blockchain, criptomoeda e mais
Imobi Explica

Entenda o que é blockchain, token e criptomoeda e porque já fazem parte do mercado imobiliário

Algumas palavras muito novas estão cada vez mais presentes no noticiário do mercado imobiliário. Afinal de contas, o que são blockchain, token, NFT e criptomoeda? Este material tem o objetivo de facilitar o entendimento sobre o tema, já que, ao redor do mundo, esses termos já são realidade nas transações imobiliárias. 

Antes de falarmos sobre como estas novidades podem afetar a rotina de imobiliárias e corretores, é preciso entender um pouco mais sobre seus significados. Isso também pode te dar vantagem no mercado. Aos poucos, o corretor e gestor que torcer o nariz para o assunto pode vir a ser como aquelas empresas que fecharam as portas abraçadas a um fax – ao invés de digitalizar processos. 

Tokenização: a divisão de um ativo em partes menores

Em poucas palavras, tokenizar – ou digitalizar – significa dividir um ativo em frações. 

É como uma pizza, que pode ser fatiada em muitos pedaços de diferentes tamanhos. Depois que o ativo é fracionado, ele pode ser negociado separadamente. Assim, mais de uma pessoa pode ter direito certificado sobre ele, cada uma com sua cota.

O ativo a ser fracionado pode ser (praticamente) qualquer coisa, como uma obra de arte ou um imóvel. Os tokens são como as ações: você pode pagar para ter participação nos negócios de uma empresa. Se ela prospera, você ganha junto. Se ela perder valor, seus papéis encolhem na mesma proporção, e aí cabe a decisão de vender na baixa ou segurar para esperar valorizar.

Tomando como exemplo uma casa de R$ 1 milhão de reais. Se ela for dividida em dez tokens iguais, terá dez frações de R$ 100 mil cada. Se esta casa está alugada e você compra um destes tokens, você terá direito a 10% da renda gerada pelo aluguel. Outra vantagem é que caso você more de aluguel no imóvel em questão, você pagará 10% a menos na locação. Afinal, você já é 10% dono dele.

“Boa parte das pessoas que gostaria de comprar um imóvel tem dificuldades em assumir um financiamento. É um público gigante que gostaria de financiar e não consegue pelos altos valores. Com os tokens, a pessoa pode comprar ou financiar frações do imóvel por um valor muito mais acessível. Isso significa democratizar o investimento em imóveis”, destaca Andreas Blazoudakis, founder e CEO da netspaces, PropLegalTech que, em parceria com a Imovelweb, fez a primeira transação brasileira de imóveis digitalizados. 

Antes de seguirmos com o conteúdo, um detalhe importante: tokens também são conhecidos como NFTs, sigla que é usada em inglês. É como quando escrevemos “real” ou “R$” para falarmos da mesma coisa. Na tradução, NFT significa token não-fungível, o que significa que o token não pode ser substituído. Ou seja, ele tem sua posse certificada e garantida por parte do proprietário.

E o que são as criptomoedas? Como seu valor é definido?

O real, o dólar e o euro são exemplos de moedas emitidas e centralizadas por diferentes países e regularizadas por seus respectivos bancos centrais. Elas têm um valor que varia diariamente, conforme a oscilação econômica. Se o Brasil vai mal das pernas na economia, por exemplo, nossa moeda perde valor. Com isso, diante do dólar e do euro, o real encolhe e passa a valer menos.

As criptomoedas têm uma lógica muito similar, só que elas são descentralizadas – não estão atreladas a nenhum país ou banco. Bitcoin, ethereum, litecoin, entre outras, são ativos 100% digitais – não, não existe uma cédula ou moeda física de bitcoin.

Portanto, elas não têm um país que guie o seu valor conforme as crises e bonanças da economia local. O que define a cotação de cada criptomoeda é, unicamente, seu propósito.

O bitcoin, que é a cripto mais famosa, surgiu com o propósito de trazer liberdade e segurança para transações financeiras na internet. Quando o bitcoin foi criado, em 2008, uma unidade da moeda valia menos que um centavo. Aos poucos, a comunidade que acreditou nesta ideia foi crescendo e ela ganhou o mundo. A procura aumentou e a adesão foi massiva. Como a quantidade disponível de bitcoins é limitada, a escassez chegou com tudo e o preço disparou. Atualmente, um bitcoin está cotado acima dos R$ 300 mil.

Apesar do crescimento exponencial de valor, ainda existe muita desconfiança – e desconhecimento – sobre o funcionamento do bitcoin. Mas, se você veio aqui atrás de uma dica, aí está ela: vale muito a pena refletir sobre o potencial das moedas digitais. 

Imagine que você deixou uma moeda de um centavo no fundo de uma gaveta em 2008. Se esta moeda fosse um bitcoin, hoje haveria R$ 300 mil reais te esperando nesta mesma gaveta. Nada mal, né?

Blockchain: um banco de dados incorruptível

O blockchain é um banco de dados extremamente confiável. É nele que circula o “sistema financeiro” dos tokens e criptomoedas e onde são registradas as transações e de quem é a propriedade sobre cada ativo. Mas, note: blockchain e cripto não são sinônimos. As criptos precisam do blockchain para existir, mas o blockchain não precisa, nem depende, das criptomoedas.

 O que mais o diferencia dos bancos de dados tradicionais, que ficam salvos em um servidor ou poucos computadores, é a descentralização. No blockchain, diversos computadores espalhados pelo mundo protegem dados de diferentes tipos de operação. 

Para entender melhor, vamos fazer um paralelo bem amigável, uma empresa que armazena todos os seus registros em papel. As vias de um contrato, por exemplo: uma via fica com o cliente, outra vai para arquivo físico da empresa. 

Todo este volume de papel fica guardado e pode ser consultado quando necessário. À medida que o espaço físico de uma prateleira acaba, novas prateleiras precisam ser instaladas para receber os arquivos. 

Com o blockchain, a situação é parecida, só que acontece em ambiente digital e com protocolos de segurança altíssimos. Em vez de papéis, há registros e comprovantes digitais. Em vez de prateleiras, há os blocos. Em cada um dos blocos (ou prateleiras), as informações ficam armazenadas e podem ser consultadas. Conforme mais informações vão chegando, novos blocos são organizados. 

Mas o grande barato do blockchain é que há inúmeros computadores espalhados pelo mundo executando protocolos para garantir a segurança destes dados. Estas máquinas estão conectadas e trocando informações constantemente, fazendo um “cara-crachá” de tudo que entra no bloco. Caso algum computador sofra uma pane, todos os outros estão lá para segurar a barra e garantir a integridade dos dados.

É como uma corrente inquebrável garantindo a confiabilidade das informações contidas nos blocos – daí o nome block (bloco) chain (corrente). “O que a internet fez pelo conteúdo – temos notícias e informações na palma da mão – o blockchain está fazendo pela confiança dos dados na internet”, afirma Rubens Neistein, CEO da Blockimob, startup de tokenização imobiliária.

E esta descentralização, que guarda os dados com segurança em diversos computadores pelo mundo, é algo que jamais poderia acontecer com um arquivo físico tradicional. Mesmo que se guardassem cópias de todos os papéis em outro local para consulta, haveria riscos. Por exemplo, no caso de uma pessoa mal intencionada violar as informações.

Violar o blockchain é uma missão praticamente impossível, pois a força computacional necessária para quebrar os códigos é praticamente impossível de mensurar. Para o hacker, valeria muito mais a pena usar esta força computacional para fazer a mineração de criptomoedas e receber uma remuneração legalizada.

E o que é a mineração de criptomoedas?

Pensa comigo: se você tem uma casa e a aluga para um inquilino, o valor que ele lhe paga no final do mês não é por caridade, mas sim uma recompensa por você ceder o imóvel. Certo?

A mineração tem um paralelo muito próximo disso. No caso, o proprietário de um computador pode ceder sua máquina para a rede de criptomoedas. Basta deixá-la conectada e executando protocolos em favor da rede. Ao emprestar esta força computacional, o dono do PC recebe uma remuneração proporcional, que é paga via carteira digital e em criptomoedas. 

Se um computador é programado para minerar bitcoin, por exemplo, ele estará emprestando toda sua força para turbinar a rede de transações de bitcoin. Ou seja, o que mantém no ar as transações de bitcoin não são um ou dois servidores. São inúmeros computadores ligados no mundo todo, emprestando sua força, sem que precise existir um “banco central” para cuidar de tudo.

Se esta remuneração lhe pareceu interessante, muita calma nesta hora. Para a operação compensar, é preciso ter uma máquina robusta. Um computador montado exclusivamente para mineração pode custar na faixa de R$ 100 mil, além de consumir bastante energia elétrica. 

Hora da revisão: blockchain, criptomoedas e tokenização no mercado imobiliário

  • Tokens: são frações de participação em um negócio ou posse de um ativo. Você pode comprar um token de um imóvel, por exemplo, para ter propriedade parcial sobre ele. Se um imóvel for dividido em 10 tokens e você comprar um token, terá 10% dos direitos sobre ele e assim vai.
  • Criptomoedas: são moedas digitais baseadas em um propósito, não centralizadas ou baseadas na economia de um país. Elas ganham valor conforme a adesão a elas aumenta (e, diga-se, essa adesão vem aumentando sem parar);
  • Blockchain: é uma rede de informações global extremamente segura, em que vários computadores descentralizados garantem a integridade das informações. É neste banco de dados que acontecem e são registradas as transações de tokens e criptomoedas;
  • Mineração de criptomoedas: é o nome dado para o trabalho realizado pelos computadores que rodam o blockchain – ou seja, computadores que estão criando (ou minerando) blocos. Por dedicarem sua força à rede, os donos dessas máquinas dedicadas recebem uma remuneração em criptomoedas em uma carteira digital.
Tags:

Rodrigo Arend

Jornalista multimídia com mais de 10 anos de carreira. É responsável pelo conteúdo do portal e da newsletter do Imobi Report, além de contribuir com outras frentes da maior plataforma de conteúdo imobiliário do Brasil.

Ver artigos

Seja o primeiro a comentar!