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Como funciona a multipropriedade, que promete crescer 28% em 2023

O ano de 2023 promete mais espaço para o mercado de multipropriedade avançar no Brasil. O formato está caindo no gosto de muitos investidores, principalmente por reunir praticidade e valores mais acessíveis na comparação com a compra convencional de imóveis.

Entre os principais argumentos de negócio, além dos valores reduzidos, estão a liquidez e a segurança do investimento imobiliário.

Isso ajuda a explicar a estimativa de crescimento de 28% para o mercado de multipropriedades no Brasil para 2023. Os dados são da pesquisa “Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil”, realizada pela Caio Calfat Real State Consulting, referência no segmento.

O levantamento confirma a tendência de alta. Segundo a pesquisa, houve crescimento de 21,8% no número de empreendimentos de multipropriedade entre os anos de 2021 e 2022 (passando de 128 para 156 projetos). No mesmo período, o VGV cresceu 45%, saltando de R$ 28,3 bilhões para R$ 41,1 bilhões. 

O que é o sistema de multipropriedade?

A multipropriedade é um modelo de negócio que envolve o compartilhamento de um imóvel entre diferentes donos. De maneira geral, são imóveis voltados para segunda moradia e uso durante os períodos de férias, variando de casas até quartos em resorts. 

Os donos podem comprar uma parte da residência e ter o direito de utilizá-la em algumas datas durante o ano, proporcionais ao valor pago para adquirir a fração.

Como cada dono compra uma fração do imóvel, o custo de aquisição é mais baixo do que comprar uma residência sozinho. Além de dividir as datas, os donos também dividem os custos fixos, como manutenção e condomínio. A divisão das datas, limpeza do imóvel e demais burocracias ficam a cargo de uma administradora.

O formato de multipropriedade ganhou tração no Brasil entre clientes de luxo, com a decolagem ocorrendo a partir do declínio da pandemia. Porém, a liquidez das frações torna o negócio flexível, ganhando espaço entre outros perfis de cliente. Há empreendimentos com frações de preços mais baixos, com cotas de R$ 50 mil para garantir direito a curtir duas semanas por ano em destinos paradisíacos.

E o que é timeshare imobiliário? 

Comumente confundido com o sistema de multipropriedade, o timeshare é mais similar a uma hospedagem: uma contratação de uso pontual que pode ser feita pelo cliente. Em geral, o contratante conta com serviços hoteleiros e reserva online, por exemplo.

“O timeshare é baseado no modelo de economia colaborativa, com adesão por contratos de Direito de Uso no destino desejado”, diz Clóvis Meloque, sócio da startup SmartSharing, dedicada a aluguéis de temporada e compartilhamento de imóveis.

A multipropriedade é um bom investimento?

O crescimento do setor aponta que a multipropriedade é, sim, um bom negócio. Para o cliente, foco na experiência e na praticidade, além de segurança jurídica.

“O sistema multipropriedade tem adesão segura e formalizada por meio de escritura devidamente registrada, com domínio sobre o bem em datas pré-determinadas ao decorrer do ano, dividindo os custos do imóvel”, esclarece Meloque.

Para as incorporadoras e corretores de imóveis, a multipropriedade desponta como uma alternativa de negócio muito consistente. Ela é atrativa para clientes de perfil investidor e também aqueles que desejam uma segunda moradia, sem a necessidade de investir na compra integral de um imóvel e bancar todo o custeio mensal sozinho. 

O investimento menor também garante liquidez. Caso o comprador queira vender futuramente as frações adquiridas, a negociação é facilitada, já que o valor envolvido é menor que o de um imóvel inteiro. Também é possível negociar a venda de frações com os demais proprietários do imóvel, que podem ter interesse em garantir mais datas de uso.

Residências em resorts também vêm ajudando a impulsionar as multipropriedades no Brasil. Segundo estudo da Resorts Brasil, de outubro de 2022, o país soma 133 resorts, com um total de 31.361 quartos, e previsão de entrega de pelo menos mais 1.237 quartos até 2024.

“Além do turismo, os resorts estão se tornando um investimento para os compradores. O Gran Paradiso, por exemplo, trabalha com o modelo de multipropriedade, ou seja, é vantagem para o comprador e também para quem for utilizar”, aponta Luciano Dutra, sócio do Gran Paradiso Resort, empreendimento localizado em Campos do Jordão (SP).

As vantagens e desvantagens da multipropriedade

Como funciona a multipropriedade na prática? Como já explicamos, uma das grandes vantagens é a economia, uma vez que o comprador pode usufruir um imóvel de férias sem precisar fazer a compra inteira e ainda divide com os demais proprietários os custos de manutenção e condomínio, entre outros.

Também chamam atenção a flexibilidade de uso, já que, dependendo da política da administradora do imóvel, o período para utilização do imóvel durante o ano pode ser negociado.

Ainda existe a possibilidade de o proprietário “vender” seus dias de direito de uso, inclusive através de plataformas internacionais. Por meio deste sistema, pode-se criar conexão com proprietários de frações de outros destinos do mundo e trocar datas e localizações para curtir os dias de descanso.

Algumas companhias também planejam ampliar sua própria rede de imóveis de férias, atraindo proprietários com intenção de curtir destinos variados. “Temos o plano de lançar mais empreendimentos, formando uma rede em que o cliente possa aproveitar seus dias de direito de uso em outros locais”, afirma Christian Ferreira, gerente comercial da Allimulti, braço de multipropriedades da Alliance, incorporadora nordestina focada no alto padrão.

Por outro lado, pode ser citada como desvantagem a necessidade de dividir datas com os demais proprietários do imóvel, dificultando viagens de última hora e sem maior planejamento. Da mesma maneira, reformas e personalizações do imóvel não podem ser realizadas em decisão unilateral.