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Corretor “driblado”? Saiba o que é bypass do imóvel, prática lesiva para o mercado

A desintermediação fraudulenta de negócios imobiliários, conhecida também como bypass, entrou na alça de mira do mercado, unindo desde corretores de imóveis até as grandes plataformas e marketplaces. 

Este tipo de fraude ocorre, principalmente, quando o proprietário do imóvel ou o interessado na compra utilizam o apoio das imobiliárias e redes, mas fecham o negócio “por fora” e driblam ilegalmente o pagamento de comissões.

A prática é maléfica para o mercado, principalmente por estimular a informalidade. Por consequência, o bypass aumenta o risco para compradores e vendedores, que ficam sem a assistência profissional em caso de dúvidas, divergências ou mesmo irregularidades na transação. 

Há ainda outro tipo de bypass, que ocorre quando um corretor “rouba” o cliente por meio de captação indevida do imóvel, utilizando os dados disponíveis no anúncio sem permissão.

Como acontece o bypass em negócios imobiliários?

A fraude da desintermediação pode ser executada de diversas maneiras. Na maioria dos casos, o corretor e a imobiliária ficam a ver navios para, posteriormente, ficar sabendo que o negócio tomou outro rumo.

“O bypass acontece muito. Já vi casos envolvendo um zelador, em outro uma cliente voltou ao prédio depois da visita para falar direto com o proprietário”, relata Yuri Bruno, corretor de imóveis que atua na cidade de São Paulo.

Em todos os exemplos, o prejuízo acontece por conta do não-pagamento das comissões que seriam de direito dos agentes envolvidos.

Sistema anti-bypass recupera corretagens não-pagas  

Um estudo realizado pela Loft detectou potencial bypass em 4% da amostra de transações analisadas. De olho nisso, a plataforma lançou em novembro do ano passado um sistema de monitoramento para evitar fraudes envolvendo a startup. 

Com cerca de 27 análises em andamento, o programa já começou a recuperar valores. Neste mês de março, a primeira taxa de corretagem resgatada já foi paga.

Um dos meios de identificação de bypass é a de checagem de escrituras, para verificar se houve venda de imóveis que receberam visitas de interessados e acompanhamento de corretores por meio da startup, mas cujo negócio foi fechado por compradores e vendedores fora da plataforma.

“A grande maioria dos envolvidos atua de forma correta, mas queremos trazer mais segurança para todos os envolvidos nas negociações, especialmente para os corretores e imobiliárias parceiras”, afirma João Melhado, diretor de Compliance da Loft.  

Foi justamente esse sistema que permitiu identificar que houve bypass num imóvel na zona leste de São Paulo, que inicialmente contou com a consultoria do corretor Yuri Bruno. Em janeiro de 2022, ele acompanhou potenciais compradores numa visita. 

Documentos analisados pela Loft mostraram que o imóvel foi vendido para esses compradores cinco meses depois, sem a intermediação de Bruno. Identificado o caso, a equipe da Loft entrou em contato com os vendedores, que reconheceram o bypass e aceitaram pagar a corretagem para Bruno. Quando identificado o caso de desintermediação, a startup inicialmente busca acordo com as partes. Caso não haja sucesso, outras medidas podem ser tomadas. 

Plataformas de olho no combate à desintermediação

Além da Loft, o QuintoAndar também desenvolveu uma iniciativa para combater o bypass. O programa antifraude criado pela startup conta com um algoritmo que monitora comportamentos suspeitos na jornada de venda de imóveis e robôs que identificam casos de bypass, a partir do cruzamento de bases internas, como dados do QuintoAndar, registro do imóvel e ITBI.

Corretor deve ficar atento para amarrar bem suas negociações

Não são apenas as fraudes que geram desafios para que corretores e imobiliárias garantam comissões. Em alguns casos, a desatenção – e até mesmo o desleixo – em ser uma peça ativa na negociação pode gerar problemas.

“Vejo que, em várias oportunidades, é muito pobre a relação entre todos os envolvidos: comprador, vendedor e corretor. A grande questão é ter maturidade na negociação em si para que as pontas sejam amarradas. O corretor não deve ser bom só na lábia de venda, mas precisa saber lidar com o papel, a autorização de venda, gerar uma visita de apresentação do imóvel, além de inserir os dados no CRM, dar o feedback ao proprietário… são maneiras mais concretas de amarrar os negócios”, analisa Santiago Cassiano, sócio-proprietário da Vista Bela Imóveis, de Taubaté (SP).

“Temos um caso de um cliente grande que veio nos procurar pois foi processado por um corretor que estava pleiteando na justiça a comissão pela venda de uma chácara. Segundo o corretor, foi ele que fez a aproximação entre as partes, mas a única prova que ele tinha era uma conversa com um irmão do proprietário, além de alegar que teve um papo informal com o comprador. São evidências muito frágeis e, por isso, este corretor perdeu a disputa na primeira e na segunda instâncias. Se ele realmente estava conduzindo conversas entre as partes, ele pecou ao não seguir os processos, como apresentar uma autorização de venda, conduzir uma visita… Este é um exemplo contrário sobre o assunto das fraudes, mas que mostra a importância de amarrar negócios para não ser driblado”, completa Cassiano.

*Atualizado em 05/04/2023, às 11h40.

