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Para evitar pedalada, governo cancela obras do MCMV

No apagar das luzes do Governo Temer, entre 24 e 31 de dezembro de 2018, o então ministro das Cidades, Alexandre Baldy, autorizou a contratação de mais de 17 mil unidades, em 68 empreendimentos da faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, aquela que é destinada a famílias de baixa renda e que conta com subsídios – leia-se recursos diretos – do governo. Ocorre que essa contratação não foi prevista no Orçamento Geral da União, o que desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal. E acendeu o alerta da Controladoria-Geral da União (CGU), que considerou todas essas contratações irregulares

O Governo Federal bem que tentou resolver o problema, solicitando um crédito suplementar ao Congresso, que foi aprovado em junho. Mas auditores da CGU alertaram que a manobra seria insuficiente para cobrir o custo dessa contratação, que passa de R$ 1,4 bilhão. O governo, então, cancelou contratos de obras não iniciadas – cerca de 8,4 mil unidades. Já aquelas que estão em andamento, perto de 9 mil, aguardam uma definição. A Caixa está mapeando estas obras e o prejuízo com sua eventual interrupção. Segundo uma fonte do governo, apesar da crise que vai gerar com as famílias que aguardam por essas unidades, o governo Bolsonaro não vai bancar uma “pedalada”.

Para alguns prefeitos de olho na reeleição, no próximo ano, que prometeram moradias acessíveis em campanha, como Marcelo Crivella, do Rio, a notícia também vem em má hora.

A MRV, maior operadora do MCMV no país, vai tirando o pé do acelerador no programa habitacional. A empresa pretende reduzir a participação do programa em seu VGV a 40%. Atualmente, responde por 80%. Para isso, a MRV vai investir no que chama de “solução de mercado”. A saber: empreendimentos com unidades que podem ser financiadas tanto pelo MCMV, como por recursos do SBPE, e outras apenas pelo SBPE.

“Na minha cabeça, a faixa 3 está deixando de existir. Ela já não tem subsídio do FGTS e a taxa está maior do que no mercado. Está perdendo sentido”, comenta o copresidente da MRV, Eduardo Fischer, para o Broadcast

A Direcional também aposta em uma “faixa 4” e vai ampliar os lançamentos com valor ligeiramente acima do teto do MCMV. As duas construtoras pretendem continuar com o mesmo método construtivo e o repasse de clientes para o financiamento logo depois da venda, antes da entrega de chaves.

A Caixa prometeu lançar um financiamento imobiliário com taxas prefixadas no começo do próximo ano. Segundo o presidente do banco, o novo formato virá até março.

Enquanto isso, os três maiores bancos privados do país – Itaú, Santander e Bradesco – estão concedendo R$ 1 bilhão em crédito imobiliário por mês e correndo atrás para alcançar os novos produtos da Caixa.

Há, ainda, o movimento de startups de crédito imobiliário, como a Credihome. A fintech promete aprovar pedidos de financiamento em cerca de 8 a 10 dias, com uso de inteligência artificial.

O grupo paranaense Thá, referência no mercado da construção civil, fechou um acordo de recuperação judicial após uma dívida que se arrastava há sete anos. A Thá passa a integrar um grupo crescente de empresas endividadas no Paraná, onde os pedidos de recuperação judicial aumentaram 33% em 2019.

O BTG Pactual fez uma lista de mudanças às quais as incorporadoras devem atentar-separa o Money Times. Entre elas, os problemas com recursos do MCMV e as mudanças nas regras do FGTS, assim como novos formatos de financiamento imobiliário. 
Imobiliárias
Na última edição, comentamos o controle da Resale pelo BTG Pactual. Agora, a startup lança o portal Imóveis com Desconto, que oferta apartamentos novos com valor até 30% abaixo do mercado. A carteira inicial do site tem 200 imóveis, incluindo ativos da Enforce, empresa de recuperação do BTG. São imóveis novos, dados como pagamento para bancos por incorporadoras com dívidas. A maioria mantém o padrão da construtora e nunca foi habitada.

Em São Paulo, apartamentos menores têm maior valor por m². Segundo levantamento do Grupo Zap, o preço médio de apartamentos pequenos é de R$ 12,1 mil, enquanto de imóveis acima de 120m² é de R$ 10,1 mil. Segundo o Secovi-SP, em pouco mais de uma década, o tamanho médio dos imóveis na capital diminuiu 27%. O Secovi também aponta que apartamentos de um quarto levam cerca de 15 a 22 dias para serem alugados, enquanto aqueles com mais de três quartos podem demorar mais de um mês.

