uma plataforma que une nosso conhecimento do negócio imobiliário, dos problemas da imobiliária, a um investimento bem intenso em tecnologia, para poder levar essa solução de tecnologia para todo o Brasil. 

Imobi: Qual a principal contribuição que a Refera traz para o mercado imobiliário?

Lucas: É importante frisar que nós somos uma plataforma. E qual é a diferença de uma plataforma para um software? Além de termos um software, um sistema efetivamente, nós atendemos os dois lados envolvidos no processo, ou seja, as imobiliárias e toda a rede de prestadores de serviços. Software para gerir chamados tem aos montes, mas a gente viu que, no final das contas, depois de muitos anos, não adiantou muito – de maneira geral, a maioria das empresas continua com os mesmos problemas. Portanto, o que diferencia a nossa plataforma é ter uma grande rede de prestadores de serviços à disposição das imobiliárias, além de gerir todos os chamados de manutenção, de ponta a ponta, durante o contrato de locação e também no processo de rescisão do contrato. A gente ainda presta uma garantia, sendo responsável por todas as obras executadas através da Refera. 

Com isso, a gente melhora a qualidade de atendimento porque a nossa plataforma está preparada para oferecer a inquilinos e proprietários uma jornada previsível, transparente e rápida. Entregamos orçamento em 48 horas e notificamos o cliente de todo o andamento do chamado. Outra coisa é que reduzimos em até 73% o esforço da imobiliária com manutenções, ou seja, reduzimos custos, permitindo que o setor se torne a segunda principal fonte de renda da imobiliária. E, por fim, a gente traz organização e paz emocional para a imobiliária porque esse é um dos setores que mais trazem transtornos emocionais. 

Imobi: Nesses poucos meses de operação, quais foram os resultados obtidos pela Refera? E como tem sido a receptividade do mercado em relação às soluções propostas pela empresa? 

Lucas: Em menos de seis meses de operação, a Refera já está presente em três estados (Santa Catarina, Paraná e Bahia), atendendo 25 imobiliárias, que representam 46 mil contratos de locação. Até o final do ano, a gente  pretende triplicar esse tamanho. E esse ritmo de crescimento deve se refletir também na captação de investimentos. Até o final do ano, a gente espera captar mais R$ 6 milhões. 

Em relação à receptividade, temos recebido o melhor feedback possível das imobiliárias. No caso da Brognoli, por exemplo, a gente reduziu dois funcionários no setor de manutenções e aumentou em 39% a receita da imobiliária com o setor após o início das atividades da Refera. 

Para expandir ainda mais a nossa rede, nossa estratégia é trazer as grandes imobiliárias do Brasil como sócias investidoras da Refera. Vou dar o exemplo de Florianópolis, onde a gente reuniu as duas maiores da cidade e depois todas as outras entraram nesse movimento, fazendo com que a rede de prestadores se tornasse gigantesca. O mesmo aconteceu em Joinville e em Curitiba. 

Imobi: Para vocês, qual a importância de ter a Ibagy como investidora neste momento? 

Lucas: A nossa estratégia, enquanto Refera, é mostrar que nós somos uma empresa de tecnologia do mercado imobiliário para o mercado imobiliário, aberta a todas as empresas do setor. Quando começamos a nossa operação, a Brognoli foi uma investidora inicial da empresa. Agora, com a chegada da Ibagy, isso se torna ainda mais claro, pois as duas imobiliárias são os principais concorrentes da cidade e duas das maiores empresas do setor no Brasil, e elas entenderam que, no âmbito de manutenções e reformas, para que ambas tivessem eficiência, era fundamental que elas se juntassem. 

Assim, elas deixam para competir somente em outros aspectos, em outras frentes. Mas, no setor de manutenções e reformas, é fundamental que haja união para que elas tenham eficiência e volume, conseguindo oferecer de fato bons serviços. E isso a gente quer replicar em outras cidades, onde concorrentes locais também possam fazer parte da rede da Refera para ganhar eficiência. Brognoli e Ibagy são duas imobiliárias bem relacionadas e influentes no Brasil todo e que vão nos ajudar a consolidar essa estratégia de trazer outras imobiliárias como investidoras.