Empresário aponta para desequilíbrio entre demanda e tipologia de imóveis disponíveis
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Empresário aponta para desequilíbrio entre demanda e tipologia de imóveis disponíveis

26 jul 2024
Última atualização: 10 setembro 2024
Andressa Romero
Andressa Romero
4 min
Empresário aponta para desequilíbrio entre demanda e tipologia de imóveis disponíveis

Em função da baixa produção de imóveis no final da década passada até, aproximadamente, o ano de 2021, o mercado tem enfrentado a escassez de propriedades, principalmente para o segmento de locação. Nos últimos três anos, com o aumento do número de lançamentos, o desequilíbrio diminuiu. Entretanto, a tipologia demandada pelo mercado é diferente dos imóveis disponíveis no estoque das imobiliárias, o que torna ainda mais desafiador o fechamento de negócios. 

O CEO e fundador da Casa Prates, de Curitiba, Fernando Prates, explica que as incorporadoras têm lançado muitos estúdios e imóveis de alto padrão. Por outro lado, a maior demanda para locação é por imóveis de dois e três quartos. “Com o alto custo dos insumos, muitos imóveis de um dormitório e de luxo foram lançados. Isso deixou um vazio no mercado de imóveis médios”, salienta.

Essa percepção é confirmada por uma pesquisa realizada pela Datastore, que ouviu 45 mil pessoas, com renda familiar mensal entre R$ 6 mil e R$ 12 mil. O levantamento revela que 71% dos entrevistados demonstraram interesse em adquirir um apartamento, dando destaque a características como três quartos, salas de estar e jantar integradas, uma suíte, varanda e duas vagas de garagem.

Déficit em Curitiba

Curitiba está entre as capitais com maior escassez de imóveis para locação. Para atender à alta demanda, a cidade precisaria aumentar em 30% a quantidade de imóveis disponíveis, segundo estimativas do setor. No entanto, a oferta tem diminuído, o que acende um alerta importante para as imobiliárias. Atualmente, a maior carência é por residências com dois ou três quartos, uma demanda crescente na região. 

Normalmente, esse tipo de imóvel, assim como apartamentos de dois e três quartos, é solicitado por famílias que escolhem Curitiba como nova residência. “Esse déficit evidencia que o mercado de aluguel não se resume apenas a estúdios, mas também inclui moradias direcionadas a famílias compostas por três e até quatro pessoas”, ressalta Prates.  

O empresário também menciona que, embora os apartamentos de um dormitório ofereçam boa rentabilidade, o ganho proporcional dos apartamentos de dois ou três dormitórios atualmente é superior, justamente devido a essa escassez. De acordo com o Índice FIPE/Zap, a valorização patrimonial em Curitiba atingiu 10,13% nos primeiros seis meses de 2024. No último ano, o valor das locações aumentou 20%, o que tem atraído investidores. 

Retrofit e house flipping

O cenário de escassez de imóveis para locação exige uma adaptação das estratégias das imobiliárias, de forma a atender às necessidades reais dos consumidores e evitar a saturação do mercado com produtos com baixa procura. A diretora de vendas e lançamentos da Casa Prates, Melissa Sereniski, vê como oportunidade a especialização no retrofit e no house flipping. “As regiões centrais, muito procuradas e que demandam dois e três dormitórios, possuem imóveis mais antigos, que precisam ser atualizados para oferecer uma experiência moderna de moradia,” salienta.

Melissa explica sobre o conceito de retrofit. “O retrofit é aquele processo em que modernizamos a infraestrutura do imóvel, como a parte elétrica, hidráulica, climatização e a logística interna, sem alterar suas características arquitetônicas e históricas. Mantemos a essência do local, mas garantimos que ele esteja adaptado às necessidades contemporâneas”, afirma. Sobre o house flipping, a executiva ressalta que se trata de uma abordagem mais rápida. “Compramos imóveis em condições precárias, fazemos as reformas necessárias para torná-los habitáveis e modernos. Depois, revendemos a um valor mais alto. É uma ótima opção para investidores que buscam um retorno rápido”, aponta.

A diretora reforça que essas estratégias atendem não apenas à demanda crescente por imóveis em boas condições, mas também contribuem para a revitalização urbana e para a preservação do patrimônio arquitetônico. “Para quem quer um investimento diferente no mercado imobiliário, que não seja apenas comprar na planta ou adquirir estúdios para locação, o retrofit e o house flipping oferecem excelentes oportunidades”, finaliza.

Fernando Prates e Melissa Sereniski foram entrevistados no podcast Modo Avião, promovido pelo Imobi Report e pela CUPOLA. O episódio “Novo luxo: alternativa sustentável à escassez de casas residenciais” está disponível no Spotify e no Youtube.

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