Saiba mais sobre os benefícios do open banking no mercado imobiliário
Resumo
O open banking será liberado para acesso de todos os brasileiros, o que pode levar a boas oportunidades para empresas do imobiliário. Confira
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O tal do open banking: você já deve ter visto essa palavrinha por aí. Como resposta ao crescimento exponencial do número de fintechs no Brasil, nos últimos anos, o Banco Central está procurando se modernizar e promover mudanças que devem facilitar a vida dos usuários de instituições financeiras. Entre elas, está o open banking. Mas, e aí? O que significa e quais os efeitos dele no mercado imobiliário? É o que o Imobi Explica hoje.
O que é?
Open banking é uma expressão que, traduzida literalmente, significa “banco aberto”. Esse conceito não é novo e vários países já fazem uso do sistema. Aqui no Brasil, começou a rolar, efetivamente, em fevereiro, mas ainda restrito às instituições financeiras. É agora, em julho, que os clientes poderão começar a usá-lo.
Resumindo sucintamente, o open banking consiste no compartilhamento de informações entre os envolvidos em uma transação bancária. Ou seja, os envolvidos no mercado financeiro devem adotar uma camada de organização de informação que seja regularizada e padronizada pelo BC para que o compartilhamento de informações seja ágil e facilitado. E essa portabilidade de dados acontece entre bancos, instituições que prestam serviços financeiros e pessoas.
“O open banking é uma nova diretriz que tem uma virada de chave, uma grande mudança de premissa: o cliente passa a ser o dono da sua informação, e não mais a empresa. Neste sistema, tudo se desdobra a partir do pressuposto que o consumidor é o dono da própria informação e é o responsável por decidir o que pode ser feito e quem pode acessar seu dado. O open banking veio para organizar, regular e estimular esse mercado de transição da informação”, explica Mauricio Borges, product manager do Sienge.
Exemplificando: um consumidor, normalmente, passa anos com uma única conta em um único banco. Durante todo esse tempo, ele constrói um histórico de crédito: há o registro de movimentações, aplicações financeiras, salários depositados, contas pagas em dia, dívidas… Antes do open banking, se essa pessoa quisesse aderir a um financiamento em um terceiro banco, não conseguiria compartilhar essas informações de forma facilitada. Com o open banking, o cliente tem suas informações à mão e pode levá-las para outra instituição em um clique.
“Trata-se de um compartilhamento de dados do usuário, desde dados cadastrais, até movimentações e aplicações financeiras, movimentações de crédito… Agora, o cliente passa a ter essa opção de compartilhar essas informações muito facilmente, o que democratiza as relações financeiras”, detalha Marcus Costa, CEO da FC Análise.
O open banking e a LGPD
Se você leu sobre o cliente ser dono da própria informação e lembrou da LGPD, você não está errado. Ambos são sistemas que nascem com a necessidade de regulamentar nossos dados pessoais, em um mundo conectado que suas informações podem tornar-se públicas.
Mauricio analisa como o open banking é o grande regulador da portabilidade de informações financeiras de uma pessoa: “O open banking acaba muito conectado com a LGPD. Está em voga essa questão de o usuário precisar autorizar em linha expressa o que pode ser feito com seu dado, com quem pode ser compartilhado, por quanto tempo”.
“No open banking, eu estou autorizando que você tenha acesso às minhas informações para uma operação específica e esse consentimento tem um limite, inclusive, de tempo. O período máximo para uma instituição financeira ficar com o seu dado armazenado é de um ano, mas o usuário pode retirar o acesso a qualquer momento. Quando você abre esses dados, você está dizendo o seguinte ‘instituição, pode ver qual é minha aplicação, porque isso é relevante para alguma coisa que eu vou fazer que vai facilitar a minha vida e a nossa relação’”, detalha Marcus.
Há a preocupação de proteger os dados dos usuários pois, paralelamente, há um interesse enorme de empresas por informações pessoais e de padrão de comportamento dos clientes. É o que acaba motivando os bancos a aderirem ao open banking. “Mesmo que aumente a possibilidade de concorrência entre os bancos, eles entendem que o acesso a dados das pessoas é estratégico e pode usá-los para crescer, lançar novos produtos e ter estratégias de negócio mais assertivas”, explica Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia na InfoWorker Tecnologia e Treinamento.
