Imobi Explica: o que é o PIX e como o mercado imobiliário pode usá-lo?
Resumo
O PIX está revolucionando a forma de realizar pagamentos e transferências, inclusive no mercado imobiliário. Confira no Imobi.
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Neste último semestre, começou a funcionar o PIX: um novo sistema que permite pagamentos e transferência entre bancos, a princípio sem taxas. Anunciado no início do ano pelo Banco Central e implementado a partir de novembro, o PIX foi disponibilizado para todas as instituições financeiras ou de pagamento como um serviço que pode ser oferecido aos seus clientes (sejam eles pessoas físicas ou jurídicas).
A maior vantagem do uso do PIX é o pagamento imediato. Todas as transferências acontecem em segundos, mesmo em finais de semana ou feriados. Somente com uma chave, que pode ser um e-mail, CPF, celular, ou QR Code você consegue realizar uma transferência ou pagamento, sem a necessidade de que você precise de todas as informações que costumamos precisar: conta, banco, dígito, CPF, nome completo.
“Para negócios, uma das grandes vantagens é que o fluxo de caixa é imediato – você não precisa esperar o dia útil, por exemplo, para o dinheiro cair na conta”, explica Janete Bach Estevão, especialista em segurança e proteção de dados na Datalege Consultoria Empresarial.
Onde acessar o PIX?
Janete explica que o PIX é uma funcionalidade para as instituições financeiras, e não uma empresa nova. Então, o acesso é pelo seu próprio banco. “O Banco Central exigiu que todos os bancos que tivessem um determinado número de clientes aderissem ao PIX. Não há um aplicativo do PIX, é um serviço que funciona dentro das instituições financeiras e das instituições de pagamento que oferecem o PIX como um meio de pagamento e transferência. Seja você pessoa física ou jurídica, o acesso ao PIX é dentro do seu internet banking”, afirma.
Posso pagar o aluguel com PIX?
O uso do PIX para pagamentos no mercado imobiliário vai depender de cada empresa. Há imobiliárias que já estão disponibilizando a modalidade para pagamento de aluguel e incorporadoras que aceitam para o pagamento de entrada de um imóvel. por exemplo.
O Banco Central não determinou um limite de quanto pode ser transferido ou pago em uma transação com o PIX, mas as próprias instituições financeiras têm a liberdade de determinar esses limites, que varia entre cada cliente, como já fazem com transferências nas modalidades TED ou DOC. Então, é perfeitamente capaz que uma pessoa pague seu imóvel à vista, ou a entrada, ao menos, com o PIX.
Há outros pagamentos que envolvem uma transação imobiliária que já podem ou que em breve poderão fazer uso do PIX. Felipe Bernardes Bonatto, diretor operacional da Alpha Soluções, lembra do pagamento de taxas e impostos. “Em determinadas regiões, lavrar a escritura de um imóvel só é liberado quando o pagamento de certas taxas ou impostos são devidamente identificados, o que pode levar alguns dias”, explica. Com o PIX, estes podem ser imediatos.
Há ainda as taxas de cartório. “Cartórios costumam pedir cheque (e quem ainda tem cheque na carteira?). Como muitas vezes o valor do pagamento é definido na hora e não há como prevê-lo com exatidão, pagar em PIX facilita muito, uma vez que a transação é instantânea. O nosso entendimento é que o PIX vai agilizar transações e dar uma transparência maior – uma vez que não fica condicionado a determinar comprovante de compensação, a relação fica mais dinâmica”, aponta.
Janete explica que, neste momento, o BC liberou somente as funcionalidades de débito, por isso os pagamentos devem ser à vista. Porém, conforme forem implementando as próximas etapas, uma pessoa poderá programar seu aluguel ou seu financiamento com o PIX. “O BC está fazendo uma implementação escalonada e, dentro dos próximos serviços prevê-se também o PIX programado, como uma função similar a uma conta fixa no cartão de crédito, e o PIX garantido, que funcionará como um cheque pré-pago (paga-se agora, mas garante-se que o dinheiro estará disponível a partir do dia tal).
