Feirante e grupo de risco, proprietária conta com aluguel de imóvel para arcar com financiamento
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“Vende-se pastéis para fritar” diz a plaquinha em frente à casa de Cláudia Almeida, no bairro de Vila Rica, em Campinas, interior de São Paulo. Cláudia vende seus pastéis há mais de 30 anos na feirinha hippie da cidade, mas durante o período de isolamento social a feira foi suspensa. A solução que Cláudia encontrou foi essa: vender seus pastéis de casa e contar com vizinhos para espalhar a divulgação. “Minha renda vem das minhas vendas do final de semana. Em março, antes do isolamento ter sido determinado, passei uma semana adiantando a massa e a produção dos pastéis. Quando chegamos lá, eu e os demais feirantes fomos avisados que não poderíamos montar as barracas. Não avisaram com antecedência. Minha média é uma produção de mil pastéis para o final de semana – então foram mil pastéis acumulados. Decidi vender de casa, comecei a avisar as vizinhas e, no fim, é o que vem me sustentado desde então”, conta.
Cláudia mudou-se para a casa de sua infância, que hoje está servindo de comércio temporário de pastéis, quando a mãe ficou doente e os papéis se inverteram. Sua mãe, Maria, foi quem ensinou o ofício dos pastéis e começou o negócio. Faleceu há dois anos, e Cláudia ficou na residência. Pouco antes de se mudar, tinha financiado um apartamento no Jardim Márcia. Decidiu alugar o imóvel para bancar o financiamento, mas sem se desfazer dele.
Como feirante e com mais de 60 anos (ou seja, também faz parte do grupo de risco), Cláudia está vivendo na pele os problemas com a diminuição de renda relacionados à crise sanitária. “Meu aluguel vai, diretamente, para as contas do próprio apartamento: financiamento, condomínio e manutenção. Já minhas contas pessoais, pago como feirante”, explica. Cláudia aluga seu imóvel pela Alpop, startup imobiliária que garante o aluguel para os proprietários para até três meses. Então, por ora, Cláudia não teve que reduzir o valor de seu aluguel. Mas está preparada para, se for o caso, ser mais flexível: “Por enquanto, nem a inquilina, nem a imobiliária entraram em contato comigo. Mas me conscientizo que não sou a única passando por isso, somos vários”.
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