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Fiasco no IPO da WeWork coloca unicórnios em xeque

Se você não está familiarizado com as expressões no título deste post, cabe uma breve introdução. Unicórnios são startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. IPO é a sigla em inglês para Oferta Pública Inicial, quando uma empresa limitada entra para o mercado de ações, abrindo capital para investidores, o que a obriga ser mais transparente. WeWork é a rede de coworkings cujo IPO era dos mais aguardados neste ano. E fiasco, segundo o dicionário, é um resultado desfavorável ou vexatório. Todas elas, palavras usadas desde a última semana para descrever a derrocada da WeWork.

No início do ano, a startup foi avaliada em 47 bilhões de dólares. E foi com base neste valuation que a WeWork preparava-se para seu IPO. Desde 2017, contudo, Scott Galloway, professor da escola de negócios da New York University, já alertava sobre o risco de uma avaliação exagerada: “A WeWork é, sem dúvidas, a empresa mais supervalorizada do mundo”.

A opinião de Galloway mostrou-se certeira em agosto, quando a WeWork entregou documentos para a Comissão de Valores Mobiliários, como parte do processo do IPO, e revelou sua real saúde financeira, bem menos fantástica: a WeWork sofre perdas milionárias crescentes há três anos e está comprometida com contratos de aluguel futuro que somam, coincidentemente, 47 bilhões de dólares pelos próximos 15 anos – o mesmo valor do primeiro valuation.

O choque de realidade fez o valor da WeWork despencar. Seu valuation perdeu mais de 30 bilhões de dólares em poucos dias. Seu CEO e fundador excêntrico, Adam Neumann, foi forçado por investidores a renunciar. E, na sequência, o IPO da WeWork foi cancelado, como já noticiamos aqui no Imobi. Milhares de funcionários devem ser demitidos nas próximas semanas.

Eu avisei. O professor Galloway analisou o significado deste imbróglio, para a revista New York Magazine. O Brazil Journal traduziu a entrevista na íntegra para o português. Segundo ele, o episódio da WeWork está apenas no começo e será sentido por muitos anos, com reflexos sobre o ecossistema da nova economia. A correlação de forças entre capital dos investidores e fundadores deve mudar e Galloway fez uma nova previsão: “o WeWork é a infecção oportunista que vai matar o Vision Fund One, da Softbank”.

Envergonhado e impaciente. Este é o estado de espírito do CEO do Softbank, Masayoshi Son, com relação ao seu histórico de investimentos em empresas de tecnologia deficitárias, como Uber e WeWork. Em entrevista para a revista japonesa Nikkei Business, deu um recado aos fundadores: “Recentemente, tenho dito a eles que conheçam seus limites. Conhecer suas limitações ajudará a liberar possibilidades ilimitadas”. A Forbes traz mais informações sobre a entrevista, em português.

Além do WeWork, o Softbank é investidor de outras startups imobiliárias, como a Compass (que, a exemplo da WeWork, tenta se posicionar como uma startup de tecnologia e não imobiliária, para valorizar o passe) e a brasileira QuintoAndar, que…

…lançou um vídeo em parceria com o canal de humor Porta dos Fundos, na semana passada. O vídeo traz um personagem que quer alugar um imóvel, mas não consegue aprovar um fiador ou pagar pelo seguro-fiança.

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Ignorar o iBuyer é uma ameaça para a existência do seu negócio, afirma o CEO da Zillow, Richard Barton. Ele foi do conselho da Netflix quando a plataforma decidiu investir no streaming e na produção de conteúdos próprios. Em entrevista ao The Real Deal, afirma que o iBuyer representa para o mercado imobiliário o mesmo que a Netflix foi para as vídeo-locadoras.

Se existe o iBuyer, é possível existir o iRenting? A startup americana Doorstead acredita que sim e está investindo nisso. Quando um proprietário aluga com exclusividade pela plataforma, garante rapidamente a renda do aluguel todo mês. Se há um locatário ou não, é preocupação da Doorstead, que se compromete a pagar a mensalidade independente de sua vacância. Além de encontrar o morador, a Doorstead também administra o contrato.