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Rodrigo Arend

Jornalista multimídia com mais de 10 anos de carreira. É responsável pelo conteúdo do portal e da newsletter do Imobi Report, além de contribuir com outras frentes da maior plataforma de conteúdo imobiliário do Brasil.

Ver artigos

  1. Ivanor de Assis Silva disse:
    É preciso que todos (Imobiliárias, Corretores, Gerentes) assumam que são covardes no tocante ao assunto. Quando acontece o Bypass e o corretor fica sabendo. Comunica aos proprietários das Imobiliárias que não assumem a obrigação de requererem o pagamento na justiça, com o pretexto de "melindrar" alguém Outra causa : o próprio corretor não solicita assinatura no termo de visita, porque não se sente seguro com o atendimento Outra causa : com estes sites de busca, que tornaram fácil descobrir os números de telefones até do TATA-TATA-TATA-AVÔ DOS PROPRIETÁRIOS DOS IMÓVEIS COM PLACA OU ANUNCIO DE VENDA Outro problema: Uma certa STARTAP (citada neste artigo), oferece polpudas comissões para captações utilizando estes sites de busca Um bando de pessoas (para não dizer palavrões), fica em casa de cueca e sandálias, ligando para os números fornecidos pelos sites de busca. Basta dar uma volta no bairro, fotografar as placas, ou ver os anúncios na internet, e atacar Fiz uma experiência e coloquei uma placa de vendas no meu imóvel. Coloquei um adesivo da imobiliária onde trabalho. No mesmo dia recebi ligações de falsos corretores destas gigantes. Em suma meus amigos : O mercado Imobiliário está prostituído pelas próprias imobiliárias grandes querendo engulir as pequenas E estas imobiliárias não se unem e não discutem o problema O que acontece : o cliente "bem intencionado" utiliza esta briga de foice e se aproveita fazendo o Bypass A solução imediata seria a exclusividade, porém este método está fora do alcance das pequenas e médias imobiliárias, por fraco desempenho das mesmas no mercado

    às 09:41

  2. José NOVAIS disse:
    Além da Autorização de Venda, a utilização de um Ficha de Visita pode comprovar a participação do corretor na venda.

    às 22:13

  3. Escampos disse:
    Os eventos registrados requerem uma ampla análise,avaliação e diálogo entre os Sindicatos empresariais, profissionais a respeito. Alem, os Órgãos públicos q ganham com as operações devem ser citados,também. Câmaras de Vereadores,Deputados,Cartorios, Reg. De Imóveis,tbem. Os valores de cada operação de compras e vendas custam 10 a 11% do valor das operações. Encarecem e inviabilizam os negócios. Todos devem participar e reduzirem sua participação nestes valores,cobrados pelos serviços. Mercado Travou. Os tempos mudaram e Tudo precisa ser revisto, nas Transações e participações financeiras. E meu parecer. A cf.

    às 10:45

  4. Mi disse:
    Os corretores não querem sequer conhecer o imóvel, ou seja, não conhecem o produto que estão vendendo. Querem que o proprietário envie fotos. Também chegam a cobrar 10% de comissão alegando que estao trabalhando em conjunto com outro corretor. Cada um faz o que quer, cobra quanto quer. Nunca enxergam ninguém como cliente e sim como um ????.

    às 18:00

  5. Mi disse:
    Os corretores não querem sequer conhecer o imóvel, ou seja, não conhecem o produto que estão vendendo. Querem que o proprietário envie fotos. Também chegam a cobrar 10% de comissão alegando que estao trabalhando em conjunto com outro corretor. Cada um faz o que quer, cobra quanto quer. Nunca enxergam ninguém como cliente e sim como um ????.

    às 18:00

  6. Nilton disse:
    Acredito que pela porcentagem muito alta 6% é que levam chapéu, deveria ser de no máximo a metade, inclusive até se for dado imóvel na negociação com outro de maior valor eles querem comissão desse também.

    às 15:18

  7. Jose Luiz Lazzari disse:
    A melhor forma de resolver o problema seria cria uma lei que obriga que toda venda imobiliária tenha um corretor intermediando as negociações. Para controlar o processo, nenhuma escritura ou registro de imóvel possa ser realizado sem a assinatura de um correto credenciado. Seguir os passo de como é feito com o Seguros, nenhuma pessoa ou empresa pode contratar um seguro que não seja por intermedio de uma Corretora de Seguros. Afinal o profissional estuda e é capacitado para o serviço.

    às 14:50

  8. Marcos Castro disse:
    Acho que a corretagem deveria ser de um a 6% mediante a complexidade da negociação, esse tipo de intermediação termina atrapalhando inflando mercado imobiliário, muitas vezes tive corretores que mais atrapalhar do que ajudar o achei injusto essa taxa por um péssimo serviço

    às 23:00

  9. Marcos Castro disse:
    Acho que a corretagem deveria variar conforme a complexidade negociação, muitas vezes O trabalho é quase nulo é feito de péssima categoria e se paga somos astronômicas para um trabalho que não existe nenhum tipo de garantia e mal feito

    às 22:57

  10. Renato disse:
    Uma comissão mais acessível evitaria muitos problemas deste tipo. Com a digitalização das informações comissão nos patamares atuais não são mais justificadas, hoje em dia se faz tudo pela internet.

    às 21:43