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Clientes sentem alta no preço dos imóveis, mas vendas batem recorde

O consumidor brasileiro tem a percepção de que o preço dos imóveis estão altos. É uma visão, porém, que tem maior relação com a queda da renda média do brasileiro do que com o aumento no valor das vendas imobiliárias, já que, na realidade, o ritmo de vendas de imóveis segue aquecido. Em 2022, a comercialização de unidades novas registrou recorde, confirmando que o mercado manteve o giro.

Uma pesquisa do FipeZap aponta que, para 75% dos entrevistados, o preço dos imóveis estavam “altos” ou “muito altos” no quatro trimestre de 2022. Este é o maior índice para o período desde 2015.

Porém, ao mesmo tempo, a venda de imóveis novos manteve bom ritmo. O crescimento na assinatura de contratos foi de 12,2% de janeiro a novembro do ano passado, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (13) pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, Abrainc, em parceria com a Fipe.

Foram 146 mil novos imóveis em 11 meses, números que já superam o resultado total de 2021 em 1,9%, recorde para a série histórica da pesquisa.

Queda da renda é ponto de atenção para a argumentação de venda

A redução da renda do brasileiro é a grande responsável pela percepção de alta nos preços. E isso não acontece apenas com imóveis: a alta também é sentida nos demais segmentos, da cesta básica aos automóveis, por exemplo. 

Isso porque a inflação, medida pelo IPCA, encerrou 2022 em 5,79%. Enquanto isso, os imóveis tiveram alta de 6,12% no mesmo período, segundo o FipeZap. São números muito próximos, porém, ao lidar com as demais contas do dia a dia, é natural que o consumidor sinta certa redução no poder de compra. 

Aí que está o ponto a ser explorado na negociação de imóveis. A objeção do consumidor sobre a alta dos imóveis certamente será colocada na mesa. Cabe ao profissional de vendas deixar claro que a inflação está presente nos demais segmentos da economia, sendo o imóvel um investimento seguro justamente para a proteção do patrimônio a longo prazo.

Segundo a Pnad Contínua, do IBGE, o rendimento do trabalhador brasileiro sofreu achatamento ao longo do ano passado. No segundo trimestre, por exemplo, a renda média recuou 5,1% frente a igual período de 2021. Houve ligeira recuperação somente no terceiro trimestre, com avanço de 2,5% frente a igual período de 2021. 

Sabe-se que a queda no poder de compra impacta diretamente na percepção do consumidor, especialmente para aquisições mais custosas. Porém, no que se refere ao imobiliário, ao que parece a população vem priorizando os esforços na aquisição da casa própria, mesmo com a sensação de alta nos imóveis.

Para 3 a cada 4 consumidores, preço dos imóveis estão elevados

Segundo dados do FipeZap, 3 a cada 4 consumidores entrevistados consideram que o preço dos imóveis estão “altos” ou “muito altos”. Por outro lado, o público acredita que os valores podem apresentar redução até o final do ano.

O índice de pessoas que classificam os preços como “razoáveis” teve queda de 19% para 15% entre o terceiro e o quatro trimestre de 2022. Já a avaliação de que os preços estão “baixos” ou “muito baixos” também variou negativamente, caindo de 4% para 3%. Ao mesmo tempo, 7% dos entrevistados não souberam opinar.

A perspectiva para os próximos meses, por outro lado, aponta que os consumidores frearam a expectativa de alta. O percentual de entrevistados que projetam alta no preço dos imóveis nos próximos 12 meses caiu de 41% para 33%. Os que acreditam na queda de preços subiu de 12% para 14%, enquanto os que projetam a manutenção dos preços variou de 27% para 26%. 

Foram entrevistadas 801 pessoas, no período de 10 a 31 de janeiro de 2023. O levantamento é realizado de forma trimestral, com compradores (pessoas que compraram imóveis nos últimos 12 meses), compradores em potencial (quem pretende comprar nos próximos três meses) e donos (proprietários de imóveis adquiridos há mais de 12 meses).

Apesar da alta de preços, vendas de imóveis novos crescem 12,2%

De janeiro a novembro do ano passado, mais de 146 mil novos imóveis foram vendidos em todo o Brasil. Segundo a Abrainc, o número representa crescimento de 12,2%.

Mesmo ainda restando a apuração dos números de dezembro, o resultado já estabeleceu novo recorde anual da série histórica dos indicadores Abrainc-Fipe, pois supera em 1,9% os números de 2021, quando foram vendidas 143.576 unidades.

Os números já apurados de 2022 mostram que 67,7% das unidades novas comercializadas, total de 99.244 residências, são do programa Casa Verde e Amarela (que voltará a se chamar Minha Casa Minha Vida). O segmento de Médio e Alto Padrão correspondeu a 29,8% do total, com 43.636 vendas.

O presidente da Abrainc, Luiz França, avalia que o setor deve continuar com um bom desempenho. “O Brasil tem uma pirâmide etária ainda jovem se comparado a outros países, o que implica em uma alta taxa de formação de famílias nos próximos anos, cerca de 1,1 milhão por ano, e tudo isso reflete em uma forte demanda ao setor. Esperamos, inclusive, que o retorno do programa Minha Casa Minha Vida amplie o acesso à moradia às famílias mais carentes, contribuindo no combate ao déficit habitacional e na inclusão social para a população de menor renda”.

A pesquisa da Abrainc-Fipe também mostra uma baixa relação entre distratos e vendas de unidades. Nos 11 meses pesquisados em 2022, essa relação atingiu o menor patamar da série histórica e foi de 9,3%, o que representou uma queda de 2,1 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2021.