INCORPORADORAS

Em agosto, cresceu mais de 70% a venda de imóveis novos em SP, num comparativo com o mesmo mês do ano passado. Segundo o Secovi-SP, foram 4.405 unidades residenciais novas vendidas.

E caiu o número de escritórios vazios nas regiões nobres de São Paulo, de acordo com pesquisa feita pela Buildings.

Rio de Janeiro tem o metro quadrado mais caro e a maior procura para compra de imóveis, segundo pesquisa do Grupo ZAP, que também aponta Copacabana como o bairro mais buscado. De acordo com o Secovi Rio, o primeiro semestre de 2019 teve o maior número de lançamentos desde 2015. Para o Estadão, o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, afirmou: “não vamos voltar a viver um período como o de 2009 a 2014, mas finalmente começa a haver uma retomada da confiança. 2020 será melhor”.

Em Porto Alegre, o ministro Gustavo Canuto deu mais detalhes sobre o futuro do Minha Casa Minha Vida. A faixa 1 deve ser limitada a rendas familiares de até R$ 1,4 mil – hoje é de R$ 1,8 mil. “Isso está sendo calibrado. (Deve ser até) R$ 1,4 mil a faixa que terá um auxílio e até R$ 1 mil a faixa que estará completamente sem tomar crédito. São alguns pontos que a (equipe da) Economia está nos ajudando”, afirmou o ministro para o Gaúcha Zero Hora.

O que a primeira santa brasileira pode ensinar ao mercado imobiliário? Para o fundador da Odebrecht, muito. A primeira grande obra construída por aquela que já foi a maior construtora da América Latina foi o Círculo Operário da Bahia, em 1946, a pedido da Irmã Dulce. Foi com ela, a quem Norberto Odebrecht considerava “mãe empresarial”, que ele aprendeu as primeiras lições de marketing: “Precisamos começar a obra pela fachada, assim as pessoas vão passar, ver que a obra está crescendo e querer nos ajudar”.

IMOBILIÁRIAS

A nova modalidade de crédito corrigido pelo IPCA já movimentou R$ 1 bilhão na CAIXA. Segundo o Terra, o volume atingido em apenas 40 dias, desde que o formato foi lançado, era o esperado para até o fim do ano.

A disputa para oferecer a menor taxa de crédito imobiliário do mercado segue acirrada. Itaú e Bradesco já anunciaram redução e, agora, o Banco Inter também entrou na disputa, reduzindo a taxa de 8,5% ao ano para 7,7%.

A CAIXA também reduziu até 1% a taxa de juros para financiamentos imobiliários que usam o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). A nova taxa foi de 8,5% a 7,5% e começou a valer ontem.

Juros mais baixos, redução da Selic e a disputa entre os bancos criaram um cenário de vantagens para quem deseja fazer a portabilidade do financiamento imobiliário. De acordo com o Banco Central, só no primeiro semestre de 2019 foram recebidos 3.466 pedidos de portabilidade de crédito imobiliário, enquanto no ano passado, foram 5.535.

A Apsa, administradora de condomínios, aluguel, compra e venda no Rio de Janeiro, lançou o Click Aluguel. A startup promete dar mais autonomia para proprietários de imóveis, por meio de uma plataforma pela qual é possível anunciar e administrar a locação O proprietário pode escolher entre três planos, que diferem quanto ao tempo em que o imóvel permanece anunciado. O Click Alugue está disponível para todo o Brasil e também oferece ao proprietário uma plataforma de gestão da locação após o aluguel do imóvel.

Segundo o Índice FipeZap, em setembro, o preço médio dos imóveis residenciais caiu 0,15% comparado a agosto. No período de 12 meses, os valores continuam abaixo da inflação.

Adiada para 31 de outubro a venda de imóveis do Governo do Paraná. O motivo para a mudança na data é a suspensão temporária na venda de três dos imóveis.

