compra de imóvel
DestaquesVendas

Metade dos consumidores cogita acelerar compra de imóvel

A decisão de compra de imóvel pode ser acelerada em breve com as mudanças previstas para a economia do país. O governo eleito sinalizou que vai incentivar a retomada do segmento de baixa renda, o que tende a gerar novos ventos para o imobiliário.

É o que indica uma pesquisa realizada pela consultoria Brain realizada no mês de novembro. Segundo o levantamento, o crédito facilitado tem poder para antecipar a decisão de compra para 50% dos entrevistados. 

O dado foi divulgado na apresentação da pesquisa sobre intenção de compra de imóveis no Brasil, durante o webinar ”Mercado Imobiliário: Comportamento do consumidor e as tendências para 2023”. A conferência foi realizada na semana passada pela Brain e a Associação de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Intenção de compra de imóvel é agilizada pela facilidade na obtenção de crédito

Na visão de gestores e executivos do imobiliário, a intenção de compra diante de novidades no cenário econômico pode significar um crescimento do mercado já no curto prazo. Isso se deve, principalmente, pela perspectiva de estímulo à produção e consumo de imóveis econômicos.

“Existem dois grandes mercados, o de baixa renda e o de médio e alto padrão. A baixa renda está mais protegida contra os juros, pois há possibilidade de usar recursos do FGTS e as operações agora são mais longas, podendo chegar a 35 anos. Com os subsídios e expectativas sobre o novo governo, isso deve trazer uma melhor capacidade de compra”, destacou Luiz França, presidente da Associação de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

França ainda ressalta que, mesmo com a Selic em 13,75%, na prática, os juros do financiamento imobiliário são os menos impactados. “No contrato, a taxa fica na faixa de 9,5%. Caso a Selic seja reduzida, que é a expectativa de médio prazo, o mercado brasileiro oferece a portabilidade, caso outra instituição ofereça uma taxa menor. Mas, em geral, o próprio banco procura reprecificar para não perder o cliente”, apontou França.

Alex Veiga, CEO do Grupo Patrimar, complementou afirmando que, na prática, o imobiliário tem condições privilegiadas diante da variação dos juros básicos da economia.

“Quando se fala que os juros saíram de 2% para 13,75%, é preciso dizer que, no imobiliário, não é bem assim. Essa flutuação não impacta tanto quanto um leigo pode achar. A Caixa Econômica, por exemplo, tem vários mimos”, apontou, falando sobre facilidades oferecidas pelo banco que é líder em financiamento imobiliário.

“Temos também novos agentes financeiros com taxas agressivas, como o Banco Inter, o Safra. O funding está disponível e estamos em um momento espetacular. Essas mudanças de hábito do consumidor geram, nas empresas, um movimento muito interessante que é de descobrir o que o comprador de fato quer. E os negócios continuam acontecendo”, arrematou Veiga.

Pesquisa revela outras oportunidades ligadas à economia

Outro ponto interessante da pesquisa é a estabilidade da intenção de compra, mesmo no contexto pós-eleitoral. “Temos a intenção de compra em 31% em novembro, uma manutenção da margem das pesquisas anteriores, o que é excelente para o mercado”, afirmou Marcelo Gonçalves, sócio da Brain. Destes 31%, 11% já estão em busca ativa pelo imóvel – 7% pela internet e 4% já visitando imóveis e estandes de vendas. 

Ter o bolso menos apertado também é fator importante para abraçar um financiamento. Segundo 49% dos participantes da pesquisa, o aumento da própria renda pode implicar a compra de um imóvel.

Outros pontos citados pelos entrevistados para antecipar a decisão de compra ligados à macroeconomia foram a queda na taxa de juros (31%) e queda na inflação (22%). Vale destacar também que apenas 7% dos entrevistados afirmaram que nenhuma mudança econômica faria agilizar a compra de um imóvel.

A pesquisa ouviu 1.200 pessoas de todas as regiões do Brasil, com renda acima de R$ 3.000, e foi realizada durante o mês de novembro – ou seja, contempla a opinião dos entrevistados após o desfecho das eleições.

Especialistas destacam otimismo na construção

Na visão de especialistas, o fechamento de negócios deve ser favorecido por diversos fatores que chegam com o ano de 2023. Entre eles, a estabilidade no custo dos materiais de construção, prioridade do governo eleito com as moradias populares e afastamento do período de eleições.

“Em julho passado, o INCC atingiu índice de 17% no acumulado de 12 meses. Para o ano que vem, a expectativa é de um número mais comportado, abaixo dos dois dígitos”, disse Luiz França, da Abrainc.

“No segundo semestre, o consumidor ficou observando o que ia acontecer do ponto de vista político. Agora, essa dúvida vai se arrefecendo. A não ser que a taxa de juros dê uma subida violenta, o que não acredito, a baixa renda vai vir forte. Estamos muito animados para 2023, com muitos produtos na prateleira, adquirindo terrenos, preparando projetos e expectativa de repetir resultados como os de 2021”, afirmou Alex Veiga, da Patrimar.

Guilherme Bonini, diretor executivo da Longitude Desenvolvimento Imobiliário, afirmou que o olhar atento das incorporadoras às preferências do consumidor deve consolidar um novo perfil de negócio nos próximos meses.

“A intenção de compra existe nas pessoas, mas o que a população ganha, perdeu valor ao longo do tempo. Por isso, temos que ser inteligentes ao viabilizar um imóvel, para que atenda os desejos do cliente, mas que seja financeiramente viável”, disse.

“A renda média do cliente de nossa incorporadora é de R$ 3.200. Pensando no ano que vem, esperamos que haja um subsídio para contemplar essa faixa da população e facilitar a aquisição da casa própria”, complementou Bonini.

Intenção de compra apresentou alta ao longo de 2022

Conforme aponta a pesquisa da Brain, a intenção de compra subiu nos últimos 12 meses, chegando a 7% em novembro. O patamar mais baixo foi medido em fevereiro, quando estava em 5%. Nos últimos dois anos, o ponto mais alto deste índice foi mensurado em fevereiro de 2021, quando esteve em 10%.

A principal finalidade do imóvel é o uso próprio, conforme indicado por 75% dos entrevistados. Os 25% restantes são compostos por investidores, sendo que 22% destes querem comprar imóveis para locá-los.

Entre os imóveis procurados para uso próprio, 93% são residenciais, sendo 89% com intenção de moradia principal e 4% como segunda residência.

Outro dado relevante é a diferença entre o desejo do consumidor e a compra concretizada. 64% dos entrevistados afirmaram querer comprar uma casa ou sobrado em rua, mas apenas 31% fecharam negócio. Enquanto isso, 24% desejavam uma casa ou sobrado em condomínio fechado, com somente 6% concluindo uma compra.

Já o preço de imóvel comprado foi relativamente modesto para a maior parte dos participantes da pesquisa: 77% adquiriram um imóvel de até R$ 300 mil.

Por fim, sair do aluguel é o principal motivo para despertar a intenção de compra, fator apontado por 33% dos entrevistados. A segunda razão mais citada, com 20% das respostas, foi a busca por uma casa maior.