programa Casa Verde e Amarela
Imobi Report

Lançamento do programa Casa Verde e Amarela repercute no mercado

Anunciado na última terça-feira, 25 de agosto, o Casa Verde e Amarela é o novo programa habitacional do Governo Federal, que substituirá o Minha Casa Minha Vida. Depois de muito suspense e alguns meses de espera, a primeira mudança óbvia é o nome do programa. Após dois anos de mandato bolsonarista, o novo programa procura desassociar as políticas habitacionais brasileiras das gestões petistas, quando foi criado o MCMV. Já entre as alterações no funcionamento do programa, destacam-se a redução de juros e o foco nas regiões Norte e Nordeste. No Imobi, listamos as 5 grandes novidades do programa.

Para estes juros baixarem, uma das ações foi a redução do repasse para a Caixa (que recebia 1% e passa a receber 0,5%). Há alguns meses, dizia-se que este era um dos pontos de discussão que vinha atrasando o lançamento. Na cerimônia de lançamento, Pedro Guimarães, presidente do Banco, afirmou que, apesar da redução de juros, o banco nunca foi tão lucrativo e bem avaliado. Guimarães também afirmou que estava participando para representar o Ministro da Economia, Paulo Guedes, que não estava presente

Após o anúncio, o mercado respondeu. Entre os que reagiram de forma positiva, estão Rafael Menin, copresidente da MRV, que afirmou ao Valor: “Nossa leitura do programa é muito positiva. O governo está muito sensível ao setor”. E também Ricardo Ribeiro, presidente da Direcional Engenharia: “O anúncio reforça a importância de se ter um programa habitacional no país, do ponto de vista social, mas que gera empregos”.

A XP Investimentos, para a Money Times: “Vemos essa notícia como positiva para as incorporadoras de baixa renda, como MRV e Tenda, dada a ampliação do espectro de pessoas elegíveis para o programa de habitação popular”.

Claudio Hermolin, CEO da Brasil Brokers e presidente da Ademi-RJ, para o Globo: “A gente sabe que o Brasil é uma país com proporções muito grandes, com diferenças muito grandes. A redução de juros, no geral, é muito positiva, e o fato de eles serem ainda menores no Norte e Nordeste faz sentido para a diversidade do nosso país”.

Já o presidente da Abrainc, Luiz França, afirmou que esperava uma redução de taxas generalizada. Mas, em entrevista para o Estadão, elogiou o novo programa por privilegiar a população de renda mais baixa: “O governo deu um direcionamento claro para a sociedade em relação ao que esperar da política habitacional para a baixa renda, mostrou que este é um segmento importante”.

Entre os críticos,também para o Estadão, o presidente da RNI, Carlos Biaconi: “Para o restante do Brasil, nós esperávamos benefícios de taxa também. Ajudaria a termos um desempenho de vendas melhor. Foi uma mudança muito pragmática. Vamos esperar mais evoluções do programa”. Já o presidente da Plano&Plano e vice-presidente do Secovi-SP, Rodrigo Luna: “Queríamos mais, mas não foi possível. Vamos trabalhar com o que tem”.

Míriam Leitão, em comentário para a CBN, critica a demora de um novo programa habitacional e a expectativa criada em torno do anúncio: “É uma redução da taxa de juros. (…) Não é uma coisa espetacular, mas é sempre bom ter uma taxa de juros menor. Mas já podia ter sido feita. Não precisava fazer isso, anunciar, falar que era outro programa. É o mesmo programa, é o mesmo MCMV, com uma taxa de juros menor”.

Para especialistas, um dos problemas da proposta é a extinção, na prática, da Faixa 1, que atende a população com renda de até R$ 1.800. Há uma proposta de renegociação de dívidas para o grupo, mas não proposta específica de acesso a financiamento.

A participação do programa habitacional no mercado imobiliário é fundamental. O Miinha Casa Minha Vida respondeu por 56% dos lançamentos no segundo trimestre deste ano, segundo levantamento da CBIC. A ver como o Casa Verde e Amarela performa de agora em diante.

Incorporadoras

O Índice de Confiança da Construção (ICST), avaliado pela FGV, recuperou 82% dos pontos que havia perdido nos dois primeiros meses de pandemia no Brasil. A confiança dos empresários está próxima do patamar pré-Covid.

A expectativa da CBIC é que, no segundo semestre deste ano, haja um aumento de 20% a 30% no lançamento de empreendimentos. Ainda que, segundo a instituição, a venda de imóveis novos tenha sofrido queda de 16,6% no segundo trimestre de 2020, comparado ao primeiro trimestre.

A Housi deve chegar no Rio de Janeiro este ano. A previsão é que a empresa vá administrar dois imóveis: um na Zona Norte e um em Ipanema, que deverão ser lançados até o final do ano.

Já são 18 as incorporadoras que sinalizaram a abertura de capital este ano,segundo a Época. Entre as novas na lista, HBR Realty e CFL pretendem lançar o IPO. Já a Plano&Plano pode movimentar mais de um bilhão de reais no seu IPO, que já está precificado.