AGENDA

No Conecta Imobi, a CUPOLA lançou a nova edição do Aluguel Master, treinamento intensivo de locação para imobiliárias que desejam transformar sua operação de aluguel. Serão apenas 44 participantes em uma mentoria de cinco meses com especialistas do mercado. A pré-inscrição está chegando ao fim e os últimos ingressos estão disponíveis aqui.

MUNDO

Nas cidades com maior custo de vida em 2019, o pódio é todo asiático. Realizado pela Mercer, tem como critérios custos de alimentação, moradia, suprimentos pessoais e domésticos, álcool e tabaco, roupas e calçados, serviços domésticos e públicos, transporte, recreação e entretenimento. A lista conta com Hong Kong, Tókio, Singapura, Seul, Zurique, Xangai, Asgabate, Pequim, Nova Iorque e Shenzhen. O Brasil aparece em 86º, com São Paulo.

Amsterdam é conhecida por suas bicicletas e pretende continuar assim. A capital está, cada vez mais, dificultando o acesso a carros no centro, por meio de bloqueios a veículos individuais, e melhorando o transporte público, como garantir o metrô 24h nos finais de semana. Faz parte de uma série de ações com o objetivo de banir todos os veículos a gás e diesel até 2030.

Americanos adoram uma casa grande: o tamanho médio de uma residência unifamiliar nos Estados Unidos passa dos 400m². A The Atlantic fez uma reportagem explicando o histórico do país e seu gosto por quartos desnecessários. Um dos principais motivos é que os imóveis não são vistos só como um lugar para morar, mas como um investimento O autor cita outros motivos históricos, como o surgimento de subúrbios e a construção civil mais acessível que em outros países: enquanto a Europa se recuperava da Segunda Guerra Mundial, os americanos construíam novas cidades inteiras. O artigo, longo e em inglês, pode ser lido na íntegra aqui.

ESTAMOS DE OLHO

Faltando dez meses para entrar em vigor, a LGPD é um assunto que o mercado imobiliário deve estar de olho com lentes de aumento. Para Daniel Becker, sócio do escritório Lima Feigelson Advogados, em entrevista ao Smartus: “Conhecendo a voracidade dos nossos órgãos da administração pública direta e indireta, o viés arrecadatório deles, e pensando na ANPD, que nasce sem orçamento, numa situação que sequer tem servidores preparados para isso [fiscalização]… é um órgão que vai começar com caixa zero, então a chance de ela ser amigável é mínima”.

O mercado de FIIs já cresceu a largos passos neste ano e a expectativa é de que ganhe mais espaço. O Seu Dinheiro lista 10 motivos para acreditar no potencial dos fundos imobiliários. Entre eles, redução da taxa Selic, novos formatos de financiamento e o momento do ciclo imobiliário brasileiro.

Incorporadoras nos EUA estão construindo para alugar e não vender. Durante a recessão americana, empresas começaram a investir em imóveis que não seriam vendidos, focando em aluguel para famílias que não podiam pagar seus financiamentos. Dez anos depois, perceberam que o investimento deu certo e que não só pessoas com restrições financeiras decidem viver de aluguel: há um público que opta pela modalidade.

Self-storage, ou armazenamento pessoal, consiste em galpões subdivididos em unidades para pessoas que precisam de um “quartinho da bagunça”. Com a ascensão de imóveis menores, a tendência cresce para armazenar objetos que as pessoas não precisam ter sempre à mão. Pequenos empreendedores também se beneficiam, podendo usar o espaço para armazenar estoque, por exemplo. Segundo a Associação Brasileira de Self Storage (Asbrass), o mercado deve dobrar nos próximos dez anos só no Rio de Janeiro.

Quer saber como são os escritórios de grandes empresas de tecnologia? Nesta galeria, você pode conferir 30 espaços de trabalho de gigantes como Google, Facebook, Microsoft, Uber e Airbnb.

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