Daniel Claudino escreve livro sobre mercado imobiliário
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Livro sobre mercado imobiliário pretende ser referência para entender o setor

Há pouco mais de dois anos, Daniel Claudino, que hoje atua como consultor da CUPOLA, se debruça a um trabalho exaustivo, mas de grande relevância para o mercado imobiliário. O projeto consiste na elaboração de um livro que pretende ser referência para quem quer entender melhor o setor, tornando-se leitura obrigatória para quem trabalha na área. A obra deve reunir informações históricas e outros dados relevantes para a compreensão da natureza do mercado imobiliário e suas peculiaridades, que atualmente se encontram dispersas em diferentes bibliografias – ou nem estão registradas formalmente. 

Especialista em mercado imobiliário, com 16 anos de experiência no setor e passagens por grandes empresas, como a Beiramar, Claudino iniciou a pesquisa antes de a pandemia começar, teve que deixar o projeto em segundo plano por um tempo e agora está retomando-o com gás total. A motivação para escrever a obra veio justamente da percepção de que há carência de literatura específica sobre mercado imobiliário no Brasil. 

“Se alguém quiser ler sobre mercado imobiliário e fizer uma pesquisa no Google, vai achar somente livros sobre Direito Imobiliário ou sobre construção civil. Quando você fala de setor terciário da economia, que é o de serviços, como é o caso da intermediação imobiliária, não tem quase nada escrito. Mesmo quando você faz uma busca nos livros que são usados nos cursos de formação de corretores, tem pouquíssimas informações que realmente se aplicam à prática diária do mercado”, comenta. 

Para Claudino, outro motivo que comprova a necessidade de um livro sobre o mercado imobiliário como esse é a própria peculiaridade do setor, que não se encaixa em teorias mais tradicionais de administração de empresas, por exemplo. Além disso, ele destaca que o mercado imobiliário “tem barreira de entrada muito baixa” e, por isso, precisa de boas referências bibliográficas para quem quer se aprofundar na área. 

“Quando você vai abrir uma farmácia ou uma padaria, por exemplo, são empreendimentos relativamente simples, mas, mesmo assim, você precisa de um farmacêutico ou um padeiro, um sistema de controle de estoque, um grande investimento e estrutura física. No mercado imobiliário, não. No dia seguinte em que você tira o Creci, já está corretando. Se você for um corretor intuitivo, começa a fazer bons negócios e ampliando sua carteira, monta sua imobiliária, mas ainda assim, não é um administrador profissional”, avalia. 

O objetivo, portanto, é trazer referências históricas e outras informações que dificilmente são encontradas mesmo em bibliografias específicas sobre o setor, para explicar a natureza do mercado imobiliário, suas peculiaridades e como ele se insere no momento presente da economia brasileira. Atualmente radicado no Canadá, Claudino, que também já morou na Inglaterra e no Bahrein, também traz para o livro suas experiências internacionais para traçar paralelos entre o que acontece no Brasil e em outros países – e por aqui os processos são um pouco diferentes, ainda que a essência da corretagem seja a mesma. 

“A vistoria de imóveis, por exemplo, é algo que só existe no Brasil e tem uma explicação histórica, que remonta à chegada da família Real em 1808, quando os imóveis da aristocracia eram cedidos temporariamente à nobreza e, quando devolvidos, estavam em péssimas condições. Também explicamos como funcionam os cartórios no Brasil e por que nosso sistema é notarial e registral ao mesmo tempo, diferente de outros países. Além de muitas outras informações que nos permitem compreender melhor o cenário atual do mercado e sua natureza”, explica. 

Processo de desenvolvimento do livro     

Inspirado em autores consagrados na literatura historiográfica, como o brasileiro Laurentino Gomes e o israelense Yuval Harari, Claudino quer que seu livro seja acessível a todos os tipos de leitores, assim como as obras dos escritores que são referência para ele. “No caso do Laurentino, é interessante porque ele consegue usar a técnica jornalística para contar histórias, não necessariamente buscando fatos novos, mas por meio de uma pesquisa historiográfica. Ele se apropria, no bom sentido, de informações que já registradas e pacificadas no meio dos historiadores, mas contando de uma forma mais atraente e inteligível, o que faz com que até quem não é historiador se sinta motivado a ler o livro”, afirma.

Os próprios livros de Laurentino constam na bibliografia consultada por Claudino para sua pesquisa, assim como as obras de Yuval. Para a produção do livro, o consultor da CUPOLA conta que tem duas frentes de estudo: pesquisa em referências bibliográficas e documentação histórica; e entrevistas de profundidade com profissionais renomados do mercado, “para olhar e entender o acontece hoje”. 

Entre os assuntos que serão abordados no livro, estão conceitos relacionados ao Direito Imobiliário, como se dá a relação entre o Urbanismo e o mercado, moradias de habitação social, entre outros. “À medida que a gente vai estudando o mercado imobiliário, vai conhecendo várias vertentes mercadológicas e não mercadológicas, e entendendo que, mesmo as que não são, interferem nos processos e na rotina das imobiliárias”, afirma. 

Apesar de atualmente contar com uma equipe para ajudá-lo na produção do livro sobre mercado imobiliário, formada por um pesquisador e uma redatora, Claudino admite que ainda há uma lacuna a ser preenchida na obra: abordar melhor as regionalidades do Brasil. “A gente tem uma pesquisa feita, com amostras calculadas cientificamente, para investigar alguns comportamentos de consumo, mas para desdobrar esses dados, preciso de financiamento para o livro”, diz. Encontrando um investidor para o lançamento do livro, a expectativa é de que ele esteja pronto ainda neste ano.