A nova novela entre Gafisa e Tecnisa continua. Depois de uma semana em que a Gafisa sinalizou interesse em fundir as incorporadoras, a Tecnisa indica recusar a proposta. Depende dos acionistas chegarem a um consenso. Mas a Gafisa pode se tornar a maior acionista da Tecnisa – e a fusão deixaria de ser voluntária. Teremos que aguardar os próximos capítulos.

A 26ª edição do Master Imobiliário aconteceu remotamente, no último final de semana. Das 21 obras premiadas pela concepção e realização, 12 empreendimentos são na cidade de São Paulo. O Estadão lista os vencedores.

Imobiliárias

Teve início, ontem (31), o Conecta Imobi On. O maior evento do mercado imobiliário brasileiro traz palestras, painéis e workshops com mais de 100 palestrantes, internacionais e nacionais. O evento acontece ao longo de toda esta semana, até a próxima sexta-feira, e o Imobi Report passará a semana acompanhando o evento e trazendo os destaques. Confira aqui nossa cobertura do primeiro dia do Conecta Imobi On.

Com o mercado de vendas aquecido, há maior demanda por gestores comerciais. A CUPOLA inclusive lançou o treinamento “Gestor de Vendas Imobiliárias”, direcionado a líderes, sócios e donos de imobiliárias. O treinamento tem como mentores 20 dos melhores gestores imobiliários do Brasil, que estão batendo recordes de vendas em plena pandemia.

Em agosto, o IGP-M teve alta de 2,74%. Com este resultado, o índice já acumula alta de 9,64% no ano e 13,02% em 12 meses, bem acima da inflação oficial no país – no período, o IPCA chegou a enfrentar deflação e subiu apenas 2,31%. Apesar de ser conhecido por corrigir o aluguel, o IGP-M também é usado como indexador para outros investimentos de renda fixa. Para entender todo o contexto envolvido, o Valor Investe publicou uma matéria explicando quem ganha e quem perde com a alta do índice

Passados seis meses desde o início da pandemia no Brasil, pode-se dizer que o mercado imobiliário conseguiu se adaptar bem às novas demandas dos clientes. No caso do QuintoAndar, a crise serviu, inclusive, como impulsionador de novas transações. “Muitos proprietários que nos olhavam com desconfiança agora nos procuram para fazer negócios”, diz Gabriel Braga, CEO e cofundador da startup.

A pandemia também beneficiou a Loft, já que também acelerou a adoção de ferramentas digitais pelos compradores de imóveis. Mate Pencz, cofundador da empresa, está prevendo, inclusive, um aumento de 30% no volume de transações em setembro. Em agosto, o unicórnio completou dois anos, tendo negociado 1.500 apartamentos em Rio e São Paulo.

O mês do Corretor de Imóveis terminou ontem, mas sempre é tempo de conhecer histórias inspiradoras de quem batalhou muito para se inserir no mercado imobiliário. Este é o caso de Ettore Netto, o campeão de vendas da A. Yoshii, em Maringá, que passou por muitos perrengues até chegar onde está, como uma temporada no Japão e um fracasso como dono de restaurante.

Com 50 anos de carreira no mercado imobiliário, Tomaz de Aquino é outro profissional cuja história vale a pena conhecer. Ao longo de sua carreira, o corretor já passou por várias outras crises, além da Covid-19, e tem muitos ensinamentos para revelar aos mais jovens.

O papel das mulheres no mercado imobiliário também foi tema de discussão durante o mês do Corretor de Imóveis. Em artigo publicado no Imobi Report, a colunista Elisa Tawil mostra como as compradoras valorizam o trabalho dos corretores, levando em consideração a atuação deles no momento de adquirir um imóvel.

Apesar dos bons exemplos a serem seguidos, uma imobiliária de Curitiba está mostrando o que não fazer em tempos de Covid. A empresa incluiu uma “taxa adm covid” nos boletos de aluguel de inquilinos que renegociaram valores durante a pandemia, sem o conhecimento, muito menos anuência deles. O Creci-PR, entretanto, já afirmou que a cobrança é ilegal. 

Techs

Após aprovação no Senado, a LGPD segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, permanece o impasse a respeito de quando a lei entra em vigor: alguns especialistas defendem que a legislação deve retroagir a 14 de agosto e outros dizem que deve-se esperar a sanção, que pode ocorrer até 15 dias úteis após o recebimentos do projeto na Casa Civil. A, a CUPOLA oferece um treinamento focado na aplicação da LGPD em imobiliárias e incorporadoras, você já conhece?

Em Florianópolis, uma startup desenvolveu uma solução para facilitar a moradia compartilhada, o coliving. Além de procurar pessoas que tenham os hábitos semelhantes para dividir um imóvel, a Divid facilita o contrato de locação. Com a pandemia, a empresa ainda expandiu os negócios, ficando responsável pelos imóveis. 

Com estandes e decorados fechados, jornada de compra dos clientes mudou radicalmente durante a pandemia. Mas há quem diga que este foi o empurrão que o mercado imobiliário precisava para apostar ainda mais na digitalização, com tours com drones e fotos 360º. O blockchain, por exemplo, é uma das tecnologias que podem transformar o mercado imobiliário. Entre as vantagens de sua utilização, estão a desintermediação, a prevenção a fraudes, contratos autônomos, dinheiro programável e tokenização.

