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Construtoras mostram otimismo com Minha Casa Minha Vida, taxa de juros e regras fiscais

Otimismo com o programa Minha Casa Minha Vida e expectativa pela queda da taxa de juros, que acaba de completar 8 meses no patamar de 13,75%. Os assuntos, que vêm tomando conta da agenda das construtoras e incorporadoras, foram destaque no Summit Abrainc, realizado nesta terça-feira (11), em São Paulo (SP).

O bom início de ano dá sinais de um ambiente positivo para a construção. De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), as vendas de imóveis novos em janeiro e fevereiro têm sido boas e superado as expectativas, mesmo com o custo mais alto do crédito imobiliário. Números oficiais, no entanto, ainda não foram divulgados.

Confira abaixo os principais temas debatidos no encontro das construtoras, que reuniu também autoridades de diferentes esferas do governo para falar sobre o momento e as novidades nas áreas da habitação e economia.

Minha Casa Minha Vida: orçamento agrada as construtoras

Em painel realizado no evento, o ministro das Cidades, Jader Filho, defendeu o relançamento do Minha Casa Minha Vida e, em especial, o retorno da faixa 1 do programa, que passou a contemplar famílias com renda mensal de até R$ 2.640 (até então, o teto era de R$ 1.800). 

Ele destacou que o programa deve ganhar ajustes ao longo do ano para chegar com mais eficiência às cidades de até 50 mil habitantes e, desta forma, contribuir para tracionar a economia por meio da geração de renda com as obras. “Nosso objetivo é passar de um milhão de empregos diretos e indiretos apenas com o Minha Casa Minha Vida até 2026”, afirmou.

O presidente da Abrainc ressaltou que o tamanho do orçamento destinado ao MCMV foi bem recebido pelo setor. O total, de R$ 19,5 bilhões, é 130% maior que o valor orçado em 2022.

Considerada vilã, taxa de juros vira alvo de executivos

Como vem sendo observado há alguns meses, as construtoras e incorporadoras reforçaram o discurso pedindo pela redução da taxa de juros, que está em 13,75% desde agosto de 2022.

“Sistemas imobiliários fortes dependem de juros módicos para operar, mobilizando investimentos de longo prazo e contribuindo para a estabilidade das famílias. Hoje, o juro alto já começa a limitar o desenvolvimento, deslocando mais empresas para a iliquidez”, afirmou Luiz França, da Abrainc.

Rubens Menin, presidente do Conselho da MRV, destacou que a taxa em alta afasta os recursos da poupança e fragiliza as empresas. De acordo com ele, isso reduz a geração de renda por parte da construção civil no Brasil, que “tem uma capacidade de gerar empregos, desenvolvimento econômico e social como em poucos países do mundo”.

Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Consultoria Tendências, afirmou que há sinais para uma queda da taxa Selic, até mesmo considerando dados favoráveis vindos do exterior. “Temos uma conjuntura internacional desinflacionária e isto já influencia os preços das commodities”, relatou. 

O contexto nacional também deve ajudar, uma vez que o IPCA de março, divulgado ontem (11) pelo IBGE, registrou 0,71%, valor abaixo do esperado. O resultado animou o mercado (o Ibovespa subiu mais de 4%) diante da perspectiva de início do processo de redução da taxa básica de juros já a partir da próxima reunião do Copom do Banco Central, na primeira semana de maio. 

Reforma tributária também é pauta no setor construtivo

Na avaliação das construtoras, as novas regras tributárias devem ter atenção especial com o setor imobiliário, de forma a não prejudicar os investimentos. O presidente da Abrainc ressaltou que a expectativa é de que a reforma “adote critérios justos, que identifiquem o segmento como grande propulsor do emprego, do investimento e do bem-estar das famílias”.

Presente no evento, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, defendeu a reforma tributária, alegando que o tema está há muito tempo sendo discutido no Brasil. Ele reforçou, ainda, que a habitação é um símbolo de dignidade no Brasil e um importante motor para a economia. “É uma atividade econômica importante, responde por 10% dos empregos e aquece a economia”, disse.

O alinhamento entre políticos e as construtoras vai além. As avaliações também são positivas em relação às novas regras fiscais, tema que dominou o debate econômico recente.