Alpop capta R$ 20 mi e pretende ofertar capital de giro a imobiliárias
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A Alpop, fintech imobiliária voltada à habitação popular, captou recentemente R$ 20 milhões para composição de um fundo para operar produtos de crédito. Com o montante, será possível reforçar a principal estratégia da empresa, de viabilizar garantia locatícia a clientes com restrições ou que tem renda informal, e também ofertar novos produtos ao mercado. A startup já mantém projetos piloto para fornecer capital de giro para pequenas e médias imobiliárias, para disponibilizar crédito a proprietários que pretendem reformar seus imóveis e para antecipação de aluguéis.
Fundada em 2017, como uma imobiliária, a empresa tinha a intenção de ser o “QuintoAndar do segmento econômico”, com foco nos negativados e em pessoas com renda informal. Entretanto, devido à pulverização do mercado, o negócio foi remodelado e hoje o principal produto da empresa é a garantia locatícia. A startup iniciou com investimento próprio de R$ 4 milhões. Em uma rodada seed de investimentos, captou R$ 7 milhões. Agora, além dos R$ 20 milhões para composição do fundo, a empresa também recebe R$ 1,3 milhão para aplicar na operação.
A opção por trabalhar com esse público, considerado complexo, deve-se ao fato de que as camadas mais populares representam a maior fatia do mercado de locação de imóveis no Brasil, conta o CEO da Alpop, Caio Belazzi, referendando dados do IBGE. “É o maior mercado e o segmento menos atendido, principalmente quando falamos das pessoas com renda informal ou com restrições de crédito. Estamos ajudando a derrubar o preconceito de que esse público é mau pagador e demonstrando que é possível gerar rentabilidade nesse nicho”, salienta.
No último trimestre, a rentabilidade da Alpop em garantia locatícia foi de 5,78% ao mês, frente a uma média de cerca de 4% alcançada pelas seguradoras que trabalham com seguro fiança. A taxa cobrada pelo produto é de 10%, o que não difere do patamar cobrado por empresas que trabalham com outros públicos. Nos últimos 90 dias, o percentual de aprovação registrado pela empresa foi de 47%. “É importante salientar que trabalhamos com um nicho específico, não aprovamos todas as pessoas negativadas ou que não conseguem comprovar renda. Nós atuamos junto aos bons clientes, a partir de um conhecimento aprofundado desse público”, ressalta.
Esse conhecimento é possível graças a uma análise detalhada do perfil dos inquilinos, que utiliza tecnologia, análise de dados e machine learning. Ao todo, são avaliados 22 parâmetros comportamentais com a utilização de machine learning, além de sete etapas determinísticas. “A nossa ferramenta é muito eficaz para o nosso público, não conseguiríamos fazer a mesma análise para o alto padrão, por exemplo. Nós sempre trabalhamos com públicos vulneráveis e a intenção é contribuir para a oferta de moradia digna por meio do aluguel”, acrescenta Belazzi.
Atualmente, 325 imobiliárias, de 22 estados, são credenciadas na Alpop, com predominância no estado de São Paulo e na regão Sul. A empresa tem sob sua gestão aproximadamente R$ 172 milhões em recebíveis de aluguel e outras taxas. Em número de funcionários, são 23 no total. Nos últimos quatro meses, a empresa cresceu cerca de 30%.
Novos produtos
Neste fim de ano, a Alpop planeja aprimorar os novos produtos e, caso tenha resultados positivos, escalá-los em 2025. A empresa pretende distribuir ao mercado, no ano que vem, R$ 10 milhões em produtos de crédito, sempre focados no segmento popular. Esse valor pode ser ainda maior, considerando o desempenho a ser alcançado a partir desse montante.
Em relação ao capital de giro ofertado para pequenas e médias imobiliárias, a startup trabalha, na fase piloto, com duas empresas. Está sendo ofertado o valor rotativo de R$ 17 mil. O objetivo é apoiar o crescimento desses negócios.
Já a respeito do crédito disponibilizado para financiar a reforma de imóveis, ele está sendo pivotado em uma imobiliária no Rio de Janeiro e em outra em São Paulo. Esse produto parte do pressuposto que a oferta de um imóvel com melhores condições viabiliza moradias mais adequadas às classes populares.
O último produto avaliado pela empresa é a antecipação do primeiro aluguel aos proprietários. Nesse caso, as imobiliárias beneficiam-se, principalmente, no momento de captação dos imóveis e de fidelização do cliente locador.
Belazzi ressalta que esses novos produtos serão disponibilizados ao mercado aos poucos, após um entendimento amplo sobre esses clientes e os riscos atrelados. “Estamos trabalhando nesses projetos piloto com muita calma e cuidado, para termos consistência. Temos uma responsabilidade grande com as imobiliárias e com esse público, queremos garantir que estamos oferecendo produtos saudáveis ao mercado”, finaliza.
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