“Para achar imóveis, a internet é imbatível. Mas, buscando um apartamento para alugar, vivi as agruras de uma imobiliária que migrou a burocracia para seus orgulhosos computadores. No meu caso, ela se atrapalhou. Foram muitos dias e mais de cinquenta e-­mails, esgrimindo com uma informática misteriosa e tripulada por humanos que não usam o dom da voz ou da inteligência. Muito menos o da cortesia. O veredicto foi sumariado pela lapidar frase (via e-mail): o seu cadastro não foi aprovado, tá?” Num relato divertido em sua coluna na VEJA, Claudio de Moura Castro faz um ótimo registro sobre a experiência do cliente imobiliário em tempos de transformação digital. Vale a leitura.
Tecnologia
Bill Gates publicou em seu perfil no LinkedIn um manifesto sobre os malefícios de novos prédios para o meio ambiente. Segundo o homem mais rico do mundo, serão construídos mais de 2 trilhões de metros quadrados de prédios até 2060 – o equivalente a construir uma Nova York por mês pelos próximos 40 anos. Gates explica que há problemas com o uso de concreto, com o conforto térmico e a eficiência energética. No texto, para cada um dos problemas, oportunamente cita uma startup como solução. (inglês)

Onde as venture capitals investem no mercado imobiliário? Esta foi uma das perguntas feitas pelo TechCrunch para mais de 20 investidores que têm aportes em startups do real estate. O material é tão longo que foi dividido em parte 1 e parte 2(inglês)

Há pontos comuns nas respostas, como os grandes investimentos feitos nas novas formas de construir, novos materiais e tecnologia. Os entrevistados também comentam sobre inovação no processo de compra e financiamento de imóveis, como uso de inteligência artificial e blockchain.

A Katerra é a maior startup da construção civil atualmente. A companhia pré-fabrica componentes de construções off-site e entrega kits modulares para montagem. Está presente nos Estados Unidos, Índia e Arábia Saudita e já recebeu aportes de SoftBank, Foxconn e DFJ.
Mundo
Em novembro, comemorou-se 30 anos da queda do muro de Berlim. Desde então, os imóveis localizados no centro da cidade valorizaram mais de 400%. Em algumas regiões, o aumento é ainda mais significativo. O preço do metro quadrado de casas perto da East Side Gallery, galeria a céu aberto onde os remanescentes do muro foram grafitados por artistas, era cerca de 153 euros na década de 1990. Agora, custa cerca de 10 mil euros. (inglês)
Estamos de Olho
Uma seleção de notícias de São Paulo para ler com um café e pão na chapa.

Os paulistanos gostam mais de morar perto de shoppings do que os cariocas. Segundo levantamento do Grupo ZAP, o metro quadrado de um novo imóvel próximo a um shopping em São Paulo é R$ 13 mil. No Rio de Janeiro, é pouco mais de R$ 7 mil. Por outro lado, ser vizinho de um parque na capital paulista custa cerca de R$ 8 mil, enquanto no Rio sai por R$ 13 mil.

Os planos de São Paulo para construir o parque suspenso no Minhocão ainda não saíram do papel. As obras estavam previstas para começar em novembro. Nos finais de semana, a prefeitura se compromete a levar bancos e árvores móveis, mas a via continuará sendo utilizada para automóveis durante os dias úteis, contrariando o que foi definido no novo Plano Diretor da cidade.

Um projeto de ocupação de vias por pedestres que tem evoluído é a Paulista Aberta. Estudo publicado no Archdaily mostra que 78% dos moradores visitam a via nos domingos em busca de lazer. Oito em cada dez comerciantes afirmam notar impacto favorável no seu negócio com o programa.

O Fundo Imobiliário Comunitário para Aluguel, ou Fica, é uma instituição sem fins lucrativos que compra imóveis para poder alugá-los por um valor mais acessível. O fundo é formado por 65 ativistas e fez um piloto, adquirindo um apartamento no centro da capital que, depois de reformado, foi alugado por R$ 633, enquanto outras unidades administradas por imobiliárias no mesmo prédio cobram cerca de R$ 1.200.

O valor inclui condomínio, seguro do imóvel e taxas para manutenções e contribuição do inquilino ao Fica, para colaborar na compra de outros imóveis. Há um contrato padrão de aluguel, porém não é exigido fiador ou garantias. O diretor do Fica, Renato Cymbalista, que também é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, explica que o grupo não faz caridade: “nós não temos lucro neste aluguel, mas também não conseguimos subsidiar”.

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