Mas, afinal, a tecnologia é vilã ou realmente uma aliada? Em artigo publicado no Imobi Report, o CEO da Beemob, Gustavo Zanotto, faz um reflexão sobre o assunto

Mudanças estão chegando com tudo no mercado imobiliário, por conta da pandemia Temos mostrado algumas delas por aqui. Desta vez, trazemos uma pesquisa da startup Spume.co, especializada em big data e inteligência artificial, que mostra cinco tendências que estão em alta: a casa é o novo templo; reparos em alta; mudança para a periferia; busca por mais um cômodo; e repensando o aluguel.

Uma confusão nas redes sociais acabou colocando o nome de uma startup em evidência durante a pandemia. Entre os meses de abril e junho, a EmCasa viu seu perfil no Instagram ganhar mais de 10 mil seguidores, sendo que a média era de mil novos a cada mês. Tudo isso porque os internautas, em suas postagens dizendo que estavam “em casa”, acabavam marcando o perfil da startup. Passado o primeiro momento de confusão, os seguidores que realmente tinham interesse em imóveis continuaram acompanhando o perfil e a startup teve o melhor mês de sua história em julho.

Qual o futuro dos iBuyers em tempos de pandemia? O Inman fez uma análise, em inglês, de como fica o mercado a partir de agora. Uma das novidades é que Opendoor e Offerpad lançaram serviços tradicionais de corretagem na semana passada, uma grande evolução (senão a maior delas) nos últimos anos. Não sabe o que são iBuyers? Relembre o conteúdo que já publicamos no Imobi Report sobre o assunto.

Mundo

Nos Estados Unidos, vendas de imóveis pendentes aumentaram 5,9% em julho. As Vendas Pendentes de Moradias (Pending Home Sales) são um indicador importante para o país, que reflete a mudança no número de contratos de venda de imóveis residenciais, mês a mês. Foi o terceiro mês consecutivo de alta, demonstrando uma possível recuperação em V.

Ainda, 32% dos americanos passaram por agosto sem conseguir pagar suas contas de moradia – tanto aluguéis, quanto financiamentos, de acordo com uma pesquisa da Apartment List. Entre os inquilinos que estão devendo, 49% já negociou o aluguel ou está em negociação com o proprietário de seu imóvel.

Em Nova York, o valor do metro quadrado de apartamentos com varanda aumentou 5,4%, comparado ao preço antes do lockdown. Ainda, o metro quadrado de unidades sem varanda viu o movimento contrário e caiu 1,1%.

Estamos de olho

O Governo Federal está confiante com uma retomada em ‘V’. Nesta semana, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, reafirmou que acredita ser este o caminho para a recuperação econômica brasileira pós-pandemia. No entanto, em âmbito mundial, especialistas não estão tão confiantes assim e dizem que, sem a vacina para Covid-19, a retomada pode passar a ‘U’ ou até mesmo a ‘W’. Não está entendendo nada? Já falamos sobre o alfabeto da recuperação econômica por aqui.

Operações de home equity, ou seja, baseadas em empréstimos com imóveis como garantia, tiveram alta de 45% nas contratações no acumulado do ano até maio, em comparação com o mesmo período de 2019. O total de contratos, entretanto, ainda é considerado baixo: menos de 100 mil, envolvendo R$ 11 bilhões. Os dados são do Banco Central. 

Depois do MCMV, o Bolsa Família também deve passar por uma reestruturação no governo de Jair Bolsonaro. Para o programa, no entanto, pretende-se esticar ao máximo o valor e o alcance do Renda Brasil. O impasse sobre o valor do benefício teria sido, inclusive, o motivo do atraso do anúncio. 

Já mostramos que há um projeto de lei para conceder Aluguel Social a mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar. Mas você sabe o que é Aluguel Social? O Estadão publicou uma matéria respondendo esta pergunta e mostrando detalhes de como funciona o benefício.

Apesar de a legislação paulistana apresentar instrumentos de garantia para que haja habitação a preços mais acessíveis em áreas centrais da cidade, somente 6% dos empreendimentos populares entregues nos últimos quatro anos estão nessa região da cidade. De um total de 1.404 empreendimentos de Habitação de Interesse Social (HIS) e de Habitação de Mercado Popular (HMP), só 91 estão localizados no centro expandido.

Em Belo Horizonte, a política de habitação é motivo de críticas. Afinal, cerca de 35% das moradias produzidas pela prefeitura não se destinaram a diminuir o déficit habitacional, mas sim reassentar famílias removidas pelo próprio poder municipal. 

Na Folha de S. Paulo, uma reportagem detalha como a ascensão do home office evidencia a desigualdade econômica no país. Segundo dados da Pnad Covid-19 do IBGE, dos 8,4 milhões dos trabalhadores que estavam na modalidade remota no Brasil, 4,9 milhões estavam no Sudeste. Apenas 252 mil estavam no Norte. A modalidade também acaba sendo reservada para os que têm melhor escolaridade: 6,1 milhões têm o ensino superior completo ou pós-graduação.