ESG
Opinião

ESG e intraempreendedorismo aplicados ao setor imobiliário

É o assunto nas rodinhas: o termo ESG (“ésgui”),  que vem do inglês Environmental, Social, and Governance (Governança socioambiental, ou “ASG” para a versão em português), está carregado de significados e atitudes que refletirão não só na rotina corporativa, como no fluxo de caixa e na reputação das empresas. 

Seguindo a onda do momento, na última semana de fevereiro, abrimos uma sala no aplicativo que assumiu protagonismo importante também no mercado imobiliário – o Clubhouse* – para debater o tema ESG/ASG aplicado ao setor. A moderação ficou por conta de Giovanna Carrilho, líder de marketing na MGQ Construtora e Incorporadora de Imóveis e consultora de marketing focada em mulheres corretoras e por mim, Elisa Tawil, idealizadora e cofundadora do Movimento Mulheres do Imobiliário e Head de Growth e Onboarding Specialist na eXp Brasil.

Para aprofundarmos no tema, recebemos como convidada especial a sócia-fundadora da consultoria Pares, Alda Marina Campos, que está também à frente do centro de intraempreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC).

Durante o painel, Alda reforçou qual será a dinâmica que deve reger as corporações quando a pauta é a responsabilidade e governança socioambiental: como colocar a pessoa no centro e minimizar danos aos recursos naturais.

Alda explicou de forma lúdica e leve como as empresas e corporações vêm lidando com o assunto:  “é como sexo na adolescência: todos falam, poucos fazem e poucos fazem bem. E pode mudar a sua vida”, um tom de brincadeira para um assunto que se torna ainda mais sério a cada dia.

Quando incluímos a pessoa no centro dos negócios, precisamos lidar com mais variáveis além do lucro e resultados. Uma dinâmica complexa para o setor imobiliário, que é baseado, tradicionalmente, numa lógica de valor tangível.

Para encontrar respostas e orientações para a complexidade do tema neste segmento, trouxemos durante o painel mais um elemento como aliado à causa: o intraempreendedorismo.

  “Os intraempreendedores criam novos modelos de negócio, novos produtos e novos serviços e contribuem para um processo de inovação mais ágil. Em particular, intraempreendedores de impacto desenvolvem produtos e serviços mais sustentáveis, transformando desafios socioambientais em oportunidades de negócio. Além disso, intraempreendedores de impacto evidenciam que a empresa segue um propósito além do lucro – algo que atrai talentos que procuram um sentido mais profundo no seu trabalho.” Esta definição, que está contida no Relatório Final do Centro de Intraempreendorismo da FDC, mostra o caminho para as alavancas de valor deste modelo de negócios: melhorar o faturamento, a imagem e a avaliação da empresa.

Neste momento você pode estar se perguntando como a sua empresa está lidando com a Governança Socioambiental. Para este questionamento, Alda nos orientou através de  um “passo a passo” do diagnóstico”, seguindo as seguintes etapas:

1. Procure pelo inquieto

Quem é o inquieto dentro da organização? Procure pelas pessoas que questionam, que estão incomodadas com algo e que podem ajudar a orientar o caminho para e pela inovação.

2. Faça uma autoavaliação

“É como um exame de sangue. Você só vai saber o nível do seu colesterol com os resultados em mãos”, disse Alda sobre a importância das empresas se auto avaliarem. Ela ainda indicou o modelo de avaliação de impacto B, oferecido pelo sistema B e que pode ser realizado de forma gratuita pelo link.

3. Prepare-se o para o processo 

Não se trata de uma virada de chave. Incorporar tais mudanças organizacionais é um processo contínuo e requer preparação. Para isso, as pessoas, os projetos e negócios precisam ter consciência de que iniciarão um caminho de transição de cultura e valores. 

Intraempreendedorismo é uma prática e não uma ciência

Incorporar mudanças estruturais não é fácil e para construir a sua comunidade interna,  que pode (e deverá)  se apaixonar por essa nova ideia, é preciso dialogar com três das grandes “dores” (desafios, dificuldades) sentidas pelas organizações:

  1. Inovação de forma contínua
  2. Engajar e atrair talentos
  3. Ser uma empresa maior

A principal indagação para se fazer a aqueles que estão dispostos a começar: você quer ser a maior empresa do mundo ou a melhor empresa para o mundo?

Para engajar novos talentos e orientar para o cuidado com a cultura empresarial, principalmente com os impactos da transformação digital e imposições do trabalho remoto, a contribuição de colaborações externas, como o Movimento Mulheres do Imobiliário, é fator essencial para uma visão de futuro sustentável.

Cuidar da cultura empresarial para que ela seja um terreno fértil sobre o qual possamos construir as fundações, estruturas e continuidade das organizações. Foi assim, com essa analogia bem compreensível para aqueles que lidam com nossos setor imobiliário, que concluímos a importância de incorporar tais assuntos nas agendas dos decisores deste mercado

A lição de casa para aqueles que estão prontos para esta mudança de valor: cuidem do desenvolvimento das lideranças para destravar seu potencial humano e da cultura, para que seja um bom terreno para as ideias e para que elas não morram.

Cuidem de como os assuntos estão na média liderança: a maior parte da inovação pára na média liderança, seja por medo ou pela falta de espaço.

“Precisamos levar a visão da integridade corporativa com maior consistência para os mercados adotarem o olhar ASG (ESG) com práticas estruturantes, que não sejam superficiais ou de curto prazo. Estou à disposição para participar dessa conversa em outros fóruns do mercado imobiliário. Foi um prazer participar desse fórum do MI (sic) no ClubHouse”, relatou Alda após sua primeira experiência na plataforma.

E não deixe de conferir seu “estoque de nãos” antes de começar. Para o processo interno de mudança, muitos “nãos” irão surgir, esteja com seu estoque calibrado. 

Sucesso na sua jornada transformadora!

*O Movimento Mulheres do Imobiliário oferece uma sala aberta com temas diversos todas as quintas-feiras, às 8h30 no Clubhouse. 

Elisa Tawil

Idealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.
Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.