O open banking não é só para bancos
O pulo do gato para entender como o open banking pode impactar o mercado imobiliário é entender que esse não é um sistema restrito a bancos. Apesar do nome, pode ser utilizado por qualquer empresa que queira prestar serviços financeiros para o consumidor final.
“Qualquer empresa que queira se especializar em alguma característica de serviço financeiro vai ser beneficiada, pois terá acesso a este compartilhamento de informações. Com a aplicação do open banking, há todo um universo de serviços que podem ser explorados, um campo aberto para desenhar modelos de negócios”, afirma Maurício.
Algumas aplicações práticas do open banking no mercado imobiliário:
- uma incorporadora ou loteadora, que oferece financiamentos sem intermediários ao consumidor final, poderá aderir ao open banking para avaliar o score de crédito do seu cliente;
- assim como uma imobiliária de locação poderá usar o open banking para liberar uma locação sem fiador;
- e uma empresa de seguro-fiança poderá usar o open banking para avaliar o risco do locatário.
Mas, uma empresa do mercado imobiliário não precisará usar, diretamente, o sistema do open banking para se beneficiar dele. Imobiliárias poderão usar, por exemplo, serviços de empresas que usam o open banking para aprovar previamente contratos de locação para, posteriormente, encontrar o imóvel ideal para aquele futuro inquilino.
Qual a diferença entre o open banking e o Cadastro Positivo?
A grande diferença entre o open banking e o Cadastro Positivo é que o primeiro é regulamentado pelo Banco Central e prevê um formato específico para que as informações dos clientes sejam organizadas, de forma que, na hora de se compartilhar, não haja confusão.
“Não era impossível ter acesso às informações de um consumidor com é no open banking, mas dependia da boa vontade dos bancos e dos envolvidos. Então, nem sempre isso era um processo fácil. O mecanismo agora é regulado e, com essas diretrizes que o Banco Central, passa a ser mandatório. Visualmente, podemos imaginar que há um universo financeiro no qual o BC é o núcleo e há várias empresas que o orbitam, prestando serviços especializados, atendendo consumidores e dialogando entre si”, explica o product manager.
Vantagens para o consumidor do mercado imobiliário
O consumidor é um dos maiores beneficiados pelo sistema. “Uma das situações esperadas pelo Banco Central é que tenhamos acesso a crédito mais barato. Um consumidor que é um bom pagador, por exemplo, deverá receber mais e melhores ofertas de crédito imobiliário, mais próximas da sua realidade. Além disso, há maior conveniência, portabilidade de crédito mais rápida, controle e gerenciamento dos seus dados financeiros”, aponta Maurício
“Um lado positivo do open banking é que, como a LGPD, ele preza que o usuário tenha controle total sobre seus dados. Mas aí vai do consumidor também ter critério e avaliar para quem libera seus dados e por quanto tempo”, alerta Frederico.
Para Marcus, a barreira cultural pode ser uma dificuldade a ser enfrentada pelo sistema. “Na minha opinião, é uma jornada que o cliente final pode ver com desconfiança. Apesar do usuário liberar o acesso a seus dados financeiros, ninguém consegue editar nada, fazer alterações, não. É só para consulta. Mas ainda pode haver desconfianças, principalmente no início do open banking no Brasil. O que vai definir o quanto isso vai ser forte no nosso mercado será a política de aculturamento, que parte do BC e de todos os players envolvidos”, comenta.
O open banking pode, inclusive, acelerar a busca por crédito imobiliário. “Muitos bancos estão com uma demanda alta por busca de crédito imobiliário e, com a Selic aumentando, muitos consumidores começaram uma corrida pelo financiamento com juros mais baixos. Somadas as facilidades do open banking, esses fatores tornam oportuno o momento de buscar crédito imobiliário no mercado, e essa busca sempre fomenta a economia. A aquisição de imóveis ajuda a sair da crise, e nos preparar para momentos melhores, que devemos ter na sequência”, comenta, positivo, Maurício.
Tudo certo! Continue acompanhando os nossos conteúdos.
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