A especialista em segurança e proteção de dados afirma que não foi intenção do Banco Central colocar este novo modo de pagamento para destituir os demais, mas com o tempo isso pode acontecer. “Com a própria regulação do mercado, adesão das pessoas, com a conveniência maior, transações mais rápidas e taxas mais baixas, esses meios de pagamento tradicionais devem acabar caindo em desuso”, conclui Janete.
O que é mais seguro: boleto ou PIX?
Há uma insegurança dos usuários em relação ao PIX, por ser um serviço muito novo. Mas Janete garante que sim, é seguro. “O PIX é uma operação bem segura, uma vez que a responsabilidade de segurança está dentro do Banco Central e com as instituições financeiras que operam esse serviço”, afirma. “O PIX usa a mesma estrutura de segurança que o TED e o DOC, então não tem como dizer que ele é menos seguro”.
Para os negócios, outra segurança é em relação à facilidade de conciliação bancária. “No momento da transferência via PIX, o comprovante vem com todas as informações do pagador. Vem com o nome, o banco, CPF. Com isso, você pode incorporar e fazer conciliações bancárias e registro de pagamentos de uma maneira mais instantânea. Enquanto no boleto, você tem que esperar a compensação do boleto e o tempo de processamento é muito maior”, explica.
Dentro das empresas, Antonio Lage, CEO da Valor Real Empreendimentos, lembra que as preocupações com internet banking devem continuar. “As cautelas que devem ser adotadas ao usar o PIX são as mesmas de praxe para realização de qualquer operação em ambiente virtual, como o cuidado com as senhas e a utilização de recursos de proteção como antivírus e firewall”, afirma.
Já Lilian Veltman, CEO da Alpop, traz uma preocupação em relação à implementação do PIX de forma maciça em um negócio. “As regras ainda estão sendo construídas, o Banco Central pode alterar normas e regulações. Portanto, acredito que não se deve depender do PIX como única forma de cobrança ou recebimento”, afirma.
Como o mercado imobiliário está aderindo ao PIX?
Lançado para o público no último mês, o maior desafio atualmente é a aceitação do público e clientes. “Até o momento, a utilização do PIX pelos clientes tem sido muito pequena, pois eles parecem desconhecer as funcionalidades do novo sistema. Do ponto de vista corporativo, as movimentações feitas a partir de contas bancárias das pessoas jurídicas têm encontrando tratamento diferenciado junto às instituições financeiras, que têm divulgado tabelas dispensando a cobrança de tarifas de forma apenas provisória. A tendência é que as operações passem a ser tarifadas da mesma forma que outras operações bancárias, o que pode tornar muitas transações mais caras que as realizadas pelos sistemas usuais, sendo um ponto de preocupação”, analisa Antonio.
Lilian afirma que a Alpop se adaptará ao uso da ferramenta conforme ele se incorpore ao cotidiano de seus clientes, sejam locatários ou locadores, mas que ainda não há um uso heterogêneo da modalidade. “Hoje ainda existem fatores limitantes. Por exemplo: os bancos, até final de fevereiro, podem restringir o valor de transferência pelo PIX para até 50% do valor permitido para TEDs e DOCs, o que limita as transações com essa tecnologia para alguns clientes, que precisam transferir valores mais altos que os 50% liberados. Além disso, poucos clientes ainda usam o PIX, o que impede ações como a emissão de boletos de PIX para PIX, que poderão ser adotadas futuramente”, conta.
Já na Alpha Soluções, os contratos da casa foram alterados, contemplando o pagamento via a ferramenta. “Mudamos o nosso padrão de contrato, uma vez que previa os dados bancários para fazer transferência. Agora, nosso padrão prevê a transição com o PIX e já colocamos como item ‘indicar a chave para realizar o pagamento’. Com o passar do tempo, acreditamos que o PIX ganhará tração, mas ainda é muito novo”, afirma Felipe.
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