Conecta Imobi On dia 4
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Conecta Imobi On: destaques do quarto dia do evento

No seu quarto e último dia de palestras e painéis, nesta quinta-feira (3), o Conecta Imobi On trouxe a participação de palestrantes como Domenico de Masi, Michel Prado (head de planejamento na CUPOLA e editor do Imobi Report), Matheus Fabricio (Lopes), Matheus Sartoti (Infinity), Elisa Tawil (Mulheres do Imobiliário e colunista do Imobi Report), Gustavo Zobaran (Porto Seguro), Raul Juste Lores (Veja SP), André Czitrom (Magik JC) e  Amyr Klink (navegador e escritor brasileiro).

No keynote de abertura, o sociólogo Domenico de Masi trouxe uma reflexão sobre o momento atual que a sociedade vive, com a pandemia do coronavírus. Na sua fala, tratou sobre como, até a pandemia, estávamos seguindo com um modelo de vida baseado em um frenesi sem limites, e que o fator de desequilíbrio da humanidade é a “normalidade”.

Para o sociólogo, o momento de isolamento social ou “blecaute das atividades” surge como uma grande ocasião de reflexão. Para ele, a primeira questão é rever nossa relação entre espaço e tempo. “Antes da Covid-19, tínhamos muito espaço à disposição. Pegávamos carros, aviões, atravessávamos cidades e continentes. Mas faltava tempo. Estávamos lotados de compromissos e não tínhamos tempo para fazer todas as coisas que o espaço nos permite. De repente, chegou a pandemia e as relações entre essas duas grandes questões da existência humana se inverteram: nos vemos com muito tempo, mas com pouco espaço. Aprendemos, então, a importância do tempo e do espaço”.

Outra reflexão que a pandemia traz é sobre a globalização. A rapidez com que o vírus se disseminou alertou como não podemos pensar no nosso país como uma soberania fechada, e que o mundo é “uma cidade única, global”. A terceira é a reflexão sobre a atenção com as pessoas às margens da sociedade – primeiras afetadas pela pandemia. Os mais velhos, clandestinos, sem-tetos, imigrantes foram os primeiros a morrer. Então, Domenico tratou sobre a importância do Estado, e um Estado organizado, capaz de manter o equilíbrio de um país. Entre as questões envolvendo o estado, uma saúde pública e universal.

Resumiu sua fala sobre como o coronavírus nos fez refletir sobre o que é verdadeiramente importante: “O Estado não é supérfluo, os marginalizados não são supérfluos, a globalização, nossa relação com tempo e espaço, o bem estar, não são supérfluos”.

O futuro das imobiliárias

No painel “Será o fim da imobiliária e dos plantões como conhecemos?”, Michel Prado (CUPOLA), Matheus Sartoti (Infinity), Matheus Fabrício (Lopes) e Henrique Driessen (Elephant Skin) falaram sobre o futuro do atendimento presencial no mundo pós-pandemia. Para Fabrício, a transformação digital decorrente das novas necessidades do mercado imobiliário, com a chegada da Covid-19 ao Brasil, “vai ser uma evolução, mas não uma revolução”. Com esse gancho, Michel lembrou a necessidade de humanização nos processos, o que inclui um espaço adequado para os funcionários das imobiliárias trabalharem, respeitando orientações a respeito de higiene e distanciamento físico, que são imprescindíveis neste momento. Tanto Michel quanto Fabrício também são da opinião de que o espaço físico das imobiliárias também vai continuar sendo importante para receber os clientes, principalmente aqueles que estão comprando imóveis, um momento tão especial. Na sequência, foi apresentada o case da imobiliária Infinity, de Torres-RS, representada por Sartoti, que exibiu um vídeo mostrando a obra realizada na empresa. A tecnologia, no entanto, deve permear todos os processos imobiliários a partir de agora e os clientes estão cada vez mais exigentes neste sentido, conforme a opinião de Herique. 

A humanização dos processos imobiliários, acompanhada da evolução tecnológica ocorrida no período de pandemia, também foi assunto da palestra de Gustavo Zobaran. O gestor de marketing, conteúdo e performance da Porto Seguro começou dizendo que toda transformação digital se baseia em uma tríade formada pelos pilares: marca, tecnologia e pessoas. Nesta palestra, em específico, ele abordou a questão das pessoas. Para “hackear a persona”, ele sugere tornar as pessoas em indivíduos “antifrágeis”, por meio de uma reivenção cultural, que inclui uma mudança de perspectiva sobre a educação formal, substituindo-a para uma educação com experiências customizadas, que tenha um processo contínuo e seja focada em soft skills em vez de hard skills. Por último, ele deu dez dicas para alcançar esse objetivo: 1) saia da zona de conforto; 2) erre e entenda; 3) experimente e mexa-se; 4) corra muitos riscos pequenos; 5) confie em você mesmo; 6) pequenas ações em vez de conceitos complexos; 7) planeje com flexibilidade; 8) respeito o antigo; 9) coloque sua pele no jogo; 10) seja humano. 

Ideias criativas

Diogo Souza Gomes, da Souza Gomes, trouxe 15 ideias criativas para melhorar os serviços ofertados pelas imobiliárias, que ele próprio implementou. Destacamos: produção de vídeos sobre os bairros da cidade, para quem quiser conhecer cada região e já encontrar imóveis nas redondezas; parcerias com lojas de móveis da sua região para os apartamentos decorados; melhorar sua sede, para envolver a sociedade com a sede da empresa; voucher de Uber para clientes de aluguel; disponibilização de hotel para pets no dia da mudança e até um jogo de tabuleiro para presentear os clientes. Além disso, reforçou a importância de ter um propósito claro e investir nos seus colaboradores. Tem um programa de incentivo a educação, um programa de meditação, clube do livro e programa de corridas.

People first

Renato Barbosa, da Amazon, contou mais sobre o modelo de negócios da empresa e sobre o uso de Inteligência Artificial. Na sua fala, apontou três pilares no funcionamento da Amazon: tecnologia, pessoas e cultura. “A tecnologia é nosso meio, não é nem o começo ou o fim. As pessoas são essenciais: a diversidade de pessoas, de formas de pensar, suas diferentes experiências são um grande diferencial. E a cultura de uma empresa deve estar em constante adaptação e transformação”. Sobre Inteligência Artificial: “a IA é o novo normal. Está na recomendação de filmes que você assiste, de delivery que você vai pedir, de rotas que você vai pegar”, afirmou, em seguida apresentando dados técnicos sobre a tecnologia. Pessoas como parte fundamental da estratégia de uma empresa: este poderia ser o resumo da mesa “o futuro do trabalho no setor imobiliário”.

Mediado por Elisa Tawil, fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário e colunista do Imobi Report, contou com a participação de Natasha Barrott, da GPTW, Erika Tabacniks, do LinkedIn, Jordana Albuquerque da HM Engenharia e Rubens Oseki, da BR House. Jordana e Rubens comentaram sobre suas novas práticas de RH e, em comum em suas falas, apontaram como as construções dessas práticas acontecem em colaboração com as respectivas equipes.

Erika trouxe o conceito de marca empregadora, ou seja, quanto a empresa é atraente para candidatos e colaboradores. E deu algumas dicas para se tornar uma marca empregadora: comece com a liderança, é essencial que a liderança da empresa tenha clareza quanto à cultura e aos valores da companhia; promova pesquisas, converse com seus colaboradores, candidatos e inclusive pessoas saindo; e coloque as ideias e insights que surgem nessas pesquisas em prática, tenha a mudança sempre presente para percorrer o caminho para onde sua empresa quer ir.

Mercado imobiliário e o futuro das cidades

Não tem tem como falar em mercado imobiliário sem relacionar com o urbanismo. Por isso, o painel “Empreendimentos no mundo pós-pandemia. O que muda nas estruturas dos imóveis e nos desejos dos consumidores” trouxe a arquiteta Myriam Tschiptschin (CTE) e o jornalista Raul Juste Lores (Veja SP) para debater sobre o assunto com os incorporadores André Czitrom (Magik JC) e Thiago Monteiro (Haut). Todos os quatros participantes concordaram que em vez de falar em tendências para o mercado imobiliário pós-pandemia, deve-se pensar em experiências no mercado imobiliário pós-pandemia.

Para Thiago e André, existem elementos muito mais importantes do que pensar meramente no tamanho das unidades, como apostar na arquitetura e no design para criar espaço agradáveis dentro dos imóveis e a interação e integração dos imóveis com a rua e o bairro onde estão localizados. Falando em bairro, Raul lembrou a importância de ocupar áreas e imóveis degradados nas grandes cidades em vez de apenas criar novos espaços. Por sua vez, Myriam ressaltou que, com a pandemia, há uma busca maior por espaços e ambientes mais saudáveis e o mercado imobiliário precisa contemplar essas novas demandas.