Crédito Real adquire Taperinha
Imobiliárias

Crédito Real adquire carteira da Taperinha e se consolida como a maior imobiliária do RS

Duas das mais tradicionais imobiliárias do Rio Grande do Sul anunciaram a união de suas forças. A Crédito Real, fundada em Porto Alegre há 87 anos, adquiriu a carteira de locação da Taperinha, empresa de 47 anos baseada em Santa Maria, numa operação que consolida a imobiliária da capital gaúcha como a maior de locação no Estado e uma das mais importantes do País, agora com 17 mil imóveis administrados.

A aquisição envolve, além da administração de 2 mil imóveis locados pela Taperinha, a transferência de tecnologia para a imobiliária de Santa Maria, a padronização de processos e a integração das equipes. A área de seguros imobiliários da empresa do interior gaúcho também migrará para a Crédito Real.

Cláudio Marconato e Renata Marchesan, sócios da Taperinha Crédito Real

A negociação desencadeou ainda uma mudança societária da Taperinha, que passou de nove sócios para apenas dois – Cláudio Marconato e Renata Marchesan. Porém, as equipes de atendimento, gestão comercial e de marketing continuam as mesmas. A Taperinha também segue administrando as carteiras próprias de imóveis para venda e de administração de condomínios.

Crédito Real planeja expansão fora do Estado

O negócio foi o salto mais representativo da Crédito Real em seu recente movimento de interiorização. A imobiliária, que atua com locação e venda de imóveis e administração de condomínios, inaugurou um sistema de franquias em 2019. Com 22 agências e lojas próprias, já operava em Cachoeira do Sul, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Garibaldi e Gramado, todas no Rio Grande do Sul.

De acordo com o diretor superintendente da Crédito Real, Carlos Eduardo Ruschel, a sinergia de valores e visão de negócio das duas empresas embalaram a parceria. “O mercado de Santa Maria e, especialmente, a Taperinha, sempre estiveram em nosso radar”, afirma. O executivo conta que a empresa pretende ingressar no primeiro semestre de 2021 em outras cidades de médio porte, como Pelotas, Passo Fundo e Novo Hamburgo, e abrir uma unidade fora do Estado na segunda metade do ano.

Taperinha vê mercado mais difícil para PMEs

Para a Taperinha, a mudança representa a oportunidade de um salto de qualidade. “Mesmo tendo nos reinventado várias vezes, o mercado mudou muito e percebemos que pequenas e médias imobiliárias não conseguem abraçar todas as inovações que vão surgindo. É diferente de uma empresa de grande porte, que tem maior amplitude, estrutura e capacidade financeira. Como víamos no horizonte algum risco de perder competitividade, a parceria com a Crédito Real foi estratégica”, diz Raquel Trevisan, que era uma das sócias da Taperinha e agora ocupará a função de consultora externa em Gestão e Marketing da nova empresa.

Crédito Real Taperinha
Cláudio Marconato (sócio da Taperinha Crédito Real), Raquel Trevisan (consultora externa em Gestão e Marketing) e Renata Marchesan (sócia)

“E fizemos o negócio não porque estivéssemos mal das pernas, ao contrário, foi num momento de crescimento e pujança, o que nos possibilitou uma negociação bem satisfatória”, segue Raquel, que em meio à transação desvinculou da Taperinha o canal que mantém desde 2017 no Youtube (E Agora, Raquel?), com 5,8 mil inscritos, no qual fornece dicas e informações diversas sobre o mercado imobiliário. Ela conta que seguirá com a produção de vídeos, de maneira independente e com novas parcerias.

Negociações esquentam no mercado imobiliário

A junção Crédito Real/Taperinha é mais uma amostra do aquecimento das negociações entre empresas do mercado imobiliário, mesmo diante da pandemia. Conforme dados fornecidos ao Imobi Report pela consultoria KPMG, o setor registrou 45 fusões e aquisições nos três primeiros trimestres do ano passado – os dados fechados de 2020 serão divulgados somente em fevereiro. 

Foi o terceiro setor com mais transações no acumulado de 2020 entre 36 segmentos pesquisados – ficou atrás apenas de Empresas de Internet (175) e de Tecnologia da Informação (86). Os números de janeiro a setembro de 2020 já superam os de todo o ano de 2018, quando houve 44 fusões e aquisições no segmento imobiliário. Em 2019, a quantidade já saltou para 77.

O caso mais representativo do setor nos últimos meses foi a compra do Grupo ZAP pela OLX, concluída em março do ano passado.

O diretor superintendente da Crédito Real, no entanto, acredita que movimentações como a compra da carteira da Taperinha possuem muitas particularidades e, por enquanto, não podem ser consideradas tendências nacionais no ecossistema imobiliário. “Se por um lado essas parcerias dão a oportunidade de empresas menores e regionais obterem redução de custos, melhores performances comerciais e maior abrangência e tecnologia, por outro é essencial entender as particularidades no atendimento e relacionamento com os clientes de cada cidade ou região”, afirma Carlos